Villeneuve pára e Sato corre em Suzuka

O piloto canadense desistiu de participar da última prova da temporada e a BAR escalou Takuma Sato para a corrida no circuito japonês.

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Por Agencia Estado
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O campeão do mundo de 1997, o canadense Jacques Villeneuve, já havia antecipado em Monza: "Pode ser que eu nem mesmo dispute o GP do Japão." E estava mesmo dizendo a verdade. Hoje o piloto da BAR pediu a Craig Pollock, seu empresário, que solicitasse a David Richards, diretor da equipe, para não correr em Suzuka. Um dia antes Villeneuve ficou sabendo que seu contrato não seria renovado. O japonês Takuma Sato, piloto de testes da BAR e confirmado como titular para 2004, já assumiu a vaga. Falando com os jornalistas ingleses, Richards contou que viajava no trem-bala de Tóquio para Nagoya, hoje, quando recebeu um telefonema. "Era Pollock. Respondi que se Jacques não queria correr então que não corresse." Segundo a própria imprensa inglesa, o canadense teria batido o telefone na cara de Richards ao ser comunicado que estava fora dos planos da equipe. Aos recentes ataques irônicos do canadense à sua decisão, Richards declarou: "Atualmente ele é mais competente na ironia que dentro da pista." Ao lado de Michael Schumacher, Villeneuve era o único campeão do mundo em atividade. "Prefiro parar de competir a disputar outra categoria. Depois de conhecer a Fórmula 1, o restante fica meio sem sentido", disse o canadense em Monza. A chegada do filho do mito Gilles Villeneuve no Mundial, em 1996, foi triunfal. Na temporada seguinte ao conquistar o título da Cart e vencer as 500 Milhas de Indianápolis, classificou-se em segundo no primeiro ano na Fórmula 1 para, no campeonato posterior já ser campeão, com a Williams. Correu 49 vezes com o time de Frank Williams e venceu 11, com 13 pole positions. Já o desafio da BAR transformou-se num pesadelo, embora tivesse ganhado muito dinheiro. Largou em 81 GPs e o máximo que obteve foi dois pódios, dois terceiros em 2001, na Espanha e na Alemanha. Somou, no total, 39 pontos. Este ano conseguiu 6 pontos enquanto o companheiro, Jenson Button, 12. No início da temporada, afirmou: "Se eu não bater Button é melhor eu abandonar a Fórmula 1. Quem é Button, o que ele já fez?" Desde então a relação entre os dois sequer foi respeitosa por vezes. Hoje Button comentou a saída do desafeto, com a mesma ironia usada pelo canadense. "É uma pena ele não estar mais aqui." Richards, na realidade, já havia se decidido pelo futuro de Villeneuve ano passado. Só não o substituiu neste campeonato porque teria de pagar o valor integral do contrato mais uma multa. "Vocês não acham que ganhar 22 milhões de euros por ano é muito para um piloto?" questionou Richards aos jornalistas, este ano, tão logo desembarcou em Montreal. No dia seguinte os jornais canadenses lançaram a declaração em manchete. "Quando os li senti-me apunhalado pelas costas", disse em Monza Villeneuve sobre o episódio. Agora acabou tudo. A Fórmula 1 perde, salvo uma grande surpresa, seu último piloto com personalidade para dizer o que pensava.

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