Marcelo Melo: 'As pessoas já me reconhecem na rua'
Duplista que viveu sua melhor temporada neste ano e brilhou em Wimbledon está surpreso com a vida de 'celebridade'
Entrevista com
Marcelo Melo, tenista brasileiro
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Marcelo Melo, tenista brasileiro
07 de dezembro de 2017 | 07h00
O tenista Marcelo Melo viveu a melhor temporada de sua carreira neste ano. Entre os seis títulos e as dez finais disputadas, ele realizou o sonho de ser campeão em Wimbledon. Também voltou ao topo do ranking, tanto da lista individual quanto na de duplas da ATP, ao lado do polonês Lukasz Kubot. Entre tantas conquistas, vive situação inédita fora das quadras: passou a ser reconhecido nas ruas.
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“Isso ainda é um pouco novo para mim, aumentou mais depois de Wimbledon”, revela o duplista, em entrevista ao Estado. “Até pessoas que não acompanham o tênis entendem a importância de ganhar este torneio (em Londres) e de ser o número 1 do mundo.”
Na conversa, o mineiro de 34 anos, conhecido como “girafa”, revê sua temporada, a primeira completa ao lado de Kubot, e garante ter motivação para evoluir e seguir no topo. Fora de quadra, ele disse ter ficado satisfeito com sua primeira participação no recém-formado Conselho Consultivo da Confederação Brasileira de Tênis (CBT). Os integrantes do órgão atuam de forma voluntária como conselheiros do presidente Rafael Westrupp. Rafael Kuerten, irmão do campeão Guga, e outros dois empresários também fazem parte do Conselho.
Foram a conquista de Wimbledon, claro, e também a nossa participação no Masters 1.000 de Indian Wells. Perdemos na final, mas foi o torneio onde conseguimos equilibrar bem a dupla e jogamos em alto nível pela primeira vez. Foi o momento mais importante para a nossa dupla, foi o ponto de partida dos títulos que vieram depois.
Mudaram algumas coisas fora de quadra, quanto ao reconhecimento dos próprios jogadores e também de pessoas que são de fora do mundo do tênis. Eu me tornei muito mais conhecido.
Sim. Quando eu voltei de Wimbledon, fui aplaudido dentro do avião. Às vezes, eu estou andando na rua e alguém me reconhece. Num posto de gasolina, estes dias um frentista me abordou e disse ‘você é aquele tenista que é o número 1 do mundo, né?’ E acontece fora do Brasil também. Voltando de férias, um funcionário do aeroporto, em Mali, disse o meu nome: “eu te conheço, você joga duplas.” Depois de Wimbledon, isso aumentou muito. Geralmente recebo um retorno positivo, percebo que acabo trazendo alegrias para as pessoas que acompanham minhas partidas, minhas vitórias.
Mantenho a motivação pensando sempre no que ainda preciso evoluir. Mas o principal é o gosto por jogar tênis. Independente do que já conquistei, tenho muito prazer em entrar em quadra, disputar um torneio, jogar uma final. É a minha vida inteira, sempre quis isso, desde criança. Isso acaba culminando em resultados e ranking, que são as consequências de toda essa paixão que tenho pelo tênis.
Um dos meus principais focos nos últimos anos é melhorar o saque e a devolução. Meu saque melhorou muito, especialmente em Wimbledon, quase não tive problemas. Na devolução, acho que posso ajudar muito mais o Lukasz hoje. Se for para escolher um, acho que, se eu conseguir ajudar mais nas devoluções, nosso time vai ficar ainda mais perigoso.
Eu gostaria de ganhar mais um Grand Slam. O principal objetivo é continuar jogando em alto nível. Com isso, vamos conseguir conquistar outros títulos, talvez inéditos, de Masters, quem sabe o ATP Finals, no fim do ano.
Sim. Foi bem legal. Aconteceu em outubro, participei via videoconferência. Acho que a Confederação está sempre buscando fazer alguma coisa para evoluir o tênis brasileiro. A reunião foi legal, coloquei pontos nos quais acho que poderíamos melhorar em todos os aspectos. Foi minha primeira reunião, tem muita coisa ainda para andar. Mas foi uma bela iniciativa da Confederação.
A minha mensagem é que devemos ficar todos unidos – jogadores, ex-atletas, treinadores, promotores dos torneios. Temos de buscar um caminho único, e não cada um buscar o seu próprio caminho. Se a gente tiver união, o tênis vai evoluir mais rápido no Brasil, e vai seguir por um caminho muito melhor. Críticas construtivas são sempre bem-vindas. Só não gosto muito quando criticam demais, sem fatos, só por criticar, independentemente de quem foi como atleta ou de quem está jogando ainda.
Este foi o ano em que fiquei mais longe de casa, com certeza, principalmente por causa dos resultados. Às vezes a gente volta mais cedo para casa porque não vai tão bem num torneio. Mas, como a gente jogou muito bem durante o ano inteiro, não conseguia voltar. Eu devo ter ficado em casa umas dez semanas neste ano, no máximo. Não voltava para casa desde setembro.
Dentro de quadra, quero conquistar mais títulos de Grand Slam e Masters 1.000. E manter o nível que venho mantendo, a gente acaba atingindo recordes, feitos históricos e isso é muito bom para mim, para a minha família também. Fora de quadra, quero constituir uma família, quero ter filhos. Por enquanto, isso ainda é um pouco difícil por eu viajar muito. Estou solteiro agora, mas espero ter uma família e ter umas ‘girafinhas’.
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