Publicidade

Na luta contra o preconceito, Hamilton agora busca inclusão e diversidade fora do esporte

Heptacampeão mundial de Fórmula 1, piloto britânico quer estimular a representatividade: 'Qualquer jovem do planeta merece ter o mesmo direito de receber uma ótima educação'

PUBLICIDADE

Por
Atualização:

Acostumado a quebrar recordes na Fórmula 1, Lewis Hamilton agora quer romper barreiras fora das pistas. E não somente no mundo do esporte. Em sua luta contra o preconceito racial, o heptacampeão mundial trabalha para estimular a inclusão, a igualdade e a diversidade nas escolas. Mas já avisou que pode ir além, ainda sem dar pistas sobre suas próximas investidas.

“Não é só o sistema educacional que tem barreiras. Há questões sistêmicas, e não apenas no Reino Unido. No Brasil, também tem. Aqui tem uma população negra muito grande”, diz o piloto da Mercedes, em entrevista realizada em solo brasileiro, onde disputará o GP de São Paulo, neste fim de semana, no Autódromo de Interlagos.

Hamilton conquistou em Interlagos seu primeiro título mundial, em 2008 Foto: EFE/Antonio Lacerda

PUBLICIDADE

Para derrubar essas barreiras sistêmicas, Hamilton pretende estimular a representatividade. “Qualquer jovem do planeta merece ter o mesmo direito de receber uma ótima educação. As famílias não devem considerar carreiras para seus filhos pensando: 'Bom, essa carreira não serve para o meu filho porque não tem como ele entrar nesta área. Não tem ninguém que se parece com a gente nesta área'. Então, a representatividade é uma conquista muito importante.”

O piloto da Mercedes passou a chamar a atenção com iniciativas fora das pistas nos últimos anos. Após apoiar bandeiras de sustentabilidade e questões ambientais, Hamilton aproveitou a esteira do movimento “Black Lives Matter” para se posicionar sobre o racismo, assunto que conhece de perto por ser o único piloto negro da história da F-1.

Em 2020, criou a Comissão Hamilton, com o apoio da Mercedes, sua equipe na F-1, para estimular a diversidade no automobilismo. Neste ano, o inglês decidiu se aprofundar no tema. Ele fundou a Mission 44 para capacitar profissionais e incluir pessoas negras, em parceria com a fundação de caridade educacional Teach First. O projeto visa formar 150 professores negros para lecionar disciplinas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática nos próximos dois anos em comunidades carentes na Inglaterra.

“O objetivo da Mission 44 é analisar esses problemas sistêmicos e ver como podemos encorajar as pessoas para trabalhar nisso e criar igualdade”, explica o piloto. “E o primeiro passo que demos, como foco no Reino Unido, foi lançar o programa com a Teach First, focado em professores negros porque a representatividade é muito baixa.”

Em outra iniciativa, Hamilton formou uma equipe, chamada Ignite, para atuar no engajamento no esporte em geral. “Esperamos criar um grupo de talentos. Queremos encontrar novos lugares para recrutar jovens de diferentes etnias para entrarem no esporte.”

Publicidade

Sem dar detalhes, o atleta de 36 anos tem planos de levar esses ideais para outras áreas. “Isso não deveria ser uma preocupação apenas no nosso negócio, mas em todos. Tentamos fazer com o que o nosso esporte possa ser mais inclusivo, que possa refletir a cara do planeta. A inclusão é uma parte importante. Estou apenas no início da jornada, mas animado para ver as mudanças nos próximos anos.”

Com conhecimento de causa, o astro inglês assume com tranquilidade o papel de “embaixador” destas causas sociais. “Gosto de ver isso como um privilégio. Quando comecei no esporte, sempre tentei entender qual era o meu propósito na vida. Durante muito tempo fui o único piloto negro. Atingi tanto sucesso. E tento entender o que isso significa e o que vou fazer com isso. Por isso trabalho com a Mercedes. Muitos dos nossos parceiros estão prestando atenção na questão da inclusão. E isso fortaleceu a nossa parceria.”

Hamilton se espelha no seu maior ídolo em sua atuação social. O Instituto Ayrton Senna é reconhecido pelo trabalho na educação. “Lembro da primeira vitória do Ayrton aqui e admirava como ele incorporava o espírito do Brasil. Esse é o meu sonho: ajudar a mobilizar e influenciar as pessoas de uma forma positiva, como o Ayrton fez. Ainda não cheguei neste nível na Inglaterra, mas sei que já tenho um apoio bom lá.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.