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Suportar pressão é o desafio de Burti

O piloto brasileiro da Jaguar, Luciano Burti, está tendo de provar que além de veloz, como fez na Austrália, também é forte psicologicamente.

Por Agencia Estado
Atualização:

Para quem está praticamente estreando na Fórmula 1, não deve ser fácil ouvir do diretor da equipe, Niki Lauda, que "Pedro de la Rosa será piloto da Jaguar na próxima temporada." Luciano Burti está tendo de provar que além de veloz, como fez na Austrália, psicologicamente é muito forte também. Por uma semana ele preparou-se fisicamente em regime integral, sob o forte calor de Bali, para a próxima corrida do campeonato, o GP da Malásia, dia 18. Sua missão é enfrentar os desafios da Fórmula 1 e a incoveniência de seus dirigentes anacrônicos. Se o que os integrantes da Jaguar, time da Ford, necessitam para responder ao enorme fracasso no último Mundial é de tranquilidade, com toda certeza Niki Lauda não está contribuindo com nada, seguindo os mesmos passos da sua desastrosa passagem como assessor da Ferrari. Ao adiantar que o espanhol Pedro de la Rosa deixará de ser piloto de testes para assumir a vaga de titular ano que vem, Lauda colocou em xeque o futuro de Luciano Burti na equipe. Mais do que isso: deu um nó na cabeça do piloto brasileiro ainda na primeira etapa da competição. O irlandês Eddie Irvine assinou contrato de três anos e este é segundo dele na Jaguar. "Tenho de me desligar dessa pressão toda e realizar o meu trabalho, como acredito que fiz em Melbourne", diz Burti. A forma de tratar o piloto na sua segunda prova na escuderia (a primeira foi no GP da Áustria do ano passado) também reflete a estranha filosofia dos homens que hoje mandam na Jaguar. Na classificação para o grid, sábado, uma suspensão do modelo R2 da Jaguar quebrou numa curva de alta velocidade, lançando o brasileiro na barreira de pneus. Por sorte não se feriu. Ao retornar rapidamente para os boxes, a fim de tentar uma melhor colocação com o carro reserva, preparado para Eddie Irvine, Burti foi recebido com desprezo, acusado de causar outro acidente e impedido de sair com o modelo reserva. Na sexta-feira ele cometera um erro e tocou de leve num muro. Só mais tarde os mecânicos descobriram que a quase destruição do carro, no sábado, teve origem no rompimento do braço da suspensão que a conecta ao conjunto mola-amortecedor. "Eles me pediram desculpa e lhes respondi que isso é perfeitamente normal", falou o piloto, evitando sempre qualquer polêmica. Por conta do erro de interpretação de Niki Lauda e de Bobby Rahal, ex-piloto da Fórmula Indy, hoje outro diretor da Jaguar, o time que eles dirigem assistiu a seu segundo piloto largar em último no grid, condição pouco condizente com os investimentos milionários que a Ford faz no seu programa de Fórmula 1. Uma das maiores dificuldades para os pilotos em Sepang, no próximo fim de semana, será suportar o calor do verão da Malásia, país localizado praticamente na linha do Equador. "Tenho informações de que a temperatura gira em torno dos 40 graus, com uma umidade de 90%", disse hoje Burti. Junto de seu preparador físico ele praticou corridas, remo e fez musculação. "Ano passado o Irvine andou bem na prova com nosso carro, classificando-se em sexto. É um bom sinal, espero que meus três dias lá sejam bem diferentes dos da Austrália." Ele acredita na evolução dos times da Michelin, ou seja, Williams, Jaguar, Benetton, Prost e Minardi. "Para uma primeira corrida, como a deles em Melbourne, diria que foi ótimo, apesar de estar atrás ainda da Bridgestone", comentou. "De posse das informações adquiridas, a Michelin desenvolveu um pneu especial para Sepang." A Williams foi a escuderia que mais o impressionou. "Mesmo com um pneu mais lento, como o nosso, o Ralf Schumacher ficou a oito décimos de segundo do Michael Schumacher no grid." Chamou a sua atenção também o fato de a McLaren começar a temporada atrás da Ferrari, tecnicamente. "Costumava ser ao contrário."

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