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Vamos jogar Olimpíadas com ferida aberta, diz Bernardinho

Técnico da seleção brasileira masculina de vôlei afirma que a equipe terá que passar por uma reconstrução

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Por Pedro Fonseca
Atualização:

A ferida pela perda da medalha diante da torcida tem que ser lembrada em Pequim pela seleção brasileira masculina de vôlei para que o time recupere sua história de conquistas, afirmou o técnico Bernardinho após o inesperado 4o lugar na Liga Mundial, no Maracanãzinho. Veja também:  Brasil perde para a Rússia na despedida da Liga Mundial  Jogadores vêem Brasil ainda como favorito no vôlei em Pequim  EUA batem Sérvia e são campeões da Liga Mundial de vôlei  Técnico russo fica feliz com 3.º lugar da Liga Mundial  A derrota na Liga Mundial de vôlei vai influenciar o desempenho do Brasil nas Olimpíadas? Finalista das últimas sete edições do torneio, conquistando seis títulos, o Brasil teve o pior resultado de sua história sob o comando de Bernardinho justamente na última competição de preparação para os Jogos de Pequim, quando tentará o tricampeonato olímpico. "Vamos ter que reaprender a sofrer e a sangrar, vamos ter que passar pela reconstrução", afirmou o técnico a jornalistas, em entrevista coletiva, neste domingo, aparentando uma tranquilidade maior do que em recentes vitórias da seleção. "Essa ferida pode ser boa se soubermos utilizar. Se nós tivermos que jogar feridos, vamos jogar. É importante jogarmos com um pouquinho de sangue, será bom lembrar disso", acrescentou. Às perguntas sobre um possível lado positivo da derrota como forma de alertar o time antes da Olimpíada, Bernardinho disse que não há nada de bom, mas que a equipe vai se fechar nos dias que antecedem os Jogos para corrigir os erros e tentar tirar algum proveito. Segundo o treinador, a seleção está passando pela primeira vez por um momento de falta de confiança, enquanto os adversários passaram a acreditar mais que podem vencer o Brasil. Nos últimos anos, o Brasil foi a maior potência mundial do vôlei masculino, vencendo, além de seis vezes a Liga Mundial e do ouro olímpicos em Atenas-2004, dois Campeonatos Mundiais e duas Copas do Mundo. "É extremamente prejudicial, as equipes todas ganham confiança contra o Brasil. A derrota é ruim, mas temos que encontrar alguma coisa boa nela", afirmou. Bernardinho isentou de culpa qualquer jogador individualmente, e disse que o maior culpado era ele próprio -- "o responsável pelo projeto" -- mas criticou as atuações de Gustavo e Sérgio. O técnico também voltou a reclamar da realização da fase final do torneio no Brasil, o que aumentou a pressão para uma vitória da seleção, além da desgastante viagem até a China. "O Brasil ser escolhido como sede era um risco muito grande, era um peso a mais que nós não precisávamos nesse momento", disse. Seleções candidatas ao pódio olímpico como Itália e Bulgária recusaram convites para disputar a fase final no Rio, e até o Japão, que foi convidado de última hora para preencher um buraco, mandou uma equipe reserva e deixou os titulares treinando para os Jogos. Bernardinho encerrou a entrevista afirmando que, para ele, não muda nada: "Vou continuar sem dormir. Antes era pelo favoritismo, agora pelo trabalho de reconstrução", disse.

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