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Schumacher desafia demais escuderias

O piloto alemão deixou escapar durante a corrida, em uma conversa pelo rádio, que podia ter parado para um café que ainda sim venceria na Malásia.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Se existe um piloto e uma equipe que se apresentam com chances bem maiores que as de seus adversários de vencer o GP do Brasil, dia 1º, eles são, sem dúvida alguma, Michael Schumacher e a Ferrari. Neste domingo, no GP da Malásia, o piloto alemão prosseguiu com seu virtuosismo nas apresentações solo iniciada ainda na prova de Monza do ano passado: Schumacher venceu, de forma espetacular, pela sexta vez seguida na Fórmula 1. Nunca um segundo lugar foi tão pouco comemorado por Rubens Barrichello, que criticou o companheiro de Ferrari. David Coulthard, terceiro, prometeu uma McLaren bem diferente para a corrida de Interlagos. Já estão faltando adjetivos para qualificar a competência de Michael Schumacher dentro das pistas. Fora dela, porém, continua o mesmo. Logo depois de cruzar a linha de chegada, com 28 segundos de vantagem para o primeiro adversário da Ferrari, Coulthard, ele afirmou na sua frequência de rádio: "Foi uma disputa chata, Ross (Ross Brawn, diretor técnico do time italiano). Eu podia parar e tomar um café que ainda assim venceria." Os geradores das imagens do GP da Malásia disponibilizaram num canal da TV digital o diálogo e muita gente ouviu. Agora a versão do piloto: "Eu não disse isso", respondeu. "Falei que foi uma competição excitante e que deveríamos continuar dando de tudo de nós porque nossos adversários exigirão muito mais no futuro." E Schumacher não refletiu no rosto a cor mais tradicional da sua escuderia, o vermelho. Na terceira volta da corrida parecia que Schumacher e Rubinho haviam ensaiado uma movimento conjunto para sair da pista juntos, na curva 6, em alta velocidade. "Vi a barreira de pneus crescer na minha frente e achei que seria minha vez", falou, referindo-se a abandonar a prova. A chuva começara a cair naquele instante, vários pilotos perderam o controle do carro e desistiram, como Jacques Villeneuve, da BAR, Kimi Raikkonen e Nick Heidfeld, Sauber, Eddie Irvine, Jaguar, Juan Pablo Montoya, Williams, e Enrique Bernoldi, Arrows. Não houve quem não fosse parar na grama ou mesmo na caixa de brita pelo menos uma vez. O Safety Car entrou na disputa na 4ª volta e só saiu depois de a forte chuva diminuir, na 11ª. "Tive muita sorte de manter-me na corrida e sem que minha Ferrari fosse afetada." Todos, até seus colegas, se impressionaram com o que se passou a seguir. Schumacher era o 11º colocado na hora que o Safety Car saiu da pista e seis voltas mais tarde ele já assumia a liderança. O alemão ultrapassava a todos com enorme facilidade. Ele explicou uma das razões: "Tanto eu quanto Rubens tínhamos os pneus intermediários, enquanto a maioria optou pelo de chuva intensa." Para aquelas condições, contou, a escolha mostrou-se bem mais apropriada: "Havia muita água em alguns trechos e quase nenhuma em outras. Os pneus para chuva forte se degradariam rápido." Pela primeira vez desde que Schumacher e Rubinho tornaram-se companheiros de equipe, ano passado, as tensões dessa relação foram abertamente expostas. Quando o Safety Car saiu da prova, na 11ª volta, Rubinho estava em décimo, uma posição à frente de Schumacher, que perdera mais de um minuto nos boxes, entre aguardar Rubinho sair para poder ser atendido e o seu pit stop. O brasileiro parou primeiro para trocar os pneus de asfalto seco pelos intermediários. O alemão ultrapassou Rubinho na passagem seguinte. O brasileiro protestou. ?É irrevelante saber qual o diálogo que Rubens manteve com a equipe. O que importa é que eu estava bem mais veloz que ele e não vejo por que não ultrapassá-lo." Ele (Rubinho) alega não esperar a ultrapassagem depois de existir um acordo feito por rádio. "Não acho que esse seja o caso, era só ele olhar nos espelhos para compreender que eu estava lutando pela sua posição. "Rubinho estava sentado ao seu lado, na sala de entrevistas. A seguir Schumacher aproveitou para atingir o companheiro ao lembrar que ele se envolveu em acidentes com dois alemães, ainda na largada das duas primeiras etapas do campeonato. Na Austrália, ao ganhar a posição de Heinz-Harald Frentzen os dois se tocaram e o piloto da Jordan acabou rodando, na freada da primeira curva, a roda dianteira direita da Ferrari de Rubinho tocou na traseira esquerda da Williams de Ralf e ele rodou também. Os alemães não devem mesmo estar muito contentes com Rubens. É sob esse clima tenso dentre os dois que eles se apresentam para o GP do Brasil. Em nenhum momento a McLaren foi adversária para a Ferrari neste Mundial. "Sim, estou surpreso com a diferença entre nós", revelou o alemão. Mika Hakkinen, também da McLaren, terminou em sexto, 48 segundos atrás. Quanto às estatísticas impressionantes de sua carreira, comentou: "É muito bom ouvir você (referindo-se ao repórter) dizer esses números, mas o que conta para mim são apenas as vitórias e os títulos." A seguir confirmou o que todos sabem: "A Ferrari é o carro a ser vencido este ano."

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