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Novas regras da F1 causam polêmica

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Por Agencia Estado
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A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) anunciou, nesta semana, a primeira medida de uma série que visa reduzir os custos das equipes de Fórmula 1: a partir de 2004, cada piloto só terá direito a um motor por fim de semana de corrida. Mas, não há consenso de que essa alteração reduza as despesas. O motor que iniciar o treino livre, na sexta-feira de manhã, será o que irá receber a bandeirada, no domingo. Quando não há imprevistos, os pilotos percorrem cerca de 700 quilômetros a cada fim de semana de corrida. Isso quer dizer que os motores terão de suportar quase o dobro da quilometragem atual, restrita a 400 quilômetros. "É muito simples para os fornecedores de motores da F1 adaptarem-se à nova regra", diz Charlie Whiting, delegado de segurança e diretor de largada da competição. "Basta reduzir o limite de giros do motor para que sua vida útil se amplie surpreendentemente", explica. As melhores unidades, como o V-10 da BMW, desenvolvem cerca de 19 mil rotações por minuto (rpm). "Se os técnicos programarem o limitador para agir, por exemplo, 1000 rpm antes do atual limite, já haverá extensão da vida útil do motor", afirma Whiting, que era mecânico da equipe Brabham, no início dos anos 70, quando o seu proprietário era Bernie Ecclestone. Já Peter Sauber, sócio da Sauber, diz que faz sentido a proposta de Whiting, mas faz uma ressalva. "A redução dos giros do motor tem como conseqüência a perda de potência. Duvido que a Ferrari, por exemplo, se apresente para disputar uma prova com um motor menos potente do que o que usava antes." Esse é o principal argumento dos que duvidam que a medida anunciada pela FIA irá representar corte nas despesas. "Historicamente, sempre que a FIA tentou reduzir despesas as alterações no regulamento provocaram o oposto", fala Sauber. "Tudo terá de ser revisto." Haverá necessidade de se investir ainda mais em pesquisa nas áreas de metalurgia, a fim de encontrar ligas mais leves e resistentes, no desenho de componentes, para torná-los mais eficientes, e na eletrônica. O gerenciamento de todos os sistemas do motor terá de ser máximo e sua integração a um computador central, integrado ao câmbio, ainda mais precisa que hoje. O texto da FIA fala em proibição de troca do motor, mas não condena o reparo do V-10 no autódromo. A entidade terá de especificar melhor o que pode ser substituído ou haverá muita confusão. O desafio de produzir um motor que responda com os quase 900 cavalos de potência de hoje, mas que suporte 700 quilômetros em vez de 400, custará mais caro que a economia no número de motores que cada fabricante fará. A opinião é de Patrick Head, diretor-técnico da Williams. Atualmente, Ferrari, BMW para a Williams, Mercedes para a McLaren, dentre outros, levam para os autódromos entre 10 e 12 motores para a disputa das corridas. "Esse número cairá pela metade", prevê Gerhard Berger, diretor esportivo da BMW. "Produzir os supermotores que a F1 exigirá custará mais que os cinco motores que o fabricante vai economizar", exemplifica Head. A pena para quem não atender à nova imposição é séria. O piloto que substituir o motor perderá dez posições no grid de largada - com as dificuldades de se ultrapassar hoje na F1, os infratores dificilmente alcançariam a vitória. O presidente da FIA, Max Mosley, declarou sexta-feira que sua proposta principal para conter despesas não foi aprovada pelos representantes das equipes na Comissão de Fórmula 1. "Se dependesse apenas de mim, eu teria proibido os treinos particulares fora do período de pré-temporada. Os testes particulares ficariam restritos às sextas-feiras dos fins de semana de corrida", fala o dirigente. "Milhões de dólares são gastos ao longo do ano, nos treinos privados, para que os carros se tornem dois décimos de segundo mais rápidos." Esse tipo de treino se restringiria a menos dias por semana e no mesmo local dos GPs. Outra idéia do presidente da FIA rejeitada pela maioria foi a temporada de implantação da restrição a um motor por fim de semana. "Por mim ela estaria em vigor em 2003, mas os construtores de motores solicitaram um ano a mais, alegando dificuldades técnicas para a sua adoção mais imediata."

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