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F-1, onde os grandalhões não têm vez

Por Agencia Estado
Atualização:

O que há de antagônico entre um parque de diversões e um autódromo de Fórmula 1? Pode parecer brincadeira, como as muitas oferecidas no parque e, às vezes, até pelos dirigentes da F-1, mas as duas têm, dependendo da atração do parque e da equipe de F-1, preferências exatamente opostas pelos cidadãos que as procuram. Melhor explicando: enquanto para alguns brinquedos exige-se dos interessados altura mínima para poder sentir as suas emoções (1,30 m), na F-1, se o pretendente a piloto medir mais de 1,80 m, não adianta insistir. A F-1 é dos baixinhos. Seria influência do "dono?? do espetáculo, comumente chamado de circo, Bernie Ecclestone, de 1,68 m de altura? "Foi uma pena, porque ele é muito, muito bom??, disse Ian Phillip na Malásia, segundo homem na hierarquia da Jordan, referindo-se a Justin Wilson, jovem piloto inglês, campeão da Fórmula 3.000 no ano passado. "Nós o queríamos na equipe, mas, diante da necessidade de ter de fazer o carro 6 polegadas (cerca de 15 centímetros) maior, não pudemos assinar com ele.?? Wilson tem 1,92 m de altura. Também em Sepang, o suíço Peter Sauber explicou a razão de Jos Verstappen não poder ser seu piloto reserva e de testes. "Nossos pilotos são baixos, Verstappen não cabe no carro.?? O holandês tem 1,80 m. Assim como na entrada de alguns brinquedos do parque há uma régua vertical para selecionar as crianças que podem ou não se divertir, na porta dos boxes há igualmente uma linha imaginária. Se o piloto encosta a cabeça nela, transforma-se numa figura "non grata?? na F-1. "O regulamento impõe uma medida mínima interna para o monocoque, entre as suas extremidades, dianteira e traseira, que é de 1.800 milímetros (1,80 m)??, explica Gustav Brunner, diretor-técnico da Toyota. Essa distância é a que separa o início do monocoque, na área dos pedais, até a porção traseira, nas costas do piloto, onde está o tanque. Não quer dizer que seja suficiente para um piloto de 1,80 m, porque, nesse espaço, os técnicos têm de "encaixar?? outros componentes, como a pedaleira. Os projetistas são os que mais condenam a presença de pilotos altos na F-1. "É melhor eles jogarem basquete??, afirma, sem reservas, Brunner. "O maior problema que eles nos causam é na aerodinâmica??, explica o engenheiro. "Nós não podemos fazer com que esses pilotos fiquem deitados. Nesse caso, o carro seria longo demais, o que interfere negativamente na performance??, diz. "Por outro lado, se o colocamos numa posição mais sentada, acabam por atrapalhar o fluxo de ar, elemento importante do desempenho de todo o conjunto.?? Brunner destaca, ainda, o peso elevado dos pilotos altos como outra desvantagem. Giorgio Ascanelli, ex-engenheiro de pista de Ayrton Senna, na McLaren, e Nelson Piquet, na Benetton, tem um ponto de vista semelhante ao de Brunner: "As corridas de cavalo selecionam homens baixos; o basquete e o vôlei, os altos. Qual o mal de cada esporte ter o seu biótipo mais indicado??? O austríaco Gerhard Berger, ex-piloto, de 1,82 m, hoje diretor-esportivo da BMW, vê toda essa história de forma distinta. "Problema tinha eu na minha época, dirigia com os joelhos batendo no volante. Hoje há dimensões mínimas para o monocoque.?? Para Berger, Wilson e Verstappen não foram contratados por outras razões. A altura não passa de desculpa, segundo ele. "Se o Justin Wilson fosse um segundo mais rápido que o Montoya, garanto que haveria lugar para ele na nossa equipe.??

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