Publicidade

Rubinho fica uma fera com Schumacher

O brasileiro disse que recebeu ordens da Ferrari para não ser ultrapassado, mas o alemão não respeitou. "Acho que ele deveria ter pensado na equipe".

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Rubens Barrichello tirou o capacete, depois da corrida, e a primeira pessoa que viu foi Michael Schumacher, ao seu lado. Ele sequer fez menção de cumprimentá-lo pela vitória. Tampouco demonstrou estar feliz com o bom segundo lugar. "Eu disse ao Ross Brawn, pelo rádio, que precisávamos tomar cuidado porque a pista estava muito molhada mesmo. Eu até queria ser mais veloz", contou. "Em seguida me aproximei de um carro, acho que era uma Jordan (a de Heinz-Harald Frentzen), e o Schumacher me ultrapassou." Ele continuou explicando sua revolta: "Naquele momento acho que o companheiro de equipe deveria permanecer atrás, pensando na equipe, mas não foi o que ocorreu." Rubinho destacou que não venceria a corrida, em razão de ter de fazer uma parada a mais que Schumacher. "Ele é extraordinário, mas gostaria de ter também um pouco da sua sorte." No momento em que os dois saíram da pista, na terceira volta, quando a chuva começou a cair forte, entraram mais unidades de brita na lateral do seu carro que na do alemão. "O Ross Brawn me avisou que a temperatura do óleo estava subindo e eu precisava parar urgente para limpar as entradas de ar." Era a 21.ª volta. Por ter parado cedo demais (o GP da Malásia teve 56 voltas), Rubinho teve de fazer um terceiro pit stop, na 41.ª volta. Já Schumacher realizou apenas a parada programada, na 30.ª passagem, além daquela na quarta volta, junto de Rubinho, para colocar pneus intermediários. Ross Brawn, o diretor de operações nos boxes da Ferrari, acha que houve um mal-entendido: "Rubens disse que havia ordens da equipe para Michael não ultrapassá-lo, mas na realidade foi ele quem recomendou que os dois não forçassem o ritmo, ao menos naquele instante delicado. Não havia ordem da Ferrari para Michael não tentar ganhar sua posição." Já o diretor esportivo da equipe, Jean Todt, contemporizou: "Hoje nada poderá estragar uma conquista como essa, a sexta consecutiva", falou. "Entendo a reação de Rubens, a qual considero normal. Nenhum piloto gosta de ser ultrapassado pelo companheiro de escuderia, era normal que Michael tentasse a manobra." Por estar um pouco mais tranqüilo ou por causa da orientação de alguém da Ferrari para conter sua revolta, Rubinho mudou, logo a seguir, o seu discurso. "Foi uma corrida excitante. Saí tantas vezes da pista e ainda terminei em segundo." Na sua parada na 21.ª volta, o piloto e a Ferrari viveram um drama: "Foi uma confusão danada. De repente eu vi que os mecânicos haviam colocado o pneu dianteiro direito para pista seca enquanto os três demais eram os intermediários, os corretos para aquela situação." Ross Brawn explicou que a equipe estava preparada para receber Michael Schumacher e não Rubinho, daí a "bagunça" com os pneus. Como em nenhuma outra oportunidade desde que estreou na Fórmula 1, em 1993, Rubinho se apresenta para o GP do Brasil com tantas chances de vencê-lo como agora. "Essa Ferrari é o melhor carro que eu já guiei. Estou batendo na porta da vitória de novo e tenho mesmo possibilidades de ganhar a corrida." E cita uma frase que se opõe às críticas à postura de Schumacher hoje em Sepang: "Estou ganhando mais espaço na equipe." Se o piloto alemão demonstrava ser um defensor da permanência de Rubinho na Ferrari na próxima temporada, a partir do conflito de hoje sua posição entra em xeque. Schumacher não gosta de dividir a equipe com quem não concorda com tudo o que ele quer. Luciano Burti, da Jaguar, cometeu uma corrida sem erros e classificou-se em décimo. Quem se equivocou foi a equipe. "Eles tiveram problemas com o programa de cálculos e colocaram 20 quilos a mais de gasolina no tanque", explicou o piloto. "Perdia mais de um segundo por volta em relação ao ritmo que poderia manter." É o segundo GP que ele termina. Tarso Marques teve o mérito de levar a sua Minardi até o fim da competição, mesmo tendo um pneu estourado, e obter o 14.º lugar. Já Enrique Bernoldi, da Arrows, foi o mesmo de sempre. Rápido como poucos, mas também o eterno inconstante. Depois de três voltas iniciais espetaculares, quando saiu da última colocação no grid para o 11.º lugar, acabou rodando junto de tantos outros pilotos, na hora em que a chuva começou a cair forte.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.