Mesmo antes de começar, a temporada 2018 de Fórmula 1 já está na história. O ano traz como atração a inédita disputa direta na pista entre dois contemporâneos que dominaram a categoria, andando sempre na frente. O alemão Sebastian Vettel, da Ferrari, e o inglês Lewis Hamilton, da Mercedes, são os dois primeiros tetracampeões a duelarem em um mesmo campeonato em busca do quinto título. Não é pouco
Vettel tenta conseguir a primeira conquista pela Ferrari e retomar o domínio vivido pela Red Bull entre 2010 e 2013, quando obteve os quatro títulos consecutivos. A supremacia foi tomada justamente pela Mercedes, de Hamilton. A escuderia alemã ganhou todos os campeonatos desde então, com três deles trazidos pelo inglês, que chegou no fim do ano passado ao tetracampeonato e igualou o rival.
Volta em 360º com a Mercedes
Para superar Prost
Mais do que derrotar o adversário, a temporada 2018 tem como atrativo marcar o nome na história. Vettel e Hamilton aparecem no rol de campeões da Fórmula 1 com quatro conquistas, mesmo número do lendário francês Alain Prost. Ao fim da temporada, um deles provavelmente chegará ao penta e se igualará à lenda argentina Juan Manuel Fangio.
Porém, a lista de candidatos ao título de 2018 não fica restrita aos dois. Terceiro colocado em 2017, o finlandês Valtteri Bottas começa a ganhar experiência e a evoluir na Mercedes, assim como o compatriota Kimi Raikkonen (o mais veterano do grid) pretende entrar na disputa. Além deles, os jovens talentos da Red Bull, Daniel Ricciardo e Max Verstappen, costumam aparecer como postulantes às vitórias nos GPs.
Hamilton e Vettel têm pontos em comum na trajetória. Os dois estrearam na Fórmula 1 em 2007 e têm o ano seguinte como um dos mais especiais da carreira. O inglês se tornou campeão pela primeira vez em 2008, mesma temporada em que o alemão conseguiu a primeira vitória na categoria.
Entrevista exclusiva de Hamilton ao 'Estado"
Halo: a peça que muda o visual dos carros
Os fãs de Fórmula 1 vão estranhar uma novidade nos carros nesta temporada. O halo passou a ser de uso obrigatório para todas as equipes e impactou o visual dos bólidos.A peça é fixada ao cockpit para proteger a cabeça de pilotos contra o impacto de possíveis objetos, como o ocorrido em 2009, quando uma mola do carro da frente acertou a cabeça de Felipe Massa nos treinos para o GP da Hungria.
Vídeo: a visão do piloto com o halo
No entanto, o processo de adaptação e desenvolvimento do halo não foi simples. As equipes precisaram fazer testes para desenvolver a peça, assim como cuidar da parte aerodinâmica para que a nova engenhoca não comprometesse o rendimento do carro. O acessório é feito de titânio, pesa cerca de 14 quilos e suporta aproximadamente 12 toneladas.
Além disso, outras mudanças de regulamento marcam a temporada. O principal desafio será a diminuição do limite de motores ao longo de todo ano, de quatro para três. Isso vai forçar os pilotos a administrarem o desgaste das unidades, mas invariavelmente alguém vai acabar por usar além do máximo permitido e, com isso, perder posições no grid.
O design dos carros ganha outra alteração além do halo. A organização da Fórmula 1 mudou o texto do regulamento e provocou uma mexida discreta no design dos aerofólios traseiros. "Temos um pouco de mudanças aerodinâmicas neste ano. Os mais fanáticos verão rapidamente as diferenças, a principal delas são as barbatanas na parte traseira, assim como o halo", disse o piloto australiano Daniel Ricciardo, da Red Bull.
Brasil estará ausente da Fórmula 1
Pela primeira vez desde 1969 o Brasil não terá representantes no grid da Fórmula 1. A dinastia nacional primeiramente iniciou com Chico Landi, em 1951, mas se fixou de vez apenas em 1970, quando Emerson Fittipaldi estreou e, a partir de então, pelo menos um brasileiro se manteve na categoria.
A interrupção veio ao fim de 2017. Felipe Massa encerrou a participação na categoria e agora se dedica a projetos pessoais, como dirigente na Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e participação em outras categorias. A despedida dele se soma a um quadro da diminuição da revelação de talentos e resulta na interrupção da participação nacional na categoria.
Entrevista exclusiva de Felipe Massa ao 'Estado"
O País que já chegou a ter cinco pilotos em uma mesma temporada agora terá de aguardar para voltar a ter representantes brasileiros. Entre os que despontam como candidatos a encerrar essa espera, os favoritos são Sérgio Sette Camara, que disputa a Fórmula 2, e Pietro Fittipaldi, campeão ano passado da World Series.
Os carros da temporada 2018
O grid continua com a mesma quantidade de equipes: dez. As principais novidades para 2018 foram as novas parcerias. A Sauber agora utiliza o nome da Alfa Romeo, uma das companhias da Ferrari, e trocou a cor azul pela branca. Já a McLaren, após anos de resultados ruins, trocou os motores da Honda pela Renault.
Os pilotos da temporada 2018
As principais equipes mantiveram as duplas para a temporada. Uma das principais mudanças foi na Williams, com a saída de Felipe Massa e a estreia do russo Sergey Sirotkin. A Sauber também realizou uma troca, ao tirar o alemão Pascal Wehrlein e apostar no monegasco Charles Leclerc.
Calendário da temporada
O campeonato não tem mais o GP da Malásia, mas passa a incluir o GP da França. A agenda tem como alteração a transferência da corrida na Rússia de abril para setembro, para preencher um espaço vago naquele mês. O Brasil continua como a penúltima etapa e Abu Dabi encerra a temporada.
Cinco curiosidades da temporada 2018
1. Ofim das grid girls
A temporada 2018 não terá a tradicional presença das grid girls, aquelas mulheres que faziam os desfiles no grid antes das provas e acompanham a movimentação dos pilotos. A organização da categoria vai investir em crianças para a função e justificou que a presença feminina é "questionável com as normas sociais modernas". A novidade gerou polêmica. Por um lado, grupos feministas aprovaram a medida, porém modelos que faziam o trabalho reclamaram da perda de espaço.
"É ridículo que as mulheres que dizem estar 'lutando pelos direitos das mulheres' estejam dizendo o que se pode ou não fazer, nos impedindo de realizar um trabalho que amamos e temos orgulho de fazer", reclamou no Twitter a britânica Rebecca Cooper, que foi grid girl cinco vezes na F-1.
2. Presença brasileira na McLaren
O Brasil terá uma singela participação na Fórmula em 2018 graças à Petrobrás. A companhia petrolífera assinou com a McLaren uma parceria técnica para desenvolver combustível, lubrificantes e analisar a expansão de negócios para segmentos estratégicos de inteligência artificial e dados. Para o próximo ano, a empresa brasileira vai passar a fornecer combustível para a equipe inglesa.
Em contrapartida, a McLaren já traz no carro desta temporada a marca de uma linha de lubrificantes desenvolvido pela Petrobrás, que passará a ter neste ano um laboratório nos boxes da equipe.
3. Novas gamas de pneus
A Pirelli, fornecedora de pneus da Fórmula 1, lançou dois novos compostos para pista seca. Os pneus superduro (faixa laranja) e hipermacio (faixa rosa) ampliam a variedade para nove, incluindo as duas versões à disposição para chuva.
4.A França voltou
A França está de volta ao calendário da Fórmula 1 pela primeira vez desde 2008. Após realizar nas últimas edições provas em Magny-Cours, a categoria retorna ao histórico circuito de Paul Ricard, em Le Castellet, no sul do país, onde uma corrida de F-1 foi realizada pela última vez em 1990. Em comparação àquela época, o traçado está bem diferente. A pista atual aproveitou trechos do desenho anterior, mas está mais extensa e desafiadora, com freadas fortes e chicanes. Nos últimos anos o autódromo recebeu outras categorias, como competições de motociclismo e de carros de turismo.
5. Tradição finalmente representada
A mais tradicional prova do calendário terá, depois de muito tempo, um piloto local. Com Charles Leclerc na Sauber, Mônaco volta a ter um representante no grid após a passagem de Olivier Beretta pela categoria em 1994. O principado terá, portanto, o quarto piloto da história a disputar corridas na Fórmula 1.
Leclerc foi campeão no último ano da Fórmula 2, principal categoria de acesso à Fórmula 1. O piloto de 20 anos passou pela Academia Ferrari e, assim como o russo Sergey Sirotkin, é um dos estreantes na categoria.