Interlagos, desafio para os técnicos

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Por Agencia Estado
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O piloto Heinz-Harald Frentzen, da Jordan, tem um ponto de vista sobre Interlagos que, no fundo, é o da maioria dos seus colegas: o desafio maior do circuito é acertar o carro e não conduzir nos seus 4.309 metros. "O asfalto é muito ondulado e há duas seções bem distintas, uma de alta velocidade e outra lenta, o que torna muito difícil encontrar o melhor balanço aerodinâmico". O piso ondulado da pista exige que os engenheiros adotem acertos menos rígidos para as suspensões. "Mas ao fazermos isso, estamos comprometendo nossa velocidade nas curvas mais velozes", explicou Frentzen. Com os carros variando a altura do assoalho, por causa do ajuste mais mole das suspensões, há uma perda significativa da pressão aerodinâmica gerada, daí a dificuldade de ser contornar curvas rápidas. Se o piloto opta por usar maior carga nos aerofólios, inclinando-os mais, a fim de ser mais veloz no trecho mais sinuoso, compreendido entre a Descida do Lago e a Curva da Junção, acabará por reduzir sua velocidade na seção mais veloz do circuito, formado pela Reta dos Boxes e a Reta Oposta. "Temos de pensar bem mais no acerto do carro que na Austrália e na Malásia", confirma Gustav Brunner, projetista da Minardi. Outra característica de Interlagos é o enorme tempo perdido com as paradas nos boxes. Enquanto a entrada dos boxes é talvez a mais rápida de todas as existentes, a saída é a mais lenta. Os pilotos saem da Reta dos Boxes em 5ª ou 6 ª marcha e freiam forte bem na entrada dos boxes. Já depois de deixaram os boxes são obrigados a contornar, em baixa velocidade, a Curva do Sol, por dentro, na pista auxiliar, que corre ao lado da principal, numa extensão total de 400 metros, até atingir o início da Reta Oposta. "Será preciso fazer as contas muito bem, para ver se, caso os pneus resistam, é mais interessante fazer um ou dois pit stops", explica Luciano Burti, da Jaguar. O diretor-técnico da sua equipe, Steve Nichols, diz que é muito fácil o piloto e o engenheiro perderem-se no ajuste do carro em Interlagos. "Mais do que em outros circuitos, aqui busca-se compromissos para tudo". Às vezes, lembra, as condições da pista mudam, e tudo o que se fez antes, com bastante especificidade, acaba não servindo para muita coisa. Para tornar tudo ainda mais imprevisível, costuma chover durante a prova. Rubens Barrichello diz que se o piloto optou pelo ajuste para seco e, em seguida, a pista ficar molhada, não é tão crítico quanto o contrário. No ajuste para piso com água adota-se, em geral, acertos menos rígidos para as suspensões. E correr com um carro mole em Interlagos é comprometer sua velocidade nas Curvas do Sol, Descida do Lago e Laranjinha, principalmente.

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