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Vôlei promove ?caça? a levantadoras

Depois de dez anos de Fernanda Venturini e Fofão, meninas desconhecidas do público lutam para ocupar a função de levantadora da seleção.

Por Agencia Estado
Atualização:

O início de um novo ciclo olímpico somado à troca de técnico na seleção brasileira, à brecha deixada pela excepcional levantadora Fernanda Venturini e à necessidade de encontrar uma reserva para Fofão estão empolgando jovens talentos da Superliga. Depois de dez anos sem que surgisse alguém capaz de assumir à altura a posição, meninas desconhecidas do público se empolgam com a chance de serem escolhidas por Marco Aurélio Motta para comandar a terceira melhor seleção do mundo. Marcelle Rodrigues, do BCN/Osasco, que pela primeira vez em seis anos de carreira assume como titular um time de ponta, é citada pelos técnicos como possível selecionável. "Ela será de seleção, é inevitável", declarou o técnico do BCN, Sérgio Negrão. "A Marcelle vem segurando a equipe muito bem, mas, ao lado da Fabiana (Fabiana Berto, do Blue Life/Pinheiros), está bem distante do que a Fernanda Venturini faz com a bola." Marcelle é a terceira melhor levantadora da Superliga, com 40,58% de aproveitamento, atrás de Fernanda Venturini, do Vasco (44,32%), e Gisele (43,04%), do Flamengo. Fabiana é a sexta (39,66%). "Trabalhei seis anos para ver chegar a minha hora na seleção", disse Marcelle, de 24 anos, casada com o levantador da Uneb, Marcelo. "Falta muita coisa, sou crítica comigo mesma, mas não me intimido perto das melhores: tenho duas pernas e dois braços, como elas." Marcelle sempre foi comparada à irmã famosa, Ana Paula. Agora que a ex-meio-de-rede da seleção largou o vôlei de praia para cuidar do filho, Gabriel, a levantadora pode provar que tem brilho próprio. Diz não se incomodar com a referência da irmã. "É como ter um espelho em casa." O marido, Marcelo, já foi escalado para treinar a seu lado durante o carnaval. Marcelle não quer ficar nenhum dia longe da bola. "Tenho prazer em estar na quadra e, por isso, jogo com alegria e entusiasmo." Nem lindo nem medonho - "O quadro não é lindo, mas também não é medonho. Sabemos que não é fácil substituir a Fernanda e a Fofão, mas Marcelle e Fabiana, além de Carol (também do BCN), têm potencial", disse Ari Rabello, técnico do Pinheiros. Para ele, o início de um novo trabalho com Marco Aurélio para a Olimpíada de 2004 é o atrativo. "A renovação é necessária. Quando a Isabel saiu da seleção, surgiu a Ana Moser. A Hilma substituiu a Vera Mossa. E quem imaginaria ver uma Érika?" Marco Aurélio é otimista. Explica que se as jovens levantadoras estão equilibrando jogos da Superliga com o Vasco, de Fernanda Venturini, e o MRV/Minas, de Fofão, a situação não é tão ruim. "Não há pânico", garante. "Eu poderia pintar um quadro macabro para depois ser considerado o salvador", acrescenta Marco, observando que a atual geração foi esmagada pela anterior, mas agora sabe que tem espaço. Fofão, de 30 anos, considera a renovação tardia. Compara a seleção brasileira à da Rússia, segunda melhor do mundo no ranking, atrás de Cuba. "Sempre tem uma jogadora russa nova, que às vezes nem conhecemos, mas a cada competição elas ficam mais experientes." A levantadora quer disputar outra Olimpíada, mas já avisou Marco Aurélio que precisa de descanso. Convive com uma contusão no joelho direito, que não consegue tratar como deveria por falta de tempo. Algumas vezes, na Superliga, chega a cair no chão quando salta. "O joelho falha e não sinto o apoio da perna."

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