Construir o novo autódromo do Rio vai demandar, além do investimento para fazer a pista e organizar toda a estrutura que a cerca, resolver problemas estruturais (e históricos) da região de Deodoro, zona oeste da cidade. Um dos principais deles diz respeito à violência na área.
O Estado foi ao local onde a Rio Motorsports pretende construir a nova pista da F-1. O trânsito na região é caótico e a segurança pública, deficiente.
Vias asfaltadas passam no entorno e bem em frente ao principal acesso à área de mata. O local, ainda uma região militar, é cercado por muros. Na quinta-feira, três soldados faziam a sentinela da região, apesar de a aparência ser quase de abandono.
Próximo de lá fica o Complexo do Chapadão, conjunto de favelas dominado pelo tráfico. O local é conhecido no Rio por ser um dos principais destinos das cargas roubadas de caminhões na Avenida Brasil. No mês passado, por exemplo, a Polícia cumpriu mandados de prisão no complexo para combater quadrilhas de ladrões e receptadores de cargas roubadas.
É na mesma região que fica a favela do Muquiço, que também está sob o poder do tráfico e que frequentemente é alvo de operações da Polícia Militar.
Um dos acessos ao local é onde, no início de abril, um músico foi morto após soldados do exército dispararem mais de 80 tiros em direção ao veículo que ele dirigia. O catador de recicláveis Luciano Macedo, baleado ao tentar ajudar a família que estava no carro, também morreu cerca de dez dias depois. Os envolvidos alegaram que a ação ocorreu após eles terem confundido o carro com o de suspeitos que, mais cedo, haviam atirado contra os próprios policiais.
Razoavelmente bem servida de estradas no entorno, a região sofre com o trânsito intenso e poucas linhas de ônibus. Uma solução para eventuais dias com competição seria oferecer ônibus exclusivos. Outra, de maior impacto urbano, seria ampliar a oferta ferroviária.
O governador do Estado do Rio, Wilson Witzel (PSC), afirmou recentemente que a Supervia – concessionária que administra os trens no Rio – poderia construir uma nova estação de trem na região de Deodoro. Ao Estado, a Supervia informou apenas que “está à disposição” para “discutir propostas” com o governo.