Para Cacá Bueno, só falta o título

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Por Agencia Estado
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O carioca Cacá Bueno estreou na Stock Car em 2002. Desde então, tem várias das melhores marcas da categoria, em comparação com os outros pilotos no mesmo período. Venceu 8 corridas enquanto o supercampeão Ingo Hoffmann só ganhou 6; subiu 20 vezes ao pódio em 37 corridas, Ingo, só 11; fez 7 poles, contra 4 de Xandy Negrão e o atual campeão, Giuliano Losacco. Mas título que é bom... Ele reconhece que falta, mas não perde a fé. "O título vai chegar, numa hora ou noutra"´, garante o piloto, que começou o ano vencendo em Interlagos e tenta repetir o feito hoje, em Curitiba, na segunda etapa que tem largada prevista para as 13 horas (a SporTV transmite). Aos 28 anos, Cacá ainda não foi campeão - tem dois vices e um terceiro lugar. Mas já não é visto mais como o filho do locutor Galvão Bueno. "Hoje, me respeitam pelo meu talento´, disse. Claro que isso não diminui o orgulho que tem pelo pai, e quem acompanha a Stock sabe que a recíproca é verdadeira. Agência Estado - Você tem excelentes marcas. Por que ainda não foi campeão? Cacá Bueno - É difícil dizer, mas eu sempre passei perto. Em 2002, tive uma quebra na penúltima etapa, aqui em Curitiba, que me tirou a vitória e 25 pontos. Perdi o campeonato por 11 pontos. Em 2003, tive uma desclassificação, justa, num treino em Brasília, que fez diferença no final. E no ano passado me foi retirada a vitória da primeira etapa, em Interlagos, de forma injusta (a alegação foi de irregularidade na bomba de direção do carro), que também fez diferença no fim. AE - Este ano você voltou à equipe Action Power e começou bem, vencendo em Interlagos. Chegou a hora? Cacá - Ainda é cedo, mas este ano pudemos planejar melhor as coisas. Estamos trabalhando desde dezembro. A Stock está equilibrada, tem 20, 25 pilotos em condições de ganhar corridas e uns 10 de ser campeão, entre eles o Ingo, o Losacco, o Tiago Camillo. Me coloco entre os favoritos. AE - E os planos de correr na Nascar? Cacá - Está tudo certo para que eu faça cinco etapas no final do ano, desde que eu consiga patrocínio (precisa de US$ 500 mil). O dono da equipe com que negocio (RCR) me dá preferência, mas com o dinheiro na mão. AE - Você é filho de uma pessoa que ajudou no crescimento da Stock, mas é polêmica. Por ser filho do Galvão as coisas são mais fáceis? Você é ajudado? Cacá - O meu pai de fato ajudou a categoria. Teve, claro, um dedinho dele para a Globo se interessar. Mas ele não decide pela Globo. Teve uma pessoa da direção da emissora que acreditou na Stock. Ajudado? Ele era sócio de uma equipe (com Washington Bezerra) e quando eu e meu irmão (Popó) decidimos pela Stock, ele saiu da sociedade justo para não falarem que ele interferia a nosso favor. AE - Você acha que são mais rigorosos com você por causa do seu pai? Cacá - Acho que tomam mais cuidado ao analisar as coisas que me envolvem sim. Não por perseguição, mas até para evitar que falem em favorecimento. AE - Mas ele tem grande envolvimento com o automobilismo... Cacá - Tem, mas sabe separar as coisas. Claro que torce por mim e meu irmão. Mas meu pai é apaixonado pelo esporte. O que a gente sabe é que o esporte preferido dele é o basquete. Ele até jogou basquete. AE - Ele que te trouxe para a Stock? Cacá - Não, e eu nem queria vir. Estava na Argentina (foi campeão sul-americano de Superturismo em 99), aí teve a crise, panelaço, puseram fogo numa cantina ao lado da minha casa e decidi sair de lá. Mas queria ir para a Europa. Não levava fé na Stock. Foi Reginaldo Leme (comentarista da TV Globo) que não parou de buzinar no meu ouvido e me convenceu. AE - Ser filho do Galvão já te ajudou muito ou não? Cacá - Claro, no início da carreira, quando eu não era ninguém, o nome me ajudou a conseguir patrocínios, ter exposição. Mas hoje 90% não lembram que eu sou filho do Galvão e sim que eu sou o Cacá. A melhor coisa que fiz foi correr na Galvão Bueno. AE - Mas não dá para separar um do outro. Cacá - Meu pai é assim: você gosta ou não. Tem os que torcem por mim por causa dele, tem os que me odeiam por causa dele. Tem até no orkut um casal que não gosta de mim, mas, ao explicar por que, passa o tempo todo falando mal do Galvão. Mas ele e eu aprendemos a conviver com críticas.

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