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Troca de donos e de mentalidade deixam a Fórmula 1 mais 'humana'

Agora controlada por americanos, categoria abre mão do tradicionalismo e investe na interação com os torcedores

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Por Ciro Campos e
Atualização:

A tradicional e europeia Fórmula 1, quem diria, aos poucos se torna mais americana e inovadora. A compra da categoria no fim do ano passado pelo grupo Liberty Media, dos Estados Unidos, pelo equivalente a R$ 27 bilhões começa a mostrar diferenças principalmente em um âmbito pouco explorado anteriormente: a interação com os fãs ao redor do mundo.

O GP da Itália, neste domingo, em Monza, será a grande oportunidade de a nova visão dos donos ficar mais aparente. A fanática torcida da Ferrari vai lotar o autódromo para apoiar Sebastian Vettel, ocasião propícia para os novos donos continuarem o trabalho de aproximação entre o circo da Fórmula 1 e o público.

Sebastian Vettel é cercado por fãs na chegada ao autódromo de Monza Foto: Andrej isakovic/AFP

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A saída do antigo chefe da categoria, Bernie Ecclestone, pela entrada de uma empresa americana da área de comunicação tem apresentado diferenças na gestão da categoria.

Os novos donos trazem principalmente um viés americano de lidar com o esporte, mais voltado à transformação da disputa como espetáculo e entretenimento. As redes sociais da categoria começaram neste ano a exibir vídeos, por exemplo.

O grande momento desse processo teve início no GP da Espanha, a primeira etapa europeia do calendário. Os organizadores montaram um espaço para o público com simuladores e tirolesa. Na mesma prova, um garoto francês de seis anos chorou ao ver Kimi Raikkonen sair da prova. O departamento de marketing realizou logo depois um encontro entre fã e piloto, filmado na transmissão.

Em julho, em Londres, a Fórmula 1 levou ao centro da cidade cerca de 100 mil pessoas para uma exibição dos carros do grid, junto com modelos antigos da categoria. "A mudança é trazer o lado humano para perto da torcida, que é o jeitão americano de fazer. Eles querem promover o lado humano, que sempre ficou ofuscado", afirmou Luciano Burti, comentarista e ex-piloto.

A TV Globo, emissora oficial da Fórmula 1, afirmou ter registrado neste ano em São Paulo dez pontos da média parcial de audiência das corridas, a maior dos últimos cinco anos. Estudos contratados pelo canal mostram que a categoria é o esporte que mais cresceu nas mídias sociais em 2017.

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Por outro lado, o promotor do GP do Brasil, Tamas Rohonyi, vê com cautela essas mudanças. "Ainda não acho que eles entenderam a complexidade do negócio. A Fórmula 1 é extremamente complicada e resistente a mudanças. Não veremos grandes alterações na forma de disputa", disse.

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