Publicidade

A medalha de prata em 1984 virou ouro para o futuro do vôlei brasileiro

Brilhante campanha da seleção nos Jogos Olímpicos de Los Angeles completa 30 anos; trajetória mudou a história do esporte no País

PUBLICIDADE

Por Diego Salgado
Atualização:

Dois títulos olímpicos, três mundiais e nove conquistas da Liga Mundial da seleção brasileira masculina de vôlei colocam o País no topo do esporte. Na década de 2000, otime do Brasil teve uma hegemonia poucas vezes vistas na história do esporte. Toda essa trajetória vitoriosa do Brasil teve um pontapé inicial. O caminho de glórias começou em 1984, há exatos 30 anos, com a incrível campanha brasileira nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, quando a prata conquistada se transformouem ouro para a história do vôlei nacional.

PUBLICIDADE

A geração de prata, comandada por Renan, William, Bernard, Xandó, Amauri, Montanaro e Fernandão, inspirou garotos depois dos resultados obtidos no começo da década de 1980. Além da prata em Los Angeles, o time treinado por Bebeto de Freitas venceu o Mundialito do Rio, em 1982, além do Pan-Americano de Caracase do Sul-Americano, em 1983. Um ano antes, ficou com o vice-campeonato mundial na Argentina, depois de um terceiro lugar na Copa do Mundo disputada no Japão, em 1981.

Com o sucesso em quadra, os garotos do Brasil começaram a praticar o esporte e, oito anos depois, o País conquistou a tão esperada medalha de ouro, naOlimpíada de Barcelona, em 1992, sob o comando do técnico José Roberto Guimarães. "A geração de prata foi fundamental. Ela marcou em episódio extremamente importante no vôlei no País. Eles abriram o caminho. Foi um marco de jogadores talentosos. O mundo começou a ver o Brasil de um jeito diferente", disse.

Medalha de prata em 1984 virou ouro para o vôlei brasileiro Foto: Domício Pinheiro/Estadão - 21/08/1984

Para o técnico tricampeão olímpico (duas vezes com a seleção feminina, em 2008 e 2012), a prata em Los Angeles valeu ouro. "É uma escola que não se podeabrir mão. Temos de agradecer as gerações anteriores por ensinar a atual geração", afirmou.

CAMPANHAA derrota para a União Soviética na final do Mundial da Argentina no dia 15 de outubro de 1982 foi vingada depois nove meses depois. No dia 26 de julho de 1983, o Maracanã recebeu 94 mil torcedores para assistir à vitória por 3 sets a 1 sobre os rivais. O time soviético, no ano seguinte, não disputou os Jogos Olímpicos devido ao boicote do bloco comunista ao evento organizado pelos Estados Unidos.

Sem os tricampeões olímpicos (1964, 1968 e 1980), o Brasil chegou à competição como um dos favoritos. No Grupo A, a seleção conquistou duas vitórias seguidas,sobre Argentina (3 a 1) e Tunísia (3 a 0). Depois, o time foi surpreendido pela Coreia do Sul ao perder por 3 a 1. Com duas vagas para as semifinais nachave, o Brasil entrou em quadra contra os Estados Unidos precisando da vitória. Mesmo com a torcida contra, o time venceu por 3 a 0 e garantiu aclassificação como líder.

Na semi, o Brasil voltou a jogar bem e bateu a Itália por 3 sets a 1. Os norte-americanos, por sua vez, passaram pelo Canadá, que havia sido líder do GrupoB. Na decisão pela medalha de ouro, a seleção brasileira não conseguiu repetir a atuação da fase de grupos a acabou derrotada por 3 sets a 0, com parciais de 15/6, 15/6 e 15/7. 

Publicidade

Time de 1984 começou a ser montado ainda no fim da década de 1970 Foto: Claudine Petroli/Estadão - 21/03/1984

LEGADOAlém dos exemplos em quadra, a geração de 1984 mudou a concepção de planejamento no vôlei. A partir dela, o ciclo olímpico passou a ser mais pensado, maisorganizado. A seleção, desde a chegada de Bebeto de Freitas ao comando do time, contava com os assistentes Jorge Barros de Araújo (Jorjão) e José CarlosBrunoro (então técnico da Pirelli), cada um com uma função tática específica, de ataque ou defesa. Na preparação física estava Major Paulo Sérgio Rocha, responsável pela implantação demétodos novos - nos treinos, os jogadores chegavam a subir mais de 100 degraus de uma escadaria.

A geração de prata ainda criou duas formas inovadoras de sacar. Bernard inventou o "jornada nas estrelas", jogando a bola nas alturas. O "viagem ao fundo do mar", por sua vez, perdura até os dias atuais e acabou utilizado em 1984 para ajudar o time brasileiro, que tinha baixa média de altura (1,87m). Criado por William, Renan e Montanaro, os saques se transformaram em ataques no fundo da quadra. A bola deixou de ser apenas reposta e dificultou a vida da recepção.

Além de Renan, William, Bernard, Xandó, Amauri, Montanaro e Fernandão, o time de Bebeto de Freitas ainda contava com Badá, Marcus Vinícius, Bernardinho,Maracanã e Rui Campos. Do grupo, apenas Badá não manteve ligação com o esporte.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.