Tandara critica a presença de atletas transexuais no vôlei: 'Minha opinião não muda'

Durante participação em um podcast, a oposta da seleção brasileira disse respeitar Tiffany, primeira trans do esporte no Brasil e possível companheira no Osasco

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Por Redação
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O caso envolvendo Tiffany, a primeira atleta trans do vôlei brasileiro, sempre causou opiniões divididas. Médicos, treinadores e jogadoras já foram questionados se a oposta, hoje atuando no Osasco, deveria estar jogando entre mulheres. Tandara, jogadora da seleção brasileira e suspensa provisoriamente por doping durante a disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio, participou recentemente do podcast "Oz Pod" e, mais uma vez, criticou a participação de atletas transexuais no vôlei feminino. Ocorre que ela e Tiffany agora estão no mesmo time.

Embora afirme "respeitar a opinião da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei)", Tandara disse que sua posição sobre o tema continua a mesma. Três anos atrás, a também jogadora do Osasco se mostrou contrária à inclusão de Tiffany na Superliga. Caso consiga provar sua inocência em relação ao uso da substância proibida ostarina, considerada um anabolizante, as duas poderão jogar lado a lado na equipe paulista. Procurado pelo Estadão, o Osasco Voleibol informou que "está focado unicamente no primeiro jogo da final do Campeonato Paulista que será disputado hoje à noite".

Tandara voltoua criticar presença de atletas transexuais no esporte. Foto: Divulgação/FIVB

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"Primeiramente, eu vou deixar bem claro que respeito a Tifanny, nós nos comunicamos, nós nos falamos sempre, tenho um respeito muito grande por ela, sabe? Eu sei das lutas dela como ser humano, enfim... Eu acredito muito que cada um tem de ocupar o seu espaço, mesmo, e tem de brigar por isso. Em 2018, dei uma entrevista, inclusive estava aqui em Osasco, quando disse que não concordava. E realmente essa minha opinião não muda, porque acredito de verdade que não seja justo", disse Tandara no podcast.

Durante a entrevista, Tandara, associada ao movimento "Atletas pela Democracia", reforçou que não concorda com o projeto de lei proposto pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que busca proibir a atuação de jogadoras como Tiffany no Estado, mas considera que a entrada de outras atletas trans no vôlei feminino tira a oportunidade de futuras jogadoras. 

"Se autorizaram, já era, é o direito adquirido. Só que não concordo com outras trans entrarem no esporte. Porque vai tirar o espaço de uma outra jovem, que está crescendo e buscando isso", disse a oposta. 

Tiffany, oposta do Osasco, é a primeira e única atleta trans do vôlei feminino profissional no Brasil. Foto: Reprodução/Twitter

Depois de dizer que respeita Tiffany como ser humano, a campeã olímpica em Londres-2012 adicionou que, se tudo der certo, não vê a hora de jogarem juntas, algo que nunca aconteceu. Tandara ainda revelou que teve participação na transferência de Tiffany para o Osasco, a pedido do técnico Luizomar de Moura.

"Querendo ou não, a vinda dela para Osasco teve muito a minha influência. O Luizomar entrou em contato comigo, pediu: 'Liga pra ela'. Como eu já fazia parte do time, ele me ligou para que a gente conversasse. Eu fui uma das principais pessoas a ligar para ela e falar: “Vem jogar comigo. Vamos jogar junto. Vai ser bacana. Vamos ter essa experiência". Tanto que ela até brinca: "Tem a pitbull, e eu sou a Rottweiler", brincou a jogadora da seleção. 

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Após a classificação para a final do Campeonato Paulista, Tiffany agradeceu Luizomar e se mostrou ansiosa para o retorno de Tandara à equipe. "Queria agradecer ao Luiz por essa oportunidade, por acreditar em mim, tô orando pra chegar logo a Tandara pra dividir um pouco comigo essa responsabilidade, mas até lá, eu vou tentar fazer o meu melhor e tentar ser campeã com essa equipe linda, que merece."

Osasco e Barueri começam a disputar o título paulista de 2021 nesta sexta, no Ginásio Esportivo José Liberatti, em Osasco.

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