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Gugelmin luta para superar trauma

O piloto, ainda sob o impacto da morte do filho Giuliano, de 6 anos, tenta aos poucos superar o sofrimento que abateu toda a sua família na madrugada do dia 3 maio.

Por Agencia Estado
Atualização:

O piloto Maurício Gugelmin, ainda sob o impacto da morte do filho Giuliano, de 6 anos, tenta aos poucos superar o sofrimento que abateu toda a sua família na madrugada do dia 3 maio. Na véspera dos treinos para o GP de Nazareth de Fórmula Indy, Gugelmin acompanhou a luta, em vão, de uma junta médica de Miami para salvar o pequeno Giuliano, vítima de complicações respiratórias. Com o organismo debilitado, devido a várias disfunções e problemas múltiplos, o menino morreu horas antes do vôo que levaria Gugelmin e Tony Kanaan, piloto da Mo Nunn, para Nazareth. "Perder um filho é uma dor imensa para qualquer pai; o natural é o inverso", sintetizou. Minutos depois da notícia, Bruno McCaw, diretor da PacWest, equipe de Gugelmin, retiraria a inscrição do carro do piloto da prova de Nazareth, nos Estados Unidos: queria desobrigá-lo a fazer uma viagem intranqüila e, no seu modo de ver, sem nenhum sentido. O piloto brasileiro, embora atingido por uma dor surda, de extrema violência, não concordou. Atribuiu a um desígnio divino a morte do filho, cujos problemas no parto pontuariam a vida breve, quase totalmente artificial. A anomalia permanente só não impedia o ligeiro sorriso esboçado na presença do pai e da mãe, Stella. "Ele conviveu conosco por seis anos, havia amor." As circunstâncias levaram Gugelmin a refletir sobre a atual fase de sua vida. No final de abril, num treino para o GP do Texas, que acabaria cancelado, sofrera grave acidente e, por muita sorte, praticamente não se machucou. Já no GP de Motegi, obteve a última posição no grid de largada. Enquanto os fatos se sucedem, Gugelmin busca palavras que possam atenuar o desgaste emocional. "O Giuliano foi para uma melhor, não tenho dúvidas", disse. Entre as viagens para os treinos e o clima de tristeza em casa, Gugelmin procurou conversar com o outro filho, Bernardo, gêmeo de Giuliano, a quem nunca escondeu a verdade sobre o irmão. "A gente sabia da situação crítica, tenho uma cabeça muito forte e isso não vai afetar meu trabalho." Para Alceu Gugelmin, irmão do piloto e responsável por seus negócios na Indy, a fase de readaptação à nova realidade será difícil. "Tudo vai ser alterado; a casa dele, por exemplo, nunca ficava fechada, sempre tinha alguém tomando conta do Giuliano." Alceu reforça a idéia de que o menino, embora demonstrasse pouca lucidez, transmitia alegria ao reagir a estímulos com sorrisos. Ele torce para que Gugelmin supere logo o trauma e volte a se destacar na Indy, como ocorreu na temporada de 1997, em que venceu o GP de Vancouver e obteve três poles positions.

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