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Carille se reinventa, mostra versatilidade e se mantém no topo

Sem centroavante, técnico mexe na equipe e consegue conquistar o bicampeonato estadual

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Por Daniel Batista
Atualização:

Fábio Carille já tem seu nome firmado no futebol brasileiro, mas teve um novo desafio neste Campeonato Paulista e o título serviu para comprovar sua qualidade e versatilidade. O técnico do Corinthians mostrou que não é refém de um esquema tático, mas sim, adapta seu trabalho ao elenco que tem nas mãos. 

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"Eu sou abençoado. Vocês já ouviram várias vezes isso nas minhas entrevistas. Tenho um grupo maravilhoso, que compra a ideia, sabe das nossas dificuldades e procura cumprir da melhor forma possível. Estou honrado", disse o treinador corintiano.

Fábio Carille conquista o bicampeonato paulista Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Em 2017, ele surpreendeu a todos deixando de ser auxiliar técnico para virar treinador e levar o Corinthians ao título do Paulistão e do Brasileiro tendo um estilo de jogo em que todo mundo sabia como sua equipe iria atuar. Eram dois jogadores caindo pelas laterais e um centroavante, Jô, que era o responsável por marcar os gols da equipe. 

Neste ano, as coisas mudaram. Jô foi se aventurar no futebol chinês e o Corinthians perdeu sua referência na área. O clube, então foi ao mercado, tentou vários nomes de peso, contratou Júnior Dutra e uma aposta - Matheus Matias - deu nova chance para Kazim, enfim, fez de tudo para conseguir suprir a carência de um centroavante.

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Nas primeiras rodadas do Estadual, Carille tentou manter o esquema tático, mas os resultados e as atuações não eram o esperado. Assim, precisou mudar o que ele via como a formação ideal e abriu mão de ter uma referência na área. “Nós conversamos sobre esquema tático e tentamos encontrar um equilíbrio para ver o que é melhor para o time. Felizmente, tivemos poucos momentos de instabilidade, mas quando isso acontece, a gente senta e vê a melhor forma de contornar isso usando o que temos nas mãos”, disse um dos auxiliares técnicos de Carille, Leandro da Silva, mais conhecido como Cuca.

A mudança aconteceu justamente no clássico contra o Palmeiras, pela primeira fase do Paulistão, dia 24 de fevereiro. A mudança deu certo e o time alvinegro venceu por 2 a 0, na Arena Corinthians. E mais uma vez, como aconteceu no ano passado, um clássico com o rival alviverde virou um divisor de águas para o treinador.

A partir daquele dia, o Corinthians passou a ter um novo esquema tático. Ao invés do 4-1-4-1 ou 4-2-3-1, a equipe passou a adotar o 4-4-2 ou o 4-2-4, dependendo do ponto de vista. Carille até tentou a volta do esquema antigo em alguns momentos, com Júnior Dutra, mas não deu certo e abriu mão de vez da opção. 

Com isso, quem perdeu espaço foi Kazim. O turco não foi sequer relacionado para os últimos jogos do Paulistão e quem ganhou mais importância foram Clayson e Rodriguinho. O primeiro, se tornou titular absoluto e uma das válvulas de escape para os dias em que Rodriguinho e Jadson estivessem bem marcados. O segundo, ganhou uma importância maior na criação e passou a ser o principal jogador da equipe. 

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Carille, porém, sabe da importância em ter um goleador na equipe, aquela referência na área, que mesmo quando não está em um dia bom, consegue desviar uma bola ou pegar um rebote e garantir um resultado positivo, como Jô fez tantas vezes. 

Em diversas entrevistas, o treinador falou que esperava por reforços, mas entendia a dificuldade. As opções eram fracas ou muito caras. O bom e barato estava difícil. Assim, coube ao treinador se “reinventar” e mostrar que sua capacidade não se limita a trabalhar em um esquema tático fixo.  

Assim, o título do Paulista deste ano tem um gosto especial para o treinador. É a taça de quem conseguiu transformar uma adversidade em nova opção e hoje, o Corinthians tem mais de um esquema tático vencedor.

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Pessoalmente, Carille tem demonstrado maior preocupação com opiniões sobre o seu trabalho, mas quem convive de perto com ele, garante que o jeito simples permanece. “Creio que o segredo dele é esse. O mesmo Carille de 2009, quando chegou como auxiliar no Corinthians, é o que está dirigindo o time neste momento. É um cara simples demais e que merece tudo que tem conquistado”, falou o preparador físico do Corinthians e amigo do treinador corintiano. 

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