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Ferrari tenta explicar o inexplicável

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Por Agencia Estado
Atualização:

O assessor de imprensa da Ferrari, Luca Colajanni, afirmou à imprensa neste domingo, para explicar o que se passou com Rubens Barrichello: "Tivemos uma avaria no sistema de alimentação de gasolina, que causou um consumo acima do esperado. Dessa forma, Rubens ficou sem combustível." É isso mesmo: a equipe campeã nos números e em todos os parâmetros de performance da Fórmula 1, modelo para as demais hoje, jogou fora uma vitória que parecia certa. "Tínhamos grande chance de fazer uma dobradinha", disse o diretor esportivo da Ferrari, Jean Todt, demonstrando não estar gostando nada da atual situação da equipe. Ferrari, "dove sei" ou onde está você? Quem poderia imaginar que depois do GP do Brasil a escuderia que monopolizou os três últimos campeonatos estaria na quarta colocação entre os construtores, 25 pontos atrás da McLaren, a líder do Mundial, com 41? Mais: ao contrário das temporadas anteriores, em que estabeleceu recordes impressionantes, está quebrando séries incríveis de excelentes resultados. Desde o GP da Europa de 1999 a Ferrari não marcava pontos com ao menos um de seus pilotos. Outra: desde o GP da Bélgica de 1998 os seus dois pilotos não abandonavam conjuntamente. "Espero que já em Ímola, diante da nossa torcida, (próxima etapa, dia 20) essa série de resultados difíceis para nós se acabe", falou neste domingo Jean Todt, diretor-esportivo. Os números sugerem, para quem está de fora, que a Ferrari atravessa uma crise. Afinal, depois de arrasar seus adversários em 2002, agora está andando só atrás deles. A própria classificação dos mundiais de pilotos e de construtores colabora para passar essa idéia. Mas Barrichello tem mesmo razão: "Fomos muito competitivos nas três etapas que disputamos. Não há crise alguma." A análise das provas de Melbourne, Sepang e São Paulo apontam que o time italiano e seus pilotos não estão numa situação mais avançada nos dois campeonatos porque cometeram erros. Com todo a evolução do conjunto McLaren, Mercedes e Michelin, seu maior concorrente hoje, a Ferrari ainda tem o carro mais eficiente da Fórmula 1, mesmo tratando-se de um modelo de 2002. E os erros cometidos pelos pilotos da Ferrari e da própria equipe têm relação direta com a adoção das novas regras, que permitiram, de uma forma ou de outra, que os adversários passassem a andar na sua frente. Max Mosley, presidente da FIA, deve ter comemorado até altas horas o êxito de seu projeto. Se o objetivo de Max Mosley, presidente da FIA, era tirar força da Ferrari com a introdução das novas regras, seu plano excedeu a perfeição. Mosley deve estar, a esta altura, comemorando com pessoas próximas o êxito de seu projeto. Não existe a menor dúvida de que o novo regulamento tem responsabilidade direta com o que está acontecendo com o time de Maranello. A expressão de Jean Todt, neste domingo, era de profunda reflexão. Talvez só agora tenha compreendido a extensão dos danos causados pelas novas regras a sua organização. O discurso é o mesmo: a lógica perdeu muito da sua força na Fórmula 1. E a lógica é o melhor carro e o melhor piloto vencerem. "Nós tínhamos os dois carros mais rápidos e estamos deixando o Brasil sem nada nas mãos. É frustrante." Ainda não há nada decidido. Mas as chances de apenas Michael Schumacher estrear o novo modelo da equipe, F-2003-GA, na corrida de Ímola, são boas. A Rubens Barrichello caberia a função de levar o F2002 até o fim da corrida a fim de ajudar a equipe melhor sua colocação no campeonato de construtores. Dessa forma, o piloto mais eficiente de todo o fim de semana em Interlagos, Barrichello, superior a Michael Schumacher, seria preterido novamente na escuderia. Nos próximos dias Jean Todt e Ross Brawn, diretor-técnico, definirão o que fazer.

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