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Entenda as novas regras no futebol para bola na mão e mão na bola definidas pela Fifa

Agora, o 'sem querer' não será mais pênalti; será preciso intenção ou o braço esticado para árbitros marcarem a infração

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Por Fábio Hecico
Atualização:

Bola na mão ou mão na bola? A eterna discussão está com os dias contados. A temporada de 2020 acabou recentemente e ficou marcada por muitos pênaltis após desvio no braço de um defensor. Por vezes sem querer e até com o jogador de costas. Mesmo com o VAR, muitos clubes reclamaram das decisões polêmicas e da falta de critério. Em jogos distintos, lances semelhantes acabaram interpretados de maneira diferente, ora como normal, ora com falta marcada. E a regra acabou colocada em xeque. A International Board, em parceria com a Fifa, vai deixar mais clara a parte que cita o desvio no braço para 2021/22 e facilitará a vida da arbitragem. Nem tudo será mais falta.

Usando dois lances em jogos decisivos do Corinthians, trazemos exemplos de que a regra "não estava clara". Na queda da Copa do Brasil, diante do América-MG, Lucas Piton corria de costas e nem viu a bola bater em seu braço. Zero de intenção. Pênalti anotado, gol mineiro e eliminação paulista.

Na Copa do Brasil 2020, Corinthians foi eliminado após juiz marcar pênalti para o América-MG em lance que a bola tocou na mão de Lucas Piton, que estava de costas Foto: Reprodução / TV Globo

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Já diante do Internacional, pelo Campeonato Brasileiro, nova polêmica em jogo valendo título. Ramiro dá um carrinho para tentar cortar o cruzamento e desliza pelo chão, cortando o lance com toque da mão de apoio na bola. Falta marcada na área e invalidada após recomendação do VAR. Vale lembrar que o mesmo tipo de lance gerou diversos pênaltis apontados ao longo das 38 rodadas. Um gol podia dar a taça aos gaúchos. Ela acabou com o Flamengo.

Agora, o "sem querer" não será mais pênalti. Será preciso intenção ou o braço ampliando o corpo do defensor. “Como a interpretação dos incidentes de mão na bola nem sempre tem sido consistente devido a aplicações incorretas da lei, os membros (da International Board) confirmam que nem todo toque da mão/braço de um jogador com a bola é uma infração", informou a entidade responsável pelas regras do futebol.

"Ela está tentando esclarecer a confusão que ela criou. E quem tenta explicar muito é porque não tem convicção do que está explicando", protestou o ex-árbitro Arnaldo Cezar Coelho. "Sempre foi assim. Nem todo toque na mão é falta ou pênalti, mas ela querendo explicar carrinho, mão de apoio, braço aberto, braço para lá, braço para cá... confundiu. A imagem do VAR ajuda o juiz apenas a dar pênaltis. Não é certo."

"Estão consertando um erro que cometeram. Como pode tudo o que bater na mão ser pênalti?", endossou Wagner Tardelli, ex-árbitro Fifa, que não poupa a entidade. "Eles banalizaram a penalidade. Ela foi inserida na regra para facilitar o gol. Mas em lances que o jogador faria o gol, com chance real e ocorresse a ocupação de seu espaço ou fosse interceptado", enfatizou. "Com essa regra, qualquer um com mais habilidade conseguiria muitos pênaltis."

Wagner Tardelli não admite ver uma bola na mão em um atleta de lado ou de costas virar pênalti. E ainda reprova o VAR. "Não fez nada de bom para o futebol, foi criado para onerar os clubes. Demora até oito minutos para decidir um lance. E é comandado por um João da Silva, não por um robô ou computador, e vai ter o erro do mesmo jeito. Sua criação era para erro zero."

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Arnaldo Cezar Coelho também não aprova o uso do VAR em muitos desses lances e crê que a marcação dos pênaltis vai cair com o "esclarecimento" da International Board. "Espero que reduzam bastante os pênaltis, pois a cada dia os árbitros inventam mais coisas no futebol."

Em relação ao critério de a mão/braço tornar o corpo de um jogador “anormalmente maior (aberto ou esticado)”, está confirmado que os árbitros devem continuar a usar seu julgamento. "Eles vão determinar a validade da posição da mão/braço em relação ao movimento do jogador naquela situação específica", completou a International Board.

Renato Marsiglia, também ex-árbitro da Fifa e comentarista de arbitragem, acha que os homens do apito vinham exagerando com as marcações depois de a regra definir que "mão na bola é falta''. Para ele, um bom senso se faz necessário na hora de impugnar um lance. Se um toque de mão ocorreu no meio de campo, a jogada seguiu e saiu o gol, não deve ser anulado em sua opinião. "Fizeram um ajuste e espero que a regra mude para melhor", pediu.

Braço aberto deliberadamente continua confirmando o pênalti. Sem intenção, nada a marcar, o que certamente diminuirá muito o número de pênaltis e de reclamações no País. Ao menos é o que esperam ex-árbitros.

Outra mudança significativa importante: antes, toda bola que batia de forma acidental na mão/braço de um jogador e sobrava para o seu companheiro anotar o gol, era anulada por marcação de falta. A partir de agora, o lance continua normalmente e a bola na rede será validada.

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