Lançamentos mostram desigualdades

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Por Agencia Estado
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Enquanto a Ferrari apresentou o modelo F2001 em grande estilo, dia 29 de janeiro, e fez 4.171 quilômetros de testes antes de embarcar para a Austrália, as equipes Minardi e Prost lançaram seus novos carros apenas nesta quarta-feira, na própria pista de Melbourne, dois dias antes do Mundial começar. Nada mais representativo para expor as desigualdades da Fórmula 1. "Até o fim de outubro, eu projetava nosso carro para usar o motor Supertec, depois fui informado que seria o Ford V-10 para, em seguida, voltar a ser o Supertec", contou nesta quarta o engenheiro Gustav Brunner, da Minardi. "Só dia 18 de janeiro ficou acertado que seria o Ford V-10 de novo", disse. "Passamos dois dias e duas noites redesenhando tudo para o PS01 ficar pronto em seis semanas." São histórias como essa que também explicam as razões de um time ser três, quatro segundos mais lento que outro na Fórmula 1. Enquanto Brunner não dispôs de mais de 150 horas de estudo em túnel de vento para conceber a aerodinâmica do PS01, a Ferrari e a McLaren mantêm grupos de engenheiros trabalhando 23 horas por dia nesses túneis. "Só não são 24 horas porque eles precisam fazer a manutenção do equipamento", diz Brunner. Os treinamentos da Minardi com seu novo carro se limitaram a testes na reta da pista de Vairano. Fernando Alonso a percorreu algumas vezes para tentar detectar se não havia nenhuma dificuldade crônica com o projeto. O caso da Prost é um pouco diferente. A organização de Alain Prost e Pedro Paulo Diniz, de porte médio na Fórmula 1, foi e está sendo totalmente reestruturada. "A demora na apresentação do carro decorreu do fato de os patrocinadores terem sido definidos um pouco tarde", explica Diniz. O modelo AP04, equipado com motor e câmbio Ferrari, já percorreu 3.680 quilômetros em testes e é uma das esperanças da escuderia para mostrar que a realidade do time é outra. Em 2000 foi a última colocada. Enquanto os grandes não se preocupam com as suas despesas, Diniz contou que, por não receber os bônus da Formula One Managment (FOM), por se classificar em último, a Prost gastará neste campeonato, só nos transportes transoceânicos, US$ 3,5 milhões. Como o orçamento ainda não foi fechado - ele e Prost procuram outros patrocinadores - a saída foi cortar despesas. "Na verdade, racionalizamos. Em vez de trazer para cá 23 toneladas de equipamentos, viemos com 16, e 52 pessoas e não mais 68", diz. No fundo, tudo não deixa de refletir, de alguma forma, no que cada um pode produzir na pista.

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