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Rubinho sai da Áustria como vencedor

Por Agencia Estado
Atualização:

Nunca uma vitória, como a deste domingo na Áustria, custou tão caro para Michael Schumacher. O piloto da Ferrari foi vaiado no pódio, e depois na sala de imprensa até pelos próprios jornalistas alemães, enquanto seu companheiro Rubens Barrichello, segundo colocado e vencedor moral da 6ª etapa do Mundial de F1, ficou com todas as honras. A manipulação de resultados, que aconteceu no circuito A1-Ring, pode causar a interferência da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) nas regras da categoria. "Recebi a ordem de deixar Michael me ultrapassar a três voltas do fim. Tentei ainda argumentar no rádio se aquilo seria mesmo necessário e ouvi que era uma ordem", revelou Barrichello, o melhor piloto de todo o fim de semana na Áustria. Até Michael Schumacher não gostou de ter de cumprir a determinação do diretor-esportivo Jean Todt e do diretor-técnico Ross Brawn, os homens da Ferrari que decidiram que Barrichello deveria deixar o companheiro vencer o GP da Áustria. O piloto alemão talvez nunca tenha se sentido tão indesejado como na hora em que entrou na sala de imprensa e recebeu quase um minuto de vaia dos jornalistas, enquanto Barrichello pedia a todos que parassem. ?Eu também tirei o pé do acelerador, sem saber o que fazer, tinha segundos para decidir e acabei atendendo à ordem da equipe", tentou explicar Schumacher, tão constrangido como jamais aconteceu em qualquer uma das suas 58 vitórias na F1. "Esta foi uma conquista que não me deu a menor satisfação, mas temos de pensar em todo o investimento que é feito para a equipe ser campeã e esses pontos podem fazer falta no fim do campeonato", argumentou o alemão. Barrichello ocupou o degrau do vencedor no pódio, ficou com o troféu dedicado ao primeiro colocado, oferecido por Schumacher, e na entrevista coletiva ocupou a cadeira do meio, destinada a quem vence a prova. Mas, oficialmente, o alemão cruzou a linha de chegada 182 milésimos à frente do brasileiro, somando 10 pontos, contra 6 de Rubinho. "Claro que não estou contente, mas disputei minha melhor corrida, estou vendo as coisas de forma diferente e tenho certeza de que ganharei algumas etapas nesta temporada", afirmou Barrichello. Depois, o brasileiro ainda contou o que Schumacher lhe disse quando se encontraram ao deixar o carro, no final da prova. "O que você está fazendo? Eu dei tudo e não conseguia acompanhar seu ritmo", falou o alemão. Para Barrichello, isso é uma prova de que ele vive o melhor momento da carreira e que as vitórias são apenas "uma questão de estar no lugar certo na hora certa." Em outras palavras, experimentar uma situação na pista em que exista entre ele e Schumacher algum piloto, de forma a que a Ferrari não possa ordenar nenhuma mudança de posição, como aconteceu neste domingo e no ano passado, nesse mesmo circuito. "Saio daqui como vencedor", disse Barrichello. Perguntado se faria o mesmo que Schumacher, o piloto brasileiro contou que já passou por situação semelhante, embora sem o mesmo peso de estar na Ferrari e de lutar por uma vitória. "Na Stewart, o Jan Magnussen (companheiro dele na época) deveria, pelo acordo que tínhamos, ficar com o melhor motor numa prova, mas o Jackie Stewart interveio e o deu para mim. Não era o combinado." Rubinho também lembrou que há poucos dias assinou um contrato com a equipe italiano por dois anos e, segundo ele, o documento diz, textualmente, que "os pilotos devem aceitar as decisões da equipe." Enquanto Schumacher foi vaiado pelo público e pela própria imprensa, Barrichello acabou aplaudido de pé pelos jornalistas, ao expor com delicadeza e profissionalismo, para não ferir ninguém, o porque de ter atendido à Ferrari. "Já que ficou claro como trabalha nosso time, não vejo motivo para discutirmos se tiver de passar por isso novamente." Mais tarde, com os jornalistas brasileiros, Rubinho comentou: "Desde que acordei, em nenhum momento cheguei a pensar que hoje a equipe me pediria para não vencer. Mas estou tranqüilo." Nesta segunda-feira é esperado um pronunciamento do presidente da FIA, Max Mosley, a respeito da interferência da Ferrai no resultado final da prova. E na Itália, a Associação dos Consumidores anunciou que entrará com um recurso na Justiça contra o ocorrido na Áustria. Afinal, existe no país uma loteria que leva em conta a classificação dos pilotos nos GPs e o resultado da corrida foi claramente manipulado.

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