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Justiça dos EUA abre brecha para que entidades reivindiquem dinheiro de Marin

Instituições como Fifa e Conmebol podem ser restituídas pelos recursos desviados pelo ex-presidente da CBF

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Por Jamil Chade e Moscou
Atualização:

A Justiça norte-americana abriu uma brecha e deu até o dia 6 de agosto para que a Fifa, Conmebol ou qualquer outra entidade esportiva apresente requerimentos de quanto querem que o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, pague como restituição do dinheiro que desviou do futebol.

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Em tese, a CBF também pode reivindicar dinheiro, uma vez que o cartola foi condenado por atos que realizou enquanto era presidente da entidade. Mas, por enquanto, a entidade nacional não se pronunciou.

José Maria Marin, ex-presidente da CBF Foto: Brendan McDermid|Reuters

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No final de 2017, ele foi condenado por corrupção em Nova York. Mas aguarda numa prisão para saber quantos anos terá de permanecer detido. Sua sentença, segundo a Justiça americana, será anunciada no dia 17 de agosto.

Os advogados da Fifa já acusaram Marco Polo Del Nero, Marin e Ricardo Teixeira de "corrupção" e de terem prejudicado a "reputação" da entidade máxima do futebol. Apenas pelos danos causados pelos dirigentes brasileiros, a Fifa solicitou à Justiça norte-americana que seja reembolsada em US$ 5,3 milhões (cerca de R$ 20,4 milhões) pelos três dirigentes brasileiros.

Del Nero e Teixeira foram membros do Comitê Executivo da Fifa por anos e, segundo a entidade, teriam absorvido US$ 1,67 milhão (R$ 6,45 milhões) e US$ 3,5 milhões (R$ 13,5 milhões) respectivamente dos cofres da Fifa em gastos de viagem, hotéis e salários, sem contar o impacto sobre a reputação. Já Marin consumiu US$ 114 mil (R$ 440 mil).

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Segundo a Fifa, os três cartolas brasileiros ocuparam "posições de confiança na Fifa e em organizações nacionais". "Ao longo dos anos, eles abusaram de suas posições para se enriquecerem, enquanto causavam danos significativos para a Fifa", indicou o documento oficial enviado para a Justiça americana.

"Os danos foram amplas perdas financeiras (incluindo salários e dinheiro desviados ao seus bolso, assim como dano para a reputação, relações comerciais e à propriedade intelectual da Fifa", indicaram os advogados. "Suas ações afetaram profundamente a marca Fifa e sua habilidade de usar os recursos para fortalecer o futebol", indicaram.

"Esse dinheiro não foi desviado apenas da Fifa, mas dos jogadores, técnicos e torcedores pelo mundo. Esse dinheiro era para ter sido usado para construir campos, não mansões e piscinas", atacou a Fifa. "Era para comprar uniformes, não joias e carros e não dar um estilo de vida abusivo aos dirigentes", insistiu.

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Em um recurso apresentado ao Ministério Público dos EUA, a Fifa estima que precisa receber pelo menos US$ 28 milhões (R$ 108 milhões) do dinheiro já coletado pela Justiça americana dos cartolas. Além disso, a Fifa estima que teria direito a US$ 10 milhões (R$ 38 milhões) pelo esquema de compra de votos para as Copas de 1998 e 2010, além de custos de advogados - cerca de US$ 10 milhões por mês.

A Conmebol também quer a restituição de dinheiro, depois de constatar o desvio de mais de US$ 130 milhões (R$ 502 milhões) por parte dos dirigentes ao longo de 20 anos.

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