Pilotos comentam o início da guerra

Os grandes nomes da Fórmula 1 garantem não estr alheios ao conflito e se dizem contrário aos bombardeios norte-americanos a Bagdá.

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Por Agencia Estado
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Os pilotos, de modo geral, reagiram com indignação ao início dos ataques norte-americanos ao Iraque, nesta quinta-feira. Não há pilotos dos Estados Unidos na competição desde a dispensa de Michael Andretti pela McLaren no fim de 1993. "Sei que muita gente pensa que nós nos preocupamos apenas em ler revistinha do Pato Donald quanto estamos fora do autódromo, mas não é assim. Tenho receio sim do que pode acontecer com essa guerra", afirmou nesta quinta-feira Ralf Schumacher, da Williams. Seu irmão, Michael Schumacher, menos afeto às questões das revistas em quadrinhos e mais atento à mídia eletrônica, comentou que antes de chegar ao autódromo assistia pela TV, no hotel, às imagens do ataque a Bagdá. E, como Ralf, destacou que a classe tem consciência dos riscos de uma ação bélica. "Nós não competimos com os olhos fechados. Sabemos muito bem o que se passa e que de alguma forma acabaremos afetados." O dois, no entanto, não vêem perigo para os que trabalham na Fórmula 1. "Não temo pela nossa segurança", falou Michael Schumacher. Rubens Barrichello lembrou que em momentos de tensão como o mundo vive, "se o seu trabalho for capaz de oferecer um pouco de distração às pessoas, se sentirá feliz." O companheiro de Ferrari, Michael Schumacher, pensa que nessas horas uma das saídas é concentrar-se ainda mais nas atividades de piloto no fim de semana. "Não dá para não participar do evento, como fez Tiger Woods com relação a um torneio no Dubai (Emirados Árabes). A Fórmula 1 envolve muita gente e não é um esporte individual como o golfe." Ralf Schumacher também não vê nenhum sentido em cancelar o GP da Malásia por causa da guerra. "Devemos ir em frente." Michael não pretendia correr o GP da Itália de 2001, disputado algumas semanas depois dos atentados de 11 de setembro. Já havia conquistado o título da temporada, na Hungria, e preferiria não participar da prova. Só mudou de idéia depois que Bernie Ecclestone, promotor do Mundial, ameaçou não confirmar o título se desistisse de pilotar em Monza e na etapa seguinte, o GP dos Estados Unidos, em Indianápolis. Jarno Trulli, da Renault, interpretou com desenvoltura o papel que a Renault lhe deu sobre como agir diante da pergunta sobre a guerra: "Não haverá vencedores, só perdedores", afirmou em tom filosófico. Politicamente correto - Na Fórmula 1 moderna os pilotos recebem um kit de como se comportar quando questionados sobre este ou aquele tema em maior discussão. As respostas contém palavras medidas previamente de forma a não atingir nada e ninguém. O politicamente correto. Pouco importa a personalidade de cada um. Juan Pablo Montoya, da Williams, por vir da Cart, onde o controle da informação não atingiu o nível patológico da Fórmula 1, foi espontâneo nesta quinta-feira ao falar do conflito no Oriente Médio: "Em meu país, a Colômbia, vivemos uma guerra há 30 ou 40 anos. Você abre os jornais todos os dias e lê sobre assassinatos, seqüestros, explosões de bombas", começou dizendo. "É por isso que a Colômbia é tão importante para mim, porque dou a eles, enquanto corro, a chance de pensar em outra coisa que não seja que poderão ser mortos." Há respostas mais lineares também: "A ação militar norte-americana está sendo no Iraque e nós não corremos perto do Iraque, por isso não penso que nos afete muito", defende Jos Verstappen. De novo a diplomacia se manifesta, desta vez em Heinz-Harald Frentzen. "Estou decepcionado por acreditar ser possível ainda uma saída pacífica para o impasse, o que acabou não acontecendo. Por sorte as pessoas não estão sofrendo muito." Para o inglês Jenson Button, cujo país tem tropas diretamente no front, tentar dar um pouco de prazer com a Fórmula 1 seria uma forma de colaborar no caso, "mas com tanta publicidade que a guerra está tendo será difícil distrair a atenção do povo."

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