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Schumacher sonhava com esta vitória

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Por Agencia Estado
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Até os alemães já chegaram a essa conclusão: a Fórmula 1 está perdendo a graça. Michael Schumacher venceu de novo, e desta vez a corrida que tanto desejava chegar em primeiro com a Ferrari, o GP da Alemanha. "Eu estava sonhando com esse resultado há muito tempo", afirmou o excepcional piloto. Foi a nona vitória dele na temporada, em 12 etapas disputadas, igualando outro recorde, estabelecido por ele mesmo três vezes, em 1995, 2000 e 2001 e Nigel Mansell, com Williams, em 1992. Schumacher não escondeu sua torcida pelo irmão, Ralf, da Williams, terceiro colocado, atrás do companheiro, Juan Pablo Montoya, em detrimento de Rubens Barrichello, quarto neste domingo. "Seria maravilhoso ver Ralf em segundo." Nas três provas que não venceu este ano, com o histórico modelo F2002 da Ferrari, Schumacher terminou duas vezes em segundo e uma em terceiro. Antes das corridas começarem, o que se sabe hoje na F1 é que Schumacher fatalmente irá vencer. Caso seus adversários tenham um pouco de sorte, poderá classificar-se em segundo e, em caso extremo, em terceiro. Em outras palavras: do pódio ele não abre mão. O que está no ar agora é quando essa situação de previsibilidade total de resultado será mudada, para o bem do interesse da Fórmula 1. Mas enquanto Schumacher realizava outro sonho, dentre tantos que viu concretizar-se este ano, restou a todos ouvir e aplaudir sua competência: "Há 7 anos, desde que estou na Ferrari, eu esperava vencer aqui, diante da minha torcida", falou. "O que consegui é muito significativo para mim, devo agradecer a Deus." E a tão sonhada vitória em Hockenheim veio acompanhada do seu estilo de vencer: pole position, primeira colocação e melhor volta. Schumacher contou que precisou planejar o resultado. "Eu temia pelos meus pneus (Bridgestone) que começaram a fazer bolhas. Tive de lutar para manter a vantagem que possuía sobre Ralf." O irmão manteve-se em segundo até a quatro voltas do fim, quando a equipe o chamou para o box a fim de realizar um ajuste no motor BMW. Com isso, Montoya assumiu a segunda colocação. O colombiano foi favorecido também por um problema com Rubens Barrichello, que perdeu tempo nos boxes, na sua segunda parada (volta 46 de um total de 67). O forte calor de 29 graus colocou à prova a resistência dos pneus. "Com meu segundo jogo, depois do primeiro pit stop (volta 27), o carro melhorou bastante e aumentei o meu ritmo", explicou Schumacher. Três voltas antes de fazer a segunda parada (volta 47), Schumacher estabeleceu a melhor volta do GP da Alemanha, 1min16s462, à média de 215,3 km/h. A esta altura, Ralf estava já a 8 segundos e um décimo do piloto da Ferrari. "Ralf teve de entrar nos boxes e pude controlar ainda melhor a corrida", contou Schumacher, que mais uma vez não teve adversários. A decepção na festa programada para o piloto alemão veio da própria torcida. Cerca de 100 mil ingressos dos 120 mil colocados à venda acabaram sendo comercializados. As reações ou mesmo as manifestações dos fãs ao piloto não foram diferentes das de outras provas na Alemanha, apesar do quinto título conquistado por Schumacher no GP da França, ou seja, uso contínuo de buzinas de ar, exposição de bandeiras e uso de camisetas e bonés da Ferrari. Schumacher viveu outro momento de rara emoção cerca de duas horas depois da bandeirada. A rede de televisão alemã RTL tinha programado uma surpresa para o piloto. Com sua presença no paddock, área atrás dos boxes, e ao vivo, o apresentador da RTL lhe ofereceu um presente. Quando Schumacher retirou o pano, compreendeu de imediato o que era: seu Reynard-Volkswagen com que competiu no Campeonato Alemão de Fórmula 3 de 1989 e classificou-se no final em terceiro, pela equipe de seu atual empresário, Willi Weber. "Era o único carro que pilotei que não possuía na nossa exposição em Kerpen", explicou Schumacher. Ele e o irmão têm na cidade onde cresceram uma exposição permanente de equipamentos usados durante seus anos de automobilismo. "Agora vou descansar, relaxar com a minha família." A Fórmula 1 terá um intervalo de três semanas até a próxima etapa do Mundial, dia 18 em Budapeste, na Hungria. Até o fim de agosto os testes estão proibidos para que os funcionários das equipes permaneçam com suas famílias por alguns dias, já que agora a Europa está em férias escolares. Depois de Schumacher, Montoya, Ralf e Barrichello, classificaram-se David Coulthard, McLaren, em quinto e Nick Heidfeld, Sauber, sexto. Felipe Massa, da Sauber, teve de deixar o companheiro passar e ficou em sétimo, enquanto Enrique Bernoldi, Arrows, fazia outra bela corrida quando o motor Ford quebrou na 48ª volta.

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