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'Com certeza o Leal tem todos os pré-requisitos para ajudar a seleção'

Técnico do Brasil no vôlei avisa que vai conversar com cubano naturalizado e espera contar com ele a partir de abril

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Por Paulo Favero
Atualização:

Renan Dal Zotto assumiu a seleção masculina de vôlei em janeiro do ano passado, quando o amigo Bernardinho passou o bastão após um período vencedor. Desde então, o treinador assumiu o trabalho, mas com um estilo diferente, e tratou de manter o Brasil no topo. A equipe encerra o ano como líder no ranking mundial e ciente dos desafios para a próxima temporada. O principal é garantir a vaga olímpica para os Jogos de Tóquio, em 2020. Nesta entrevista ao Estado, Renan comenta sobre seus objetivos e a possível convocação do cubano naturalizado brasileiro Leal para reforçar a seleção.

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Você será homenageado como o melhor técnico de 2018 nos esportes coletivos no Prêmio Brasil Olímpico. Qual é o peso disso?

É muito bacana. É um prêmio bastante importante e vou lá receber em nome de toda comissão técnica e jogadores. Simplesmente estarei lá representando cada um deles. Os jogadores compraram a briga, acreditaram, mesmo com todas as dificuldades. Tivemos lesões importantes, mesmo assim todos se superaram. Eles merecem esse prêmio.

Renan Dal Zotto, técnico da seleção brasileira masculina de vôlei Foto: Massimo Pinca/Reuters

Qual balanço você faz da temporada da seleção brasileira masculina de vôlei?

Foi um período positivo. Disputamos algumas competições importantes, fomos vice-campeões mundiais, ganhamos a Copa dos Campeões ano passado e o Sul-Americano. Na Liga das Nações, fomos vice e quarto lugar. Os resultados foram interessantes e o maior desafio é sempre manter o Brasil entre os primeiros. Saiu o ranking e continuamos na primeira posição. O Brasil mantém isso há muitos anos, dificilmente a seleção fica fora de semifinal, mesmo com o vôlei cada vez mais equilibrado e globalizado. O Brasil está sempre fazendo a parte dele e isso é um reflexo da Superliga, uma competição equilibrada, e do trabalho dos clubes no dia a dia e na formação de atletas. Jamais podemos dizer que os resultados da seleção não venham de uma cadeia muito bem trabalhada.

É muito duro para qualquer profissional assumir a seleção após um período vencedor com Bernardinho. Os bons resultados mostram que o caminho está correto?

Os trabalhos desenvolvidos tanto no masculino quanto no feminino são excepcionais. A seleção sempre consegue manter um nível espetacular. Esse era o desafio, manter nosso voleibol entre os primeiros. A missão era extremamente dura para qualquer um que entrasse. Nós, que estamos há “uma vida” no alto rendimento, usamos essa pressão para trabalhar muito mais. O Bernardinho é insubstituível. Tudo que ele construiu está imortalizado. Nossa missão é dar sequência e manter o mais próximo possível. Se hoje a seleção tem bons resultados, é porque realmente o Brasil trabalha bem o voleibol.

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Você é um profissional com muitos anos de envolvimento com o vôlei. Existe preocupação com o futuro dele no País?

É uma pauta extensa, cada um tem uma ideia, eu gostaria muito de ver nesse futuro governo o desenvolvimento do esporte nas escolas. Valorizar isso e desenvolver a prática esportiva dentro da escola. Vai dar reflexo, inclusive, no alto rendimento, terá reflexos sociais, de saúde, de segurança, mais atletas.

Você vem fazendo uma renovação na seleção brasileira e ela deve continuar no próximo ano. Em que pé está isso?

Na seleção, a gente fica preocupado com duas coisas: resultado e renovação. Tem de criar espaço para que esses garotos joguem cada vez mais em nível internacional. O bacana é que a gente percebe que a realidade no mundo mudou bastante. Você vê garotos, mas também atletas maduros atuando no alto rendimento. Antes não passava pela cabeça um jogador de 36 anos em alto rendimento. A longevidade é maior. Claro que vamos levar o que tiver de melhor para as principais competições internacionais, e nas menores vamos abrir espaço para a garotada jogar.

Há bons jovens valores chegando no voleibol nacional?

Tem sim. A seleção sub-19 retomou a hegemonia na América do Sul e isso é importante, pois a Argentina trabalha bem a base. Como temos cinco competições internacionais no próximo ano, em algumas delas vamos pensar em colocar mais em ação a garotada mais jovem. Esses atletas precisam jogar em nível internacional.

No próximo ano você poderá contar com o Leal. Você tem intenção de convocá-lo?

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Agora é real. A partir de abril ele tem condições. Pretendo dar um pulo na Itália para falar com alguns jogadores que estão atuando lá e quero conversar com ele, para ver o que pensa. É um cara que pode agregar muito valor ao time. Não descarto a possibilidade de ele estar com a gente. Mas quero falar e ver o que ele pensa. Com certeza tem todos os pré-requisitos para ajudar a seleção.

Os jogadores vão aceitá-lo?

Ele trabalhou muitos anos no Brasil, está jogando lá com o Bruno, é um cara que tem uma relação próxima com o Brasil, conhece o treinamento, os atletas. Quanto a isso, não terá problema algum.

Quais são os objetivos em 2019?

Vamos disputar a Liga das Nações, depois o Pan em Lima, o Sul-Americano e a Copa do Mundo. Entramos em todas as competições com foco total em pódio. Mas planejamento técnico é sem dúvida para a classificatória olímpica, em agosto. É a competição mais importante do ano. Quatro equipes em um grupo. Classifica só o primeiro colocado. A pressão pela vaga é monstruosa.

Você está aí “de molho” em Florianópolis após a cirurgia no joelho. Como está sendo a recuperação e quando estará bom?

Acabei tendo edema ósseo, fiz correção no joelho, que se chama osteotomia, e preciso ficar três meses sem colocar o pé no chão. Em janeiro, acho que já posso viajar. Mas estou usando muleta e cadeira de roda.

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Você tem visto partidas da Superliga. Qual é sua avaliação do campeonato até agora?

Vejo cinco ou seis equipes brigando pela liderança numa competição bastante equilibrada. Está me agradando. Alguns clubes estão abrindo espaço para garotos jovens e essa mescla de experiência com juventude é muito bacana. É o modelo de Brasil que sempre deu certo, com garotos tendo oportunidade de representar seus clubes. Sem falar de bons estrangeiros que ajudam a elevar o nível do torneio.

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