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Montoya, o homem-show no GP Brasil

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Por Agencia Estado
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O dia 1º de abril de 2000, apesar de ser considerado universalmente como o "Dia da Mentira", ficará registrado na história da Fórmula 1 como o de uma grande verdade: o dia em que um jovem de personalidade e talento "peitou" Michael Schumacher, deixou claro que se ele não tirasse o pé do acelerador os dois bateriam, e levou a melhor sobre o piloto da Ferrari. Há muito tempo a Fórmula 1 torcia para surgir alguém com autoridade e personalidade para enfrentar Schumacher. "Foi a maior emoção da minha carreira", afirmou Juan Pablo Montoya, o maior piloto do 30º GP do Brasil, para os jornalistas colombianos. Na relargada da corrida, neste domingo, na terceira volta do GP do Brasil, Montoya aproveitou a maior velocidade da sua Williams-BMW e colocou o carro por dentro, na freada do S do Senna, para ultrapassar Schumacher e liderar a competição. Ele havia largado em quarto no grid. A prova foi apenas a terceira do ex-campeão da Fórmula Indy na Fórmula 1. De nada adiantou a ação intimidatória do alemão, que lhe fechou a porta. "Quando percebi que daria, havia um pequeno espaço para passar, disse a mim mesmo que iria de qualquer jeito", disse Montoya. O estilo Montoya da Indy desembarcou também na Fórmula 1. Os abraços, a festa e até algumas lágrimas de integrantes da Williams, na recepção a Montoya nos boxes da equipe, depois do acidente com Jos Verstappen, tinham um pouquinho do sentimento de milhões de pessoas no mundo inteiro. Todos com o mesmo sonho: de poder passar a torcer por um piloto que respeite Schumacher mas não o tema. Montoya pode vir a ser esse homem. No fim de semana, em Interlagos, o colombiano dirigiu com o coração. Se acidentou, foi velocíssimo, ultrapassou Schumacher e foi uma cara nova na liderança de uma corrida de Fórmula 1, o que há muito era necessário. A incrível trajetória de Montoya no GP do Brasil acabou na 38ª volta. O inconseqüente Verstappen, retardatário, errou ao frear no fim da Reta Oposta e bateu com violência na traseira da Williams do colombiano. "Claro que estou decepcionado, tudo caminhava para ser um dos dias mais felizes da minha vida e acabou sendo um dos piores, disse Montoya. "Acho que ele brecou tarde demais", explicou. "O mais importante é que o carro, o motor BMW e os pneus Michelin estavam ótimos, o que nos dá uma enorme perspectiva futura." Mais confiante e adaptado à técnica da Fórmula 1, Montoya deve produzir ainda mais daqui para a frente. Já no dia 15, em Ímola, próxima etapa do Mundial, traçado de características semelhantes às de Interlagos, a Williams deverá, de novo, lutar pela primeira colocação. Mas há uma sensação na Fórmula 1 de que a forma como Montoya por vezes exige de seu carro, acima do limite, pode lhe trazer problemas. "Ele disse que faria a curva Mergulho de pé em baixo na classificação, apesar dos enormes riscos", disse um integrante da Williams. "Mas foi descobrir que não era possível só depois de se acidentar."

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