Projetista faz fama mesmo na Minardi

Apesar de estar na equipe de menor orçamento da Fórmula 1, o engenheiro Gustav Brunner faz sucesso com seu carro e é requesitado pelas outras escuderias.

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Por Agencia Estado
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Sentado sobre caixas de equipamentos, fumando constantemente, e exercendo sua liderança natural no grupo de engenheiros da Minardi, o projetista Gustav Brunner bem que pode ser considerado um ?outsider? da classe. Quase todas as equipes da Fórmula 1 o convidaram para trabalhar no fim do ano passado, depois que o futuro da escuderia italiana demonstrou ser incerto. Contrariando a lógica da competição, Brunner decidiu permanecer onde está, na "pequena, pobre, mas sincera e divertida Minardi, composta por gente que se supera", como ele mesmo a define. "Dinheiro não é tudo na vida." Para Brunner deixar Faenza, cidade emiliana da Minardi, terá de receber uma proposta que atenda não só suas solicitações financeiras, mas principalmente lhe garanta uma série de liberdades mantidas no time italiano. "Claro que eu gostaria de projetar um carro para a McLaren e a Ferrari, as únicas que permitem um piloto vencer hoje", confidencia. "Mas essas duas equipes contam com dois excelentes profissionais, Adrian Newey e Rory Byrne. Eu seria mais um, enquanto aqui faço tudo." Brunner tem estado tão ocupado em acertar o carro da Minardi para o GP da Malásia, no final de semana, que ainda nem conseguiu dar aquela volta que os projetistas dão, em frente os boxes dos adversários, estudando as soluções de seus concorrentes. "Pode parecer incrível, mas não tive tempo ainda", justificou. Aos 50 anos, esse austríaco de Gratz lembra de quando começou a trabalhar na Fórmula 1, em 1978, pela escuderia alemã ATS. "Era uma época de menos ciência e mais improvisações. Havia maior liberdade para a criatividade dos engenheiros. Hoje, você tem igualmente idéias, como naquele período, mas para colocá-las em prática é necessário, obrigatoriamente, muito dinheiro, o que não era o caso", explicou Brunner. A Minardi é o time de menor orçamento na Fórmula 1. "Isso se reflete no número de horas reduzido que passamos no túnel de vento, na quantidade de pessoas que faz parte do nosso grupo e nos dias de testes que podemos fazer." Enquanto a Ferrari e a McLaren se aproximam dos 600 profissionais contratados, a Minardi conta com apenas 100. "Falta dinheiro." Pode parecer contraditório: o técnico que desenhou o carro que, salvo exceção, está sempre entre os últimos, é cortejado pelas mais importantes organizações da Fórmula 1. Ocorre que, mesmo não dispondo de recurso algum, seus projetos andam na frente de adversários que prepararam-se bem mais. "Fomos para a prova de Melbourne sem termos testado praticamente nada." Mesmo assim, e contando com um motor que desenvolve pelos menos 120 cavalos a menos dos melhores, a Minardi não foi mal. O talentoso espanhol Fernando Alonso classificou o modelo PS01 na frente de um carro da Prost e de outro da Jaguar no grid da prova. Ele levou o carro até o fim da corrida, obtendo a 12ª colocação, à frente da dupla da Benetton, Giancarlo Fisichella e Jenson Button. "Gostaria de poder desenvolver o PS01 no túnel de vento, ele me parece excelente", afirmou Brunner.

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