Publicidade

Nelsinho começa a discutir o futuro

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Que Nelsinho Piquet será, provavelmente, o próximo piloto brasileiro na Fórmula 1 quase ninguém questiona. Ele tem talento. É veloz, técnico, regular, foi preparado como poucos e é filho de Nelson Piquet, três vezes campeão do mundo, hoje bem-sucedido homem de negócios, com trânsito para falar com Bernie Ecclestone no celular. A pergunta que está no ar é: qual o passo seguinte de Nelsinho depois de conquistar o Campeonato Britânico de Fórmula 3, domingo em Brands Hatch? Em visita ao Estadão, há duas semanas, disse que seu objetivo é tornar-se piloto de testes de uma equipe de Fórmula 1 ano que vem para, em 2006, assumir a condição de titular. "Mas depende de tanta coisa, como por exemplo ter a garantia de que você fará muitos quilômetros de testes, caso contrário não é o melhor caminho." Outra opção para Nelsinho é transferir-se para a nova categoria que substituirá a Fórmula 3000, a GP2, com performance muito mais próxima da Fórmula 1, carros equipados com motor de 600 cavalos, corridas longas com pit stop etc. "Também é uma possibilidade", falou. Percorrendo os boxes da Fórmula 1, é possível compreender que não será fácil para Nelsinho tornar-se piloto de testes, ao menos o principal, aquele que, ao fim de uma temporada, acumulou algo como 7 ou 8 mil quilômetros de treinos, a escola que ele procura. A porta natural para Nelson Piquet bater é a da Williams-BMW. Ele conquistou o último título com Frank Williams, em 1987, e foi o único piloto a dar à montadora alemã um Mundial, em 1983, associada à Brabham. Nelsinho já fez dois testes com a Williams de Fórmula 1, por conta dessa relação estreita de Nelson. Ocorre que a Williams deverá ter dois pilotos novos em 2005, Jenson Button e Mark Webber, caso Button seja confirmado. O resultado da análise jurídica do seu contrato com a Williams, questionado pela BAR, sairá alguns dias antes do GP Brasil. Tanto Button quanto Webber irão treinar o máximo que puderem na Williams. E para a vaga de piloto de testes Frank Williams já conta na lista com Antonio Pizzonia, que tem a confiança da equipe, e Marc Gene, embora os dois não tenham contrato ainda. Pode ser que Frank Williams aceite Nelsinho como segundo piloto de testes, apesar dos seus 19 anos e pouca experiência, visando o futuro. Pizzonia deverá continuar como o principal piloto de testes e terceiro piloto. Nelson Piquet chegou a ser persona non grata na Ferrari, alguns anos antes de o Comendador Enzo Ferrari falecer, em 1988, ao declarar que ele não poderia dirigir mais a escuderia porque estava "gagá." O episódio foi superado apenas muitos anos depois. Na Ferrari, Luca Badoer parece ter lugar cativo como piloto de testes. Jean Todt não pensa em trocá-lo, por sua experiência e eficiência no trabalho. Um segundo piloto andaria pouco, como Luciano Burti este ano, em que participou apenas de duas sessões de testes. Os titulares, Michael Schumacher e Rubens Barrichello, são bastante acionados na Ferrari. Tudo isso dentro de um raciocínio lógico. A Mercedes, sócia da McLaren, é concorrente da BMW. Os contatos de Nelson não são os mesmos. E a McLaren já tem Alexander Wurz como piloto de testes e ofereceu para David Coulthard, que será substituído por Juan Pablo Montoya como titular, ser o terceiro piloto. Se o escocês não acertar com outro time, como a BAR, possibilidade real de ocorrer, ficará na McLaren também. Por tudo isso, é pouco provável que Nelsinho se torne piloto de testes da McLaren. A outra organização com estrutura vencedora na Fórmula 1, a Renault, o francês Frank Montagny é o piloto reserva de luxo, como já declarou Patrick Faure, diretor de esportes da montadora, tal a confiança em seu trabalho. Chegou a ser cogitado para ser titular. Um segundo piloto também faria pouco porque Fernando Alonso e Giancarlo Fisichella testarão muito. Dentre as que podem servir de fonte de experiência válida para Nelsinho, por serem equipes que têm extensos programas de treinos particulares, restam apenas a BAR e a Toyota. Na BAR-Honda Anthony Davidson, atual piloto de testes, pode até assumir o lugar de Jenson Button de tanto que gostam dele. David Richards, diretor da BAR, no entanto, teria de recorrer a um piloto com alguma experiência. Se for Coulthard o escolhido, Davidson continua como piloto de testes. Na Toyota já estão os experientes Olivier Panis e Ricardo Zonta, pilotos de testes dos titulares Ralf Schumacher e Jarno Trulli. Diante desse quadro, para Nelsinho pôr em prática seu primeiro objetivo seria conseguir acertar com a Williams ou acontecer uma bela mexida nessas composições de pilotos de testes com as escuderias, nunca impossíveis na Fórmula 1, mas, ao menos hoje, pouco prováveis. Seu caminho mais lógico deverá mesmo ser a GP2, salvo uma surpresa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.