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Montoya pronto para a estréia na F1

Depois do sucesso na Indy, o piloto colombiano chega à Fórmula 1 criando a expectativa de poder acabar com a mesmice da categoria. Resta saber se ele e sua Williams irão render o esperado.

Por Agencia Estado
Atualização:

Suas hesitações diante da imprensa têm uma razão: de um lado manifesta-se o homem Juan Pablo Montoya, colombiano, 25 anos, campeão da Fórmula Indy em 1999, de origem simples, disposto a atender a todos. Do outro, a presença opressora e desmedida da assessora de imprensa da Williams, sempre a seu lado, controlando quem fala com o piloto e cada uma das suas palavras, o que visivelmente o incomoda. Tudo em oposição ao que Montoya vivia nos Estados Unidos, onde a liberdade de expressão na equipe Chip Ganassi era quase total. A Fórmula 1 inteira espera muito dele, pois precisa do seu talento e arrojo demonstrados na Indy. A F1 não pode mais ser uma competição de um só piloto. "Confesso que quando Frank Williams me procurou e disse que eu substituiria Jenson Button fiquei bastante surpreso", revelou Montoya. "Eu fui para a Indy no lugar de um bicampeão como Alessandro Zanardi e agora, teria de ocupar a vaga de uma grande revelação da Fórmula 1." Frank Williams comunicou Montoya, no fim de 1998, que ele não faria parte do time na temporada seguinte, porque estava contratando Alessandro Zanardi. Na época, o colombiano era piloto de testes da Williams e também disputava o campeonato da Fórmula 3000, em que conquistou o título. "Cheguei a pensar que o sonho de correr na Fórmula 1 havia acabado." O que Montoya não imaginava era que mais uma vez Frank Williams surpreenderia a todos. Tem sido sempre assim na história desse dirigente. Nelson Piquet foi campeão do mundo em 1987 e em seguida, deixou a equipe. O mesmo destino tiveram Nigel Mansell, no fim da temporada de 1992, Alain Prost, em 1993, e Damon Hill, em 1996. Todos campeões do mundo e dispensados depois da conquista. Button não ficou com o título, mas é tido como a maior revelação da Fórmula 1 desde a estréia de Michael Schumacher, em 1991. "Eu não vim para cá para substituir ninguém, como não fui para a Indy fazer o mesmo com Zanardi. Vim para realizar o meu trabalho e de preferência sem comparações", antecipou o colombiano. As cobranças, contudo, serão inevitáveis. A Fórmula 1 está muito sensível a pilotos que demonstrem estar acima da média. Já há um certo desgaste no fato de a competição viver apenas de um grande supertalento, Michael Schumacher. "O meu desafio não é pequeno, principalmente porque você depende do equipamento. Eu não esperava vencer na Indy já no primeiro ano e venci" explicou Montoya. "Também não imagino que ganharei corridas na minha estréia na Fórmula 1, mas garanto uma coisa, vou dar 100% de mim para que elas venham já." É essa determinação, vontade indomável de deixar o concorrente para trás, tão bem exposta na Indy, que se quer do colombiano. A Fórmula 1 precisa mais de profissionais que, por conta de não desistirem do objetivo de vencer, transformam-se em homens-show. O treino de classificação deste sábado (sexta-feira à noite no Brasil, das 23 horas à meia-noite) é a primeira oportunidade real de Montoya provar a mesma competência demonstrada até agora na carreira. Na definição do grid para o GP da Austrália, todos os pilotos estarão na mesma condição, pneus novos e pouca gasolina no tanque, e na mesma hora na pista. Se não der para deixar para trás os colegas da Ferrari e McLaren, como parece provável, então que Montoya ao menos se mostre mais veloz de Ralf Schumacher, o companheiro de Williams. Esse é o seu parâmetro de desempenho, ao menos amanhã. Nos testes de pré-temporada, o alemão saiu na frente, ao estabelecer regularmente melhores tempos que os seus.

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