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McLaren resgata raízes brasileiras com Gil de Ferran e Sette Câmara

Escuderia inglesa aposta em novato para 2019 e conta com os piloto da Fórmula Indy nos bastidores

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Sem pilotos no grid desta temporada, o Brasil tenta aos poucos recuperar o seu espaço na Fórmula 1. E a McLaren vem se tornando a nova referência para os brasileiros na categoria. Se já contava com um dirigente nos bastidores, o ex-piloto Gil de Ferran, o time britânico terá em 2019 um brasileiro mais perto da pista, o mineiro Sérgio Sette Câmara. Como antecipou o Estado nesta terça-feira, o atleta de 20 anos será piloto de testes e de desenvolvimento da equipe na próxima temporada.

A relação entre o Brasil e a McLaren é histórica. Todos os campeões do País da F-1 pilotaram carros da escuderia. Nelson Piquet foi o único a não levantar o troféu pelo time, mais conhecido pelo tricampeonato de Ayrton Senna no monoposto de cores vermelho e branco. 

Gil de Ferran confia em sucesso de Sette Câmara na Fórmula 1 Foto: Divulgação/McLaren

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Sette Câmara será mais um brasileiro a pilotar pela McLaren, com participações em testes ao longo de 2019. O calendário ainda não foi definido, mas é provável que o mineiro também tenha chances em treinos livres. Só não estará disponível como reserva imediato dos titulares Carlos Sainz Junior e Lando Norris porque ainda não obteve a Superlicença – precisaria terminar entre os três primeiros no campeonato da F-2.

O vínculo entre Brasil e McLaren é reforçado ainda pelo patrocínio da Petrobrás ao time desde o início do ano. As partes, contudo, negam qualquer influência do vínculo para o acerto com o garoto. "Ele foi contratado pelo mérito", diz Gil de Ferran, diretor esportivo da McLaren, em entrevista ao Estado

Um dos três homens fortes da escuderia, o dirigente explica que pesou a favor de Sette Câmara a chance de pilotar ao lado de Norris neste ano na F-2. O britânico foi piloto de testes da McLaren nesta temporada. Foi observado de perto na categoria de acesso até ser confirmado como titular. "O que aconteceu foi que nesse ano o Sérgio foi companheiro do Lando Norris e tivemos a oportunidade de observar um pouco mais de perto a performance dele."

Sérgio Sette Camara, piloto brasileiro Foto: Site Oficial / Fórmula 1

O dirigente brasileiro também garante que não pesou na contratação do compatriota. "A minha contribuição foi pequena. Todas estas decisões com relação a piloto são tomadas pela cúpula da McLaren, da qual faço parte. E a gente discutiu o assunto. Avaliamos que ele tem mérito e um futuro promissor", diz Gil de Ferran, dono de dois títulos da Fórmula Indy, com direito a um triunfo na famosa 500 Milhas de Indianápolis.

Sette Câmara chega à F-1 em sua segunda temporada na F-2. Ele ocupa o sexto lugar no campeonato e soma sete pódios e uma pole. O piloto ainda não venceu neste ano, mas comemorou um triunfo em 2017, na Bélgica. Antes, competiu na Fórmula 3 Europeia, Toyota Racing Series e na Fórmula 3 brasileira. 

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Sérgio é filho do presidente do Atlético_MG, de mesmo nome do pai. O dirigente do clube mineiro é advogado bem-sucedido, da área do direito empresarial, e dono de um dos maiores escritórios de Minas. Mas não é grande fã de automobilismo. "Ele sempre gostou de futebol. Lá em casa quem gosta de automobilismo sou eu. A família toda gosta de futebol", diz o piloto. 

DIRIGENTE BRASILEIRO Contratado em junho, Gil de Ferran também é figura nova na McLaren. Ele se aproximou do time quando usou sua experiência na Indy para assessorar Fernando Alonso em 2017, na disputa das 500 Milhas de Indianápolis. No início do ano, passou a atuar como consultor informal da equipe até que substituiu Éric Boullier, que vinha se desgastando diante dos fracos resultados de pista. "Eu trabalho sete dias por semana, 24 horas por dia. Não paro. Mas está muito divertido. Estou super animado. Participar de um grupo de tantas pessoas talentosas é super intenso e empolgante. É uma fogueira, mas uma fogueira fantástica", comenta o brasileiro de 50 anos.

O trabalho intenso não é por acaso. A McLaren vai mal. Não vence uma corrida desde o GP do Brasil de 2012. Ele não esconde a preocupação. "A solução está em organizar melhor estes talentos todos. Não falta talento individual na McLaren." Uma preocupação adicional será a ausência de Alonso. O espanhol vai se despedir da F-1 ao fim do ano. "É um dos melhores da história do automobilismo. E com certeza é o melhor que eu já vi. Não tem como não sentir falta dele. Ele acrescenta coisas ao time a todo momento", finaliza Gil. 

TRÊS PERGUNTAS PARA...SÉRGIO SETTE CÂMARA, piloto

1. Como foram as negociações com a McLaren?

Estávamos conversando desde o meio do ano passado. O papo veio esquentando nas últimas semanas até confirmar com a ajuda do trabalho em conjunto do meu pai e do meu empresário.

2. Como será sua participação em testes?

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Ainda não sei o que posso falar. Mas está dentro daquilo que eu pretendia fazer. Eu não queria ser um piloto pagante, um cara que traz uma fortuna só para dizer que virou piloto. Com certeza não estamos neste esquema. Estamos fazendo exatamente aquilo que eu queria, num time que realmente acredita no meu trabalho, que me apoia. Que me escolheu como piloto de testes numa aposta para eu realmente ajudá-los. E também porque querem desenvolver um piloto para o futuro. 

3. Você pretende correr mais uma temporada pela F-2?

Sim, mas a equipe ainda não está definida. Estou vendo propostas no momento. A F-2 é um mundo menor que a F-1, você decide as coisas mais perto do início do próximo campeonato. Devemos decidir isso até a corrida de Abu Dabi, no fim de novembro.

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