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Lauda relembra acidente de Nurburgring

São muitas e eternas em Niki Lauda as cicatrizes do terrível acidente de 1º de agosto de 1976, no circuito de Nurburgring.

Por Agencia Estado
Atualização:

São muitas e eternas em Niki Lauda as cicatrizes do terrível acidente de 1º de agosto de 1976, no circuito de Nurburgring. Nem o cirurgião plástico Ivo Pitangui, que já o operou, melhorou muito as marcas das queimaduras na face sofridas no cockpit em chamas da sua Ferrari. Nesta quinta-feira o ex-piloto austríaco, de 53 anos, hoje principal dirigente da Jaguar, foi até o local onde quase perdeu a vida, o quilômetros 11 do antigo traçado de 22 quilômetros, a curva Bergwerk, a pedido da TV alemã. "Não é algo que me faça chorar, mas fiz questão de trazer meus filhos aqui para eles verem o que era a Fórmula 1 da minha época." Lauda não se emociona. "Fiquei sabendo dos detalhes do ocorrido só depois, quando vi na TV o acidente e eu preso no carro." Sua cérebro apagou tudo da memória, diz. "O divertido - ele usa a palavra funny - dessa história é que ontem estive no museu do autódromo e vi, pela primeira vez, uma entrevista que dei pouco antes da largada para Huschke von Hahnstein, da TV alemã", disse Lauda rindo. "Eu lhe expliquei os perigos a que estávamos expostos naquela pista, que nada tem a ver com a atual, e em especial onde me acidentei." O austríaco, entusiasmado com a descoberta, 26 anos depois, convida o jornalista da Agência Estado para ir até o museu, localizado dentro da área do autódromo. "Mathias, meu filho que está correndo também - na Fórmula Nissan espanhola - não acreditou no que viu, como podíamos disputar uma prova de Fórmula 1 naquele traçado." Havia variação de asfalto, ondulações impensáveis, o carro saltava com as quatro rodas no ar e no caso de acidente era necessário esperar minutos cruciais por assistência, como foi o seu caso. A demora em apagar as chamas da Ferrari fez com que ele inalasse os gases da combustão da carenagem, altamente tóxicos, comprometendo seriamente seus pulmões. Nesta quinta, no entanto, enquanto resgatava todo o seu drama, sem demonstrar incomodar-se, Lauda parecia até mesmo saborear seu cigarro. Um choque contra o guard-rail como o seu, estimado em cerca de 200 km/h, nos dias de hoje não causariam nada ao piloto. "Zero. Ele sairia do carro sem a ajuda de ninguém." O que aconteceria, numa situação hipotética, se a corrida de domingo fosse disputada no antigo traçado, ainda hoje mantido intacto e conservado pelos organizadores? "Não é porque eu quase morri que vou falar mal de Nurburgring. Era e é o mais fantástico circuito que existe", comenta. "Com os carros atuais, não seria possível completar nenhuma volta sequer. Ou eles quebrariam ou o piloto bateria com violência em algum ponto da pista." Lauda não se limita a falar do passado. Aborda o futuro também, como a discussão sobre mudanças técnicas no regulamento. "Pode escrever que nada será alterado. O mesmo carro deste ano poderá ser usado em 2003. A razão é simples, conter os custos."

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