NETOS E FILHO DE EMERSON RENOVAM DNA FITTIPALDI NAS PISTAS

Ex-piloto comemora 40 anos do bicampeonato mundial de Fórmula 1 orgulhoso pelos resultados promissores de herdeiros no automobilismo 

Publicidade

PUBLICIDADE

Por Ciro Campos
4 min de leitura

A decoração da sala principal do escritório de Emerson Fittipaldi é muito atrativa para qualquer visitante. Miniaturas de carros de Fórmula 1, além de troféus históricos e capacetes antigos, deixam claro que ali é o recanto de um bicampeão mundial, que nesta segunda-feira comemora o 40º aniversário do seu segundo título. Em um canto da parede e sobre a mesa, porém, estão itens diferentes dos demais, mais recentes. Eles, no entanto, são capazes de mostrar o quanto o sobrenome ainda produz herdeiros promissores no automobilismo.

É o próprio Emerson quem apresenta ao Estado os feitos do neto Pietro Fittipaldi, de 18 anos. O atual campeão inglês de Fórmula Renault é candidato a entrar na Fórmula 1. O avô fala dele enquanto aponta para a parede, onde estão fotos do garoto no pódio, e para a própria mesa, decorada com um belo troféu conquistado pelo jovem. 

Mesmo no simples gesto de apresentar as conquistas atuais da família, é clara a presença do passado. Na mão direita, Emerson usa com orgulho o chamativo anel dado ao vencedor das famosas 500 Milhas de Indianápolis, prova da qual é bicampeão. A joia leva na parte de cima a tradicional bandeira quadriculada.

Pietro não é o único herdeiro de Emerson a começar a ter destaque nas pistas. O irmão do garoto, Enzo, de 13 anos, é o atual campeão nos Estados Unidos da categoria Minimax, torneio de kart que reúne pilotos de três estados do país. O terceiro “novo” Fittipaldi tem apenas sete anos. Emmo, filho de Emerson, foi batizado com o apelido pelo qual o pai é conhecido fora do Brasil e começou no kart há menos de um mês.

"A cobrança do sobrenome é muito maior do que se não fosse um sobrenome conhecido. Abre portas, mas, ao mesmo tempo, tem cobrança depois", admitiu Emerson. O ex-piloto precisou aguardar algumas décadas até poder ver nas pistas algum descendente direto pegar gosto pelo automobilismo. "Meus dois filhos mais velhos, o Jayson, de 38 anos, e o Luca, que tem 23, um dia andaram de kart, mas não continuaram. Todos eles tiveram a mesma chance. Não adianta o pai induzir, tem de ser algo natural e eu não fiquei insistindo."

A tradição dos Fittipaldi começou com o pai de Emerson, Wilson. Conhecido como Barão, foi um dos fundadores da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) e pioneiro na transmissão de corridas de carro pelo rádio. Coube a ele narrar o primeiro título do filho na Fórmula 1, em 1972. Barão faleceu em 2013, aos 92 anos, e ainda viu outros membros da família seguirem no automobilismo, como o filho Wilson e o neto Christian, ambos com passagens pela F-1.

Continua após a publicidade

O próximo da família a chegar à categoria deve ser Pietro. Aos 18 anos, ele mora na Inglaterra, onde ganhou dez das 15 etapas da Fórmula Renault, e já começou até a despertar o interesse de gente com influência na Fórmula 1. O magnata mexicano Carlos Slim o contratou para participar do seu programa de desenvolvimento de pilotos. Pietro é o primeiro estrangeiro no México a integrar o projeto, que já levou para a Fórmula 1 Esteban Gutierrez, atualmente na Sauber, e Sérgio Pérez, na Force India. 

"O Pietro é dedicado ao extremo. Mesmo quando a corrida termina às três horas da tarde, ele fica até umas nove da noite com a equipe para ajudar a limpar e a guardar os carros", comentou o pai do garoto, Gugu da Cruz, genro de Emerson e marido de Juliana Fittipaldi. 

O casal mora nos Estados Unidos, onde seus três filhos nasceram – e o mais novo deles também já segue o traçado habitual de quem tem esse sobrenome. Enzo Fittipaldi, de 13 anos, já ganhou competições americanas de kart e vive rotina de piloto de ponta. Contratou um personal trainer para manter a forma, mudou a alimentação e já se aproxima de projetos ambiciosos.

Nesta semana, o garoto deve viajar à Itália para fazer testes na Academia Ferrari, projeto de desenvolvimento de talentos. Se aprovado, vai dar mais um largo passo rumo à Fórmula 1 e renovar uma trajetória que já começou ligada aos grandes nomes do automobilismo. O primeiro kart de Enzo foi um presente dado pelo pai do piloto colombiano Juan Pablo Montoya.

Mais novo do que os sobrinhos, Emmo começou no último mês a andar de kart em São Paulo – e assim ajuda a renovar a dinastia Fittipaldi. Com apenas sete anos, não sabe da tradição e da expectativa que carrega e ainda troca alguns momentos na pista por brincadeiras no pebolim. "O kart é só entretenimento para ele, e não uma competição. Não se pode tirar da criança a infância, senão ele vira um mini piloto de Fórmula 1", alertou Emerson.

O ex-piloto pode até não pressionar os herdeiros por resultados nos autódromos, mas certamente já sabe como pode reorganizar a decoração da sua sala caso tenha de acomodar novos troféus e fotos no pódio.

Continua após a publicidade