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'Não vou jogar a toalha', diz Nasr

Piloto teve poucos motivos para comemorar na temporada 2016

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Felipe Nasr fez uma das melhores temporadas de estreia de um brasileiro na Fórmula 1 no ano passado. Brilhou na corrida de abertura, mostrou consistência ao longo da temporada e somou preciosos 27 pontos para a Sauber no Mundial de Construtores. Mas, neste ano, o piloto tem poucos motivos para comemorar. Não somou sequer um ponto no campeonato e vem sendo superado com frequência pelo companheiro de equipe, o sueco Marcus Ericsson. 

Além disso, conviveu com boatos de que a Sauber estaria sabotando seu rendimento, no que saiu em rápida defesa da equipe. E perdeu cacife para almejar uma equipe mais forte no grid. O revés mais recente aconteceu nesta ontem. Ele recebeu a notícia de que não ficará com a vaga restante na Force India - a mudança seria um bom salto no grid. Antes, mirava a Renault, que também preteriu o brasileiro ao confirmar sua dupla de pilotos.

Nasr perdeu cacife para almejar uma equipe maior em 2017 Foto: Gabriela Biló/Estadão

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Mas nada disso desanima o piloto de 24 anos. Sem perder a confiança de que terá vaga na Fórmula 1 em 2017, ele avisa: "não vou jogar a toalha". Nesta entrevista exclusiva ao Estado, Nasr reitera a possibilidade de acertar sua permanência na Sauber, revela as lições aprendidas na temporada e diz não se abalar com os resultados abaixo do esperado. "Seria muito fácil viver só de resultado bom." 

Você tem um prazo para anunciar o seu futuro? Por enquanto não tem prazo. Eu quero, sim, continuar na Fórmula 1. Quero dar continuidade ao meu trabalho. E, de tudo que falei até hoje, eu nunca descartei a equipe Sauber. Mas o meu foco é o fim de semana, quero me concentrar para o GP do Brasil. Tem um pessoal sério trabalhando em cima dessa negociação. 

Em 2015, foram 27 pontos em sua temporada de estreia. No atual campeonato, faltando apenas duas etapas para o fim, você ainda não pontuou. Quais foram as maiores dificuldades que enfrentou neste ano? Definitivamente, foi a falta de recursos da equipe. Isso comprometeu muito dos nossos resultados. A equipe realmente sofreu como um todo. Eu consegui ver os dois lados da moeda da Fórmula 1, o que é normal no esporte. Tive um primeiro ano muito bom, consegui marcar 27 pontos. Foi fantástica a primeira experiência que eu tive. E continuo tendo uma experiência que, no balanço, é positiva. Saber lidar com estas situações difíceis também faz parte do aprendizado, do desenvolvimento como piloto. São lições que eu levo pra mim. Consegui me aprofundar muito mais em questões de parte técnica, em trabalhar mais próximo dos engenheiros, tentando extrair qualquer milésimo do carro. 

Você fez um grande ano de estreia em 2015. E, neste ano, vem sofrendo com problemas no carro e performance abaixo do esperado. Como lidou com esse contraste de desempenho nestas duas temporadas?  É muito fácil jogar a toalha nessas horas. Mas eu fui atrás para buscar mais, para saber como podia fazer mais, como contribuir mais. Realmente me aprofundei como um profissional e não deixei ninguém se desmotivar. Seria muito fácil viver só ganhando, só de resultado bom. E aqui se pode ver que muitos pilotos vivenciaram anos bons e anos ruins. Faz parte do processo.

A diferença de rendimento entre o seu carro e o de Ericsson gerou polêmica recentemente, após as corridas nos Estados Unidos e no México. A Sauber descobriu as causas do comportamento distinto dos carros?  São informações nossas. E eu vou estar do lado da equipe. Temos que trabalhar em conjunto e temos mais duas corridas para tentar fazer o melhor possível. 

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A diferença de rendimento entre os dois carros gerou até rumores sobre sabotagem. Isso te atrapalhou dentro da equipe? Não, eu sempre falei que de maneira alguma a equipe estaria fazendo isso. Estamos aqui para trabalhar juntos. Tenho certeza de que a Sauber sempre vai fazer o possível para me ajudar. O foco continua o mesmo. Sem dúvida, a equipe quer marcar esse ponto tanto quanto eu.

Se você não confirmar sua vaga no grid, o Brasil ficará sem um representante na Fórmula 1 pela primeira vez desde 1969. O que falta ao automobilismo brasileiro para emplacar mais pilotos na categoria? Falta base. Acho que tem um gap muito grande entre a saída do kart e a ida para encarar logo de cara uma categoria na Europa, onde os preparativos são muito diferentes. É preciso que o piloto seja instruído desde cedo, com técnicas, informações para se desenvolver. Falta esta instrução no Brasil após o kart. 

Foi por isso que você saltou as categorias de monoposto no Brasil e foi direto para a Europa?  Eu tive sorte de nascer numa família que já estava envolvida com o automobilismo e eu tive toda essa informação técnica, essa introdução ao automobilismo. Quando cheguei na Europa, estava preparado para encarar tudo isso. Precisamos desenvolver um projeto para montar toda essa fase [intermediária] de procedimentos para os pilotos se darem condições de terem um futuro profissional, e não somente na Fórmula 1.

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