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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Só o futebol é capaz de produzir gestos marcantes como o 'abraço' da torcida do Liverpool a CR7

Jogador português perdeu o filho recém-nascido e não esteve em campo na partida do Manchester United, derrotado por 4 a 0; mas recebeu o carinho de todos no Anfield

Foto do author Robson Morelli
Atualização:

A homenagem que a torcida do Liverpool fez a Cristiano Ronaldo é uma dessas coisas que somente o futebol é capaz de produzir. Tocou fundo a todos. O atacante português não participou do jogo do seu Manchester United porque está de luto pela morte do filho recém-nascido, conforme ele mesmo anunciou nas redes sociais. Houve muita comoção no mundo esportivo, mas o que fez a torcida do rival da cidade de Liverpool, de forma espontânea, foi algo lindo. Todos os torcedores rivais "abraçaram" Cristiano Ronaldo e se juntaram a ele na dor da perda. Isso não é comum na maioria das partidas de futebol. O time rival no Brasil, por exemplo, é considerado um inimigo. Inimigo de morte. No fim de semana, o futebol brasileiro presenciou brigas de torcedores de Santos e Coritiba, nos arredores da Vila Belmiro. Pancadaria sabe-se lá por quê. O Brasil tem se deparado mais com confusões entre torcidas adversárias do que com gestos de educação e mais humano como esse que o mundo presenciou na partida entre Liverpool e United, com goleada do primeiro por 4 a 0.

Camisa de Cristiano Ronaldo é erguida por torcedor no clássico entre Liverpool e Manchester United Foto: Jon Super/AP

No minuto 7, número usado pelo atacante português na camisa, os torcedores aplaudiram o atleta, ausente, e entoaram a frase "You’ll never walk alone" (Você nunca andará sozinho), canto tradicional do clube da cidade de Liverpool. Antes de a bola rolar, o Liverpool manifestou solidariedade a Cristiano Ronaldo e Georgina Rodríguez, namorada do jogador, através das redes sociais. "Todos nós aqui do Liverpool enviamos nossas mais profundas condolências a você, Georgina e família", publicou. Entre os clubes brasileiros, há alguma solidariedade também. Os presidentes costumam ter o mínimo de educação e bons modos para se sentar à mesa e discutir assuntos comuns ao futebol, mesmo assim com muita rivalidade porque cada um quer tirar mais benefícios do que o outro para sua bandeira. Um exemplo disso foi a recusa do Flamengo de liberar ingressos para torcedores do Palmeiras na partida de quarta-feira, no Maracanã, pelo Brasileirão. A decisão de Rodolfo Landim, presidente rubro-negro, é um ato para jogar para a torcida, motivado por uma picuinha do Palmeiras no passado, que também errou na ocasião.

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Cristiano Ronaldo vive dias difíceis, como ele mesmo contou para seus fãs e seguidores.  "É com a mais profunda tristeza que comunicamos o falecimento do nosso bebé. É a maior dor que quaisquer pais podem sentir. Só o nascimento da nossa bebé nos dá forças para viver este momento com alguma esperança e felicidade. Gostaríamos de agradecer aos médicos e enfermeiros por todo o cuidado e apoio disponibilizados. Estamos devastados e pedimos privacidade neste momento tão difícil. Nosso menino, és o nosso anjo. Vamos amar-te para sempre."

Dias depois, ele não teve forças, claro, para estar em campo defendendo seu United. No fim de semana, havia feito três gols na partida do Campeonato Inglês. Certamente o "abraço" coletivo recebido da torcida rival jamais será esquecido. Na manhã desta quarta, ele ainda não havia se manifestado sobre o carinho recebido no Anfield. Pediu privacidade após a perda do filho, que era gêmeo de uma menina, que passa bem.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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