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F-1: sistema de grid terá de atender tevês

Por Agencia Estado
Atualização:

A classificação para o grid do GP da Malásia, na madrugada deste sábado, demorou duas horas e cinco minutos. Sua extensão está inviabilizando a transmissão das sessões de classificação pelas emissoras de TV, no fundo, as maiores responsáveis pelos milhões de dólares que a Fórmula 1 movimenta. Resultado: o atual formato vai mudar. Os chefes de equipe concordam: "Temos de atender às TVs, é a maneira de nós faturarmos nesse esporte", afirma Frank Williams. O sistema adotado até 2002 dava a cada piloto quatro tentativas de estabelecer seu tempo, durante uma hora, das 13 às 14 horas, aos sábados. Como havia vários carros na pista, em geral, os times pequenos quase não apareciam na TV. Com isso, ficava ainda mais difícil convencer um patrocinador a investir nelas. A volta lançada individual, experimentada ano passado, resolveu o problema. Mas nesta temporada quiseram o que seria aperfeiçoar o modelo e o resultado foi oposto. "Todos reagiram contra imediatamente, não precisamos esperar três corridas para rever esse sistema que mostrou-se equivocado", diz Ron Dennis, da McLaren. A FIA distribuiu um comunicado, sexta-feira em Sepang, anunciando que se todos os chefes de equipe concordarem, já no GP de Bahrein, dia 4, a classificação, sábado, seria dividida em duas sessões. A pré-classificação começaria às 13 horas, não mais às 14, e a classificação, a partir das 14 horas. A proposta é das emissoras de TV para mexer pouco no que está em uso. Dessa forma, elas passariam a transmitir apenas a segunda hora, a partir das 14 horas, e não mais as duas, reduzindo assim a cerca de uma hora a sua programação em relação ao ocorrido na Austrália e na Malásia. Niki Lauda, três vezes campeão do mundo, hoje comentarista da TV alemã, opina: "Você sabe quem foi o mais veloz? Eu não. E nós vivemos este mundo. Imagine quem está em casa." O ex-piloto austríaco defende que tudo fique mais claro: "O público tem de saber que se o piloto ficou em primeiro é porque ele e seu carro foram os mais velozes. Hoje não sabemos mais. Tinha gasolina, não tinha, tudo confuso, o que é péssimo para o esporte." Sua proposta é simples: "Uma hora livre para cada piloto mostrar o que pode, como antes. E nada de classificar com a gasolina da corrida." Duas sessões é muito para Jackie Stewart, campeão do mundo em 1969, 1971 e 1973. "Não está agradando ninguém, pilotos, equipes, emissoras de TV. Então temos de mudar. O sistema do ano passado é uma opção e tem de ocorrer logo." O suíço Peter Sauber, sócio da Sauber, concorda que algo deve ser feito: "Mas é preciso que estudemos bem porque se alterarmos tudo e não funcionar, uma nova modificação seria desmoralizante." Flávio Briatore tem uma sugestão objetiva: "Isso que está aí é horrível e não atende a nenhum interesse. Por que não retornarmos ao modelo do ano passado?" diz. "De uma forma ou de outra ele não criou tanta polêmica e garantiu aos times em ascensão o espaço que necessitavam." A análise do diretor-esportivo da Ferrari, Jean Todt, traduz uma grande verdade: "Em primeiro lugar, mexeram no que existia porque achavam que o domínio da Ferrari era prejudicial à Fórmula 1. Ao introduzir o sistema de uma volta lançada a disputa se tornaria menos previsível." Todt prossegue: "Agora estão descontentes de novo. Então vamos voltar ao modelo antigo, de 2002, o meu preferido, uma hora de treino e 12 voltas para cada piloto." O tema é de grande importância para a Fórmula 1 porque, em muitos circuitos, a classificação para o grid tem enorme responsabilidade no resultado final da corrida. E é o que cada equipe consegue nas corridas que define sua condição na Fórmula 1, de pequeno, médio porte ou time que luta pelas vitórias e títulos. Claro que isso também condiciona o tamanho dos investimentos de patrocínio.

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