GP da Malásia: todos contra a Ferrari

Mais do que vencer provas, interesses milionários das equipes Williams e McLaren entram na pista nesta quinta-feira à meia-noite contra um único adversário.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Quando os carros entrarem na pista nesta quinta-feira, à meia noite (horário de Brasília), para o primeiro treino livre da segunda etapa do Mundial, o que estará em jogo é muito mais que a torcida dos fãs da Fórmula 1 por maior resistência da Williams e McLaren às vitórias da Ferrari. Está em questão também os interesses milionários das montadoras que investem na competição, que não podem ver suas marcas expostas a derrotas seguidas para um único adversário. Não faz sentido BMW, Mercedes, Renault, Ford, Honda e Toyota deslocarem não menos de US$ 100 milhões por ano aos seus programas de F-1 e como resultado obterem o desgaste da sua imagem. É grande a animação dos pilotos da Williams e da McLaren para que já nas suas sessões livres desta quinta, no circuito de Sepang, no mínimo as diferenças impostas por Michael Schumacher e a Ferrari sejam bem menores que na etapa de abertura do campeonato, na Austrália. Nesta quarta-feira, Ralf Schumacher, como fizera o companheiro de Williams na véspera, Juan Pablo Montoya, afirmou que é um erro projetar o Mundial a partir do ocorrido em Melbourne. "Em primeiro lugar, espero passar pela primeira curva", ironizou o alemão, referindo-se ao acidente com Rubens Barrichello, na última largada. "Os testes com os novos pneus Michelin foram animadores. Vou torcer muito para este forte calor se estender até domingo." Ele acredita num fim de semana diferente do experimentado na Austrália, em que a Ferrari, mesmo com o carro do ano passado, esteve sempre a frente em todos os treinos e durante a corrida. "Eles contaram com uma série de condições favoráveis, como a temperatura baixa e o maior conhecimento do carro", explicou o piloto da Williams. O ex-piloto, três vezes campeão do mundo e hoje dirigente da Jaguar, Niki Lauda, vê a situação de forma semelhante: "Ainda acredito numa vantagem da Ferrari, mas muito menor do que em Melbourne." Para o diretor-técnico do time de Maranello, Ross Brawn, a escolha dos pneus será decisiva em Sepang. "Hoje nosso carro terá, como de hábito, volume elevado de gasolina para compreendermos qual o desgaste dos pneus sob esse calor." A baixa temperatura nos três dias de competição na Austrália, média de 16 graus, deu à Ferrari a chance de usar os pneus moles da Bridgestone que, além de rápidos, eram bem resistentes. Imbatível - A Ferrari conseguiu completar as 58 voltas da corrida com apenas um pit stop. Nas temperaturas sempre superiores a 30 graus na Malásia, a maioria deve optar pelos pneus mais duros, menos sujeitos ao desgaste súbito, mas menos velozes também. A grande vantagem dos pneus, portanto, a Ferrari não terá em Sepang, ao que tudo indica. Mas seu retrospecto na prova é impressionante: nas três edições do evento, 1999, 2000 e 2001, a escuderia italiana conquistou as três pole position, sempre com Schumacher, e venceu todas também, sendo duas vezes por dobradinha. A presença de uma equipe na F-1 patrocinada pelo próprio governo malaio, KL (Kuala Lumpur) Minardi, e a primeira apresentação de um piloto do País para a torcida, Alex Yoong, da própria Minardi, fizeram crescer significativamente o interesse pela corrida. "Já comercializamos 52% dos 100 mil ingressos colocados à venda e imagino chegar próximo da lotação do autódromo", disse nesta quarta-feira Ahmad Mustafa, principal administrador do circuito. Ano passado o evento teve pouco público, por causa dos preços elevados das entradas e da proximidade com a edição de 2000, no fim do campeonato. As mais baratas para os três dias custam agora US$ 51, enquanto as mais caras, US$ 467. Rubens Barrichello, da Ferrari, chegou na quarta-feira cedo a Sepang, proveniente de São Paulo, enquanto Felipe Massa, Sauber, passou a semana na praia de Kuantan, na Malásia, e Enrique Bernoldi, Arrows, viajou para Bali. Ano passado, a forte chuva que começou a cair logo depois da largada acabou com a corrida de cinco pilotos.

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