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Quem pode com a Mercedes?

Por Reginaldo Leme
Atualização:

Chegou o momento de sabermos se o carro que a Williams tem hoje é tão bom quanto o do ano passado. A pista austríaca, de alta velocidade, é bem recebida pela força do motor Mercedes, mas para superar os dois carros da própria equipe Mercedes e ocupar toda a primeira fila do grid do ano passado, com Massa e Bottas, o FW 36 tinha mesmo que ser um carro muito equilibrado. Que, aliás, com toda justiça, levou a equipe inglesa ao terceiro lugar no Mundial de Construtores. O atual BT 37 é veloz, algumas vezes deixou em Massa a impressão de ser até melhor do que o modelo anterior, mas o primeiro pódio só veio na sétima etapa do ano (com Bottas) e está 76 pontos atrás da Ferrari. Mantém-se como terceira equipe, mas apenas porque a Red Bull despencou. A Red Bull, que foi a única a conseguir derrotar a Mercedes (três vezes) no ano passado, no atual campeonato não conseguiu ainda nem mesmo um pódio depois de sete corridas. Diante desse panorama, quem sobe é a Ferrari, que treinou muito bem ontem. A esperança é que as atualizações preparadas pela Williams para este fim de semana funcionem.O terceiro treino (hoje, às 6h da manhã) deve ser mais uma indicação, mas como as equipes usam boa parte da atividade para testar os carros em condição de corrida, o melhor mesmo está reservado para a classificação das 9h. Promessa de boa briga e de chuva. Tomara que não se confirme a chuva porque no seco a briga é mais interessante.A pista de Spielberg é veloz, mas tem muitas áreas de escape. Como elas são asfaltadas e pintadas, mesmo errando o piloto consegue voltar para a pista, apenas perdendo tempo. E como se erra!Para quem não sabe, Spielberg, A-1 Ring e Zeltweg são todos a mesma coisa. O autódromo sempre esteve no mesmo lugar, numa área rural maravilhosa, cercado por pequenas cidades como Knittelfeld, Spielberg, Pausendorf, Sachendorf, Flatschach, Seckan e Zeltweg. Para se ter uma ideia do tamanho das cidades, a maior delas, Knittelfeld, tem 12 mil habitantes.Em décadas passadas não havia hotéis e o pessoal se espalhava por pensões, as chamadas “gasthaus”, pequenas, mas de comida boa. Tão boa que a gente precisava do prestígio de Emerson Fittipaldi para conseguir uma mesa e dividir o restaurante com Bernie Ecclestone e outros chefões. Mas as pensões não eram suficientes. Muita gente recorria aos quartos em casas de família, oferecidas por placas de “zimmer frei” (quarto livre, disponível) à margem das estradas. Muito bom lembrar disso agora.Na época conhecido por Zeltweg, o autódromo teve um GP em 1964, mas passou a fazer parte do Mundial em 1970, ano em que o austríaco Jochen Rindt ganhou o título mundial, embora tenha morrido na corrida seguinte. Já em 1971, Niki Lauda estreou neste GP, passando a disputar regularmente o campeonato a partir de 1972 para conquistar três títulos (1975, 77 e 84).Curiosas são as coincidências entre Brasil e Áustria no automobilismo. Em 1970 foi a vitória de Emerson Fittipaldi em Watkins Glen que garantiu o título a Rindt, morto em Monza. Em 1974, Emerson foi bicampeão evitando que Lauda se tornasse o segundo austríaco campeão. Em 1979, Nelson Piquet, em seu primeiro campeonato, dividiu a Brabham com Lauda e o austríaco sentiu que era chegada a hora de parar, e caiu fora antes mesmo de terminar o campeonato. Ayrton Senna e Gerhard Berger dividiram a McLaren durante três anos e, em 1994, Roland Ratzenberger e Senna morreram no mesmo GP em San Marino.A única vitória brasileira nesta pista foi a de Emerson em 1972. Em outras cinco vezes a bola bateu na trave. Duas vezes com Piquet (1984 e 1987), uma com Senna em 1985 e uma com Rubens Barrichello em 2002. Nesta, mais do que bater na trave, a Ferrari quis que Schumacher chutasse a bola para o gol. E entrou para a história como a maior vergonha que o alemão passou, sendo vaiado no pódio, o que o fez passar a taça de vencedor para as mãos de Rubinho. Na configuração atual, de 4.326 metros, o circuito é o terceiro mais veloz do campeonato, bem atrás de Silverstone e Monza.

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