
20 de novembro de 2012 | 08h31
A decisão do diretor da Ferrari, Stefano Domenicali, de prejudicar a colocação de Felipe Massa no grid do GP dos Estados Unidos para favorecer o outro piloto da equipe, Fernando Alonso, gerou intensos debates já no Circuito das Américas antes da largada, repercute ainda hoje e certamente será tema de discussão nos dias de competição do GP do Brasil, no fim de semana, em Interlagos.
O diretor da McLaren, Martin Whitmarsh, comentou: "Deve ter sido difícil (tomar aquela decisão). Mas sua política é clara de se concentrar em Alonso. E foi por não fazermos a mesma coisa que Fernando nos deixou." O espanhol disputou a temporada de 2007 pela McLaren e saiu brigado pelo fato de a equipe não estabelecer prioridades como fez a Ferrari no Texas. Domenicali mandou romper o lacre do câmbio de Massa para ele perder cinco colocações no grid a fim de permitir a Alonso avançar do oitavo para o sétimo lugar e, principalmente, largar da parte limpa da pista.
Na corrida de encerramento do campeonato de 2007, no Brasil, em que Kimi Raikkonen, da Ferrari, celebrou o título com um ponto a mais que a dupla da McLaren, Alonso e Lewis Hamilton, o espanhol afirmou: "Se a equipe tivesse em um único momento me ouvido, estabelecido uma preferência, estaríamos agora comemorando a conquista do título e não vendo nossos adversários festejando." Whitmarsh não interveio na disputa entre Alonso e Hamilton.
Há outras questões envolvidas, lembrou o diretor inglês em entrevista ao site inglês autosport.com: "Não estou criticando ninguém, mas devemos exercer nossa atividade da forma como vemos que as corridas devem ser." E completou referindo-se à postura de Massa, crítica no início, mas a favor da escuderia. "Se acontecesse comigo eu ficaria bem chateado."
A Red Bull, a mais atingida com a decisão da Ferrari porque Sebastian Vettel luta com Alonso pelo título, poderia ter feito, a seguir, o mesmo com relação a Mark Webber, terceiro no grid. Se Webber também perdesse cinco posições, Alonso subiria uma posição e iria para sexto, no lado par da pista, o que desejava evitar. Christian Horner, diretor da Red Bull, disse: "Nunca consideramos essa hipótese." Para ele, a decisão da Ferrari "foi dentro das regras, dura para Felipe, mas a prioridade deles é Fernando".
O presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, obviamente elogiou o grupo: "A equipe e os pilotos foram perfeitos em Austin. Fernando no pódio, de novo, e Felipe autor de linda corrida, além de demonstrar mais uma vez ser um homem de equipe."
É provável que Massa sinta em Interlagos a reprovação de parte da torcida a sua postura, classificada como "submissa" e que pode se repetir no GP do Brasil se for do interesse da escuderia italiana, visando o título de Alonso.
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