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México recebe a Indy com improvisação

Os atrasos na organização da prova em Monterrey já atrapalham a primeira etapa do Mundial, mas os mexicanos estão muito empolgados com a corrida.

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Por Agencia Estado
Atualização:

"Buenos dias amigos, gracias por estar aqui com nosotros", anunciou o alto-falante do autódromo de Fundidora Park assim que começaram os treinos livres desta sexta-feira. Pouco depois, os carros pararam porque havia muita poeira na pista, deixando-a escorregadia. Num intervalo de poucos minutos, os mexicanos deram exemplos de duas características marcantes dessa prova de estréia da temporada 2001 da Fórmula Indy. De um lado, simpatia e hospitalidade. De outro, atraso e improviso. O GP de Monterrey será disputado domingo, às 18h, e o qualifying será sábado, às 16h45 (horário de Brasília) - se nada mais for alterado na programação. Na quinta-feira, ainda estavam sendo colocados pneus de proteção nos muros. Segundo o diretor-geral da prova, Héctor Emilio Ayala, a Cart, entidade que organiza a categoria, exigiu na última hora que fossem reforçadas as medidas de segurança, assunto com o qual os norte-americanos se preocupam cada vez mais e virou quase uma obsessão com a recente morte do astro da Nascar, Dale Earnhardt. Com esse problema na quinta-feira, foram canceladas as atividades do dia, que incluíam testes de duas outras categorias, a Indy Lights e a Mustang. Conseqüentemente, a poeira não foi espalhada e a pista não ganhou a camada de borracha deixada pelos pneus, que deixa o asfalto mais aderente. Resultado: após algumas voltas, os pilotos da Indy pararam a primeira das duas sessões de testes de duas horas programadas para hoje. A segunda, à tarde, foi ampliada para três horas. Vale lembrar que não há mais treinos de classificação às sextas-feiras, só aos sábados. "Parecia que estávamos andando na água. Dei cinco voltas e nem saiu o sticker", lembra Roberto Moreno, da Patrick, referindo-se ao adesivo do pneu que costuma sumir após duas ou três voltas. A falta de atrito, segundo o piloto brasileiro, não será mais problema para o qualifying deste sábado. Mas ele acredita que ficará uma faixa limpa na pista e que será difícil sair dela para fazer ultrapassagens: "É que nem na Hungria (circuito de Hungaroring), pista que não é usada o ano inteiro, só na Fórmula 1." Dando sempre um ?jeitinho?, os mexicanos estão fazendo de tudo para compensar o atraso nas obras. Nesta sexta-feira, dois setores das arquibancadas ainda estavam sendo montados, um deles em frente aos boxes. E será bom que estejam prontos amanhã, para acomodar parte das 195 mil pessoas esperadas no fim de semana. Também seria bom que a ponte que dá acesso aos HCs (hospitality centers) das equipes parasse de balançar, pois dá a sensação de que não vai agüentar o peso da multidão. Por ela passam o pessoal das equipes, os jornalistas e o público que comprou ingresso para a reta dos boxes. Na ?ponte movediça?, como já foi apelidada, também costuma haver trânsito, já que as pessoas param muitas vezes só para ver, de cima, os carros cruzarem a linha de chegada. Entre a ponte e a arquibancada, há um caminho de terra e grande quantidade de pedras no chão. Sorte que não costuma haver briga de torcida em corridas, pois armas não faltariam. Milhares de crianças (oficialmente, mais de 33 mil) foram trazidas para testar o poder de sustentação de uma parte das tribunas. Devido ao sol forte, mais de 200 tiveram insolação e foram atendidos pelos paramédicos. Contratempos à parte, a prova de Monterrey, que traz a Indy ao México após 20 anos, tem tudo para ser um sucesso. O público esgotou os ingressos e a cidade toda está voltada para a corrida. Os hotéis estão cheios, pela primeira vez na história de Nuevo León, Estado onde está localizada a cidade. E os caminhos que levam ao autódromo estão repletos de outdoors sobre a etapa que abre o Mundial. Qualquer pessoa que chega ao aeroporto ganha um guia sobre o GP e outro sobre o município. O Parque Fundidora, onde foi construído o circuito, fica nas instalações de uma antiga fundição de aço - segundo os organizadores, a primeira siderúrgica da América Latina, inaugurada em 1900 e fechada em 1983. As altas torres de ferro, totalmente enferrujadas, continuam de pé, assim como os galpões de tijolos, que lembram os da Lapa, bairro da zona oeste de São Paulo - num deles, foi construída uma ótima sala de imprensa. Árvores foram plantadas e um lago artificial de 2,5 hectares, construído. Não faltam barracas para se comer e beber - além de ?chilis? (prato mexicano), há também comida japonesa para quem não agüenta a apimentada cozinha local. Por fim, uma das praças do Parque Fundidora tem um palco, com música ao vivo, mesas e cadeiras. Ideal para quem não se importa muito com o que se passa na pista.

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