Ineficiente com os pneus, Ferrari luta para reagir na Fórmula 1

Especialistas destacam desequilíbrio de modelo da equipe, que não vence há oito meses e vê domínio da Mercedes

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Por Rafael Franco
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2 min de leitura

Sem um piloto no topo do pódio desde o GP dos Estados Unidos do ano passado, quando Kimi Raikkonen triunfou em Austin no dia 21 de outubro, a Ferrari disputa a etapa da Áustria do Mundial de F-1, neste domingo, em Spielberg, com a esperança de encerrar o incômodo jejum. Charles Leclerc deu grande alento à equipe ao fazer a pole position no sábado. Mas tanto ele quanto Sebastian Vettel lutam contra as limitações dos seus carros a fim de interromper a supremacia da Mercedes no ano.

Lewis Hamilton ganhou seis das oito provas da temporada, enquanto Valtteri Bottas, seu companheiro de escuderia, triunfou em duas corridas. A dupla ainda emplacou uma sequência de cinco dobradinhas, algo que nunca havia sido obtida por um time de Fórmula 1 no início de um campeonato.

Ferrari luta para alcançar a Mercedes na Fórmula 1. Foto: Lisi Niesner/Reuters

Um dos principais motivos para o domínio da Mercedes é a ineficiência do SF90, monoposto projetado pela Ferrari para 2019, cujo desequilíbrio chama a atenção de especialistas ouvidos pelo Estado que apontaram as razões para a escuderia estar longe dos líderes do grid.

“O principal motivo para a Ferrari não alcançar a Mercedes é o conceito errado do carro para os pneus deste ano da Fórmula 1. Não é uma questão de motor ou outra coisa, mas de adaptação a essa mudança dos pneus da Pirelli, que passaram a ter uma espessura mais fina e exigem uma maior pressão aerodinâmica para trabalhar na temperatura ideal, mais alta”, ressaltou Luciano Burti, ex-piloto de testes do time italiano na F-1 e atual comentarista de automobilismo da TV Globo.

“O carro da Ferrari tem muita velocidade de reta, mas pouca pressão aerodinâmica nas curvas. E a Mercedes, com um carro mais equilibrado, passou a dominar as corridas com estes novos pneus”, reforçou.

A opinião de Burti é compartilhada pelo italiano Claudio Carsughi, na sabedoria dos seus 86 anos, que há décadas informa como um dos maiores experts em F-1 da imprensa brasileira. 

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“Primeiro, queria dizer que a Fórmula 1 virou a ‘Fórmula Mercedes’, nunca na história da F-1 tivemos um predomínio como este. Do ponto de vista técnico, o principal diferencial entre a Mercedes e a Ferrari é o aproveitamento dos pneus. Se você for ver, em entrada e saída de curva, o carro da Mercedes anda perfeitamente, como se tivesse em um trilho de trem. Já o da Ferrari, se der tudo que pode até o fim da curva, sai de traseira”, disse o jornalista correspondente do diário italiano La Stampa.

Ao comentar o fato de que Ferrari e Red Bull vêm reclamando muito dos atuais pneus da F-1 e dizendo que os compostos favorecem a Mercedes, Carsughi destacou: “Essas acusações contra a Pirelli, não digo que são desculpas, mas elas servem para justificar uma inferioridade do carro que é clara”.

Max Wilson, atualmente na Stock Car – foi campeão em 2010 –, também não considera justas as críticas aos pneus. “O que vejo é que muitas vezes as pessoas tentam arrumar uma explicação para a falta de desempenho. Quando as coisas não funcionam, as equipes culpam os pneus. Os pneus são a única coisa que é igual para todos e dos quais ninguém deveria reclamar”, diz Wilson, que foi piloto de testes da Michelin e também da Williams na F-1.