Helinho é bicampeão em Indianápolis

Helinho repetiu a façanha do ano passado, chegando à frente do canadiense Paul Tracy com uma vantagem de 0s0376. Felipe Giaffone chegou em 3º.

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma bandeira amarela e muita reza colocaram o brasileiro Hélio Castro Neves na história das 500 Milhas de Indianápolis. Ele se tornou o quinto piloto a ganhar a corrida, realizada desde 1911, por duas vezes seguidas, ao vencer neste domingo a 86ª edição da mais tradicional prova do automobilismo mundial. "Nem sei o que pensar. É maravilhoso?, disse o "homem-aranha?, que receberá um prêmio de cerca de US$ 1,3 milhão. O canadense Paul Tracy foi o segundo colocado e outro brasileiro, Felipe Giaffone, chegou em terceiro. Antes dele, só Wilbur Shaw (1939/40), Mauri Rose (1947/48), Bill Vukovich (1953/54) e Al Unser (1970/71) haviam vencido a prova por duas vezes consecutivas. Outro brasileiro, Emerson Fittipaldi, também ganhou as 500 Milhas em duas ocasiões, mas em anos espaçados, 1989 e 1993. Helinho tem mesmo de agradecer aos céus a bandeira amarela a duas voltas do final de uma corrida que teve 200, por conta de uma batida entre o francês Laurent Rendon e o norte-americano Bubby Lazier. Do contrário, não teria vencido. Isso porque Tracy e Giaffone estavam mais rápidos que ele na pista, porque não precisavam economizar metanol. Ambos haviam feito um splash and go no giro 176, enquanto Castro Neves fizeram seu pit stop final na volta 158. "Eu estava no osso em termos de combustível, nas últimas gotas, precisava economizar. Rezei muito para chegar ao final e reconheço que, se não fosse na bandeira amarela, não teria vencido. Estava numa situação tão delicada que ficaria feliz só de completar a prova?, disse Helinho. Ele largou na 13ª posição e fez uma corrida conservadora, procurando poupar o equipamento. Andou boa parte da prova acima do 10º lugar, mas foi crescendo e assumiu a ponta na volta 177, logo depois de o sul-africano Tomas Sckeckter, que liderava e aparecia como o grande favorito à vitória, bater no muro. Pouco depois, porém, começava para o brasileiro o drama do combustível. Homem-Aranha - Além disso, Helinho ainda foi atrapalhado pelo escocês Dario Franchitti, da Green, que fazia o jogo de equipe a favor do seu companheiro Tracy, tentando segurar o piloto da Penske e Giaffone. "O pior é que eu estava com o retrovisor cheio de óleo e eu não conseguia ver quem vinha atrás. Era o Tracy e o Franchitti atrapalhou a mim e ao Felipe. Tive de tirar o pé. Mas a amarela me salvou.? Não sem um susto. Isso porque os carros da IRL têm um dispositivo que avisa ao piloto quando a bandeira amarela é acionada que é parecido com a sinalização de pane seca. "Quando eu vi o negócio piscar pensei que tinha acabado o combustível. Então, vi a amarela e pude relaxar. Foi incrível?, disse Helinho, que completou a corrida em 3h00min10s874, com 0s037 de vantagem para Tracy e 0s128 à frente de Giaffone. O brasileiro comemorou com faz tradicionalmente, escalando o alambrado do autódromo, gesto pelo qual ganhou o apelido de homem-aranha. Neste domingo, teve a companhia na grade do seu patrão, Roger Penske. "No dia anterior, ele havia me prometido que, se eu ganhasse, subiria na grade comigo?, explicou o bicampeão das 500 Milhas. Alegria e Tristeza - Felipe Giaffone estava feliz, mas um pouco decepcionado com o terceiro lugar. "Eu tinha o melhor carro da parte final da corrida. Se não tivesse sido atrapalhado pelo Franchitti (o escocês o prendeu na pista, o que permitiu que Tracy lhe tirasse o segundo lugar) e depois pela bandeira amarela, iria vencer a corrida?, lamentou o brasileiro da equipe MoNunn. "Com pista limpa, eu era mais rápido do que eles.? O piloto ficou irritado com o jogo de equipe feito pela Green. "Não sei se é certo ou errado. Só sei que me prejudicou?, reclamou. Depois da corrida, Franchitti procurou Giaffone para pedir desculpas, mas disse que apenas cumpriu ordens. Já Tracy disse que iria entrar com um protesto pela vitória de Helinho, pois o havia ultrapassado antes de a bandeira amarela ser dada. No entanto, as imagens de TV mostram claramente que o canadense passou o brasileiro sob amarela. Gil de Ferran, da Penske, teve a corrida jogada por causa do pneu traseiro esquerdo mal colocado durante um pit stop. O pneu se soltou ainda no pit lane e Gil teve de retornar ao box para colocar um outro, perdendo a chance de lutar pela vitória. Ainda assim, terminou em 10º Airton Daré, da A J. Foyt concluiu as 500 Milhas em 13º. Raul Boesel foi o 21º colocado. Bruno Junqueira, da Chip Ganassi, que largou na pole, liderou 33 voltas, fez um pit stop desastroso e voltou à pista em 21º lugar. Depois, no giro 87, teve problemas no câmbio e motor do seu carro e precisou abandonar. Antes, derrubou óleo na pista, a bandeira amarela demorou para ser acionada e, com isso, Tony Kanaan, da MoNunn, acabou escorregando e batendo no muro, quando liderava a prova. "Quando vi, a pista estava brilhando de tanto óleo. Percebi que iria bater, mas não pude fazer nada. Esse é o preço que se paga por estar na liderança, você é o primeiro a pegar o óleo?, disse Tony. Classificação - Helinho assumiu a primeira colocação do campeonato da Indy Racing League, com 195 pontos. Gil de Ferran vem em segundo com 169, seguido pelo norte-americano Sam Hornish Jr., com 159, e Giaffone, com 140. A próxima etapa do campeonato será em 8 de junho, no Texas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.