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Uefa tem medidas contra o racismo mais duras que Conmebol, mas futebol europeu pouco avança

Dentre as ligas nacionais, a inglesa é modelo no combate a atos racistas tanto nos estádios como nas redes sociais

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Foto do author Pedro Ramos
Por Pedro Ramos
Atualização:

A Uefa anunciou duas punições no último ano a casos de racismo registrados em partidas da Liga dos Campeões e Liga Europa. No duelo entre Manchester City e Atlético de Madrid, em jogo disputado na Inglaterra, neste mês, torcedores espanhóis foram filmados fazendo gestos nazistas. O clube de Madrid foi punido pela entidade, que interditou parcialmente o estádio na partida seguinte entre os dois times, em solo espanhol.

Além do caso envolvendo torcedores do Atlético de Madrid, em abril do ano pasasdo, o zagueiro Ondřej Kúdela foi suspenso por dez jogos pela Uefa após ser acusado por Glen Kamara de insultos racistas em uma discussão dentro de campo entre os dois na partida entre Rangers, da Escócia, e Slavia Praga, da Chéquia, pela Liga Europa.

A Premier League, a liga que organiza a primeira divisão do futebol inglês, tem adotado postura firme no combate a atos discriminatórios. Foto: Reuters/Peter Powell

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O artigo 14 do código disciplinar da Uefa prevê a suspensão de pelo menos dez partidas ou um período de tempo especificado, ou qualquer outra sanção apropriada para pessoas que cometam atos de racismo. Nos casos de ofensas racistas proferidas por torcedores, os clubes também podem ser punidos, no mínimo, com fechamento parcial do estádio.

Em caso de reincidência, o jogo seguinte será realizado a portas fechadas e o clube será multado em 50 mil euros. Qualquer infração subsequente é punida com mais de uma partida a portas fechadas, fechamento do estádio, perda do jogo, dedução de pontos e/ou desclassificação da competição.

O texto da Uefa prevê penas mais duras que a Conmebol, que organiza o futebol sul-americano, e apenas estabelece multa mínima de US$ 30 mil aos clubes envolvidos. O artigo 17 do Código Disciplinar da Conmebol também possibilita a suspensão por cinco partidas ou período mínimo de dois meses, em casos de discriminação praticados por jogadores e outros funcionários de clubes.

Futebol italiano vive epidemia de casos de racismo

Nas ligas nacionais, o cenário é pouco animador. As ligas espanhola e portuguesa já presenciaram nos últimos anos casos de racismo. Dentre os principais centros do futebol europeu, o futebol italiano é o que apresenta a situação mais grave. A liga registra historicamente muitos casos de racismo e caminha a passos lentos na busca para uma postura antirracista.

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Os episódios lamentáveis continuam até os dias de hoje e a liga é criticada por virar o rosto para o problema. Em 2019, todos os 20 clubes do Campeonato Italiano assinaram um documento se unindo na luta para combater o racismo no futebol local, mas poucas ações efetivas foram vistas. Nesta temporada, novamente, foram vários os casos de injúria racial. Um deles ocorreu em setembro do ano passado, quando o goleiro francês Mike Maignan, do Milan, ouviu cânticos racistas de torcedores da Juventus no aquecimento antes da partida.

“O que vocês querem que eu diga? Que o racismo é ruim? (…) Não fui o primeiro e não serei o último jogador a ter vivido isso (…) o que fazemos para lutar contra o racismo no futebol? É efetivo?”, disse o goleiro em uma postagem nas suas redes sociais.

Além disso, nomes proeminentes como o zagueiro Leonardo Bonucci e o ex-jogador e agora técnico Gennaro Gattuso deram declarações minimizando atos de racismo nos últimos anos. Campanhas simbólicas, faixas e mensagens vazias nas redes sociais fazem parte das poucas atitudes que a liga italiana tem adotado para tentar coibir atos racistas. 

​Inglaterra é modelo na luta antirracista

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Na Inglaterra, os clubes estão bastante engajados no combate ao racismo nos estádios e fora deles. As punições por atos racistas partem dos próprios clubes, que também encaminham os casos para as autoridades lidarem fora do esporte. A liga é a principal da Europa no combate aos diferentes tipos de preconceito. 

Nos últimos anos, equipes como Chelsea e Tottenham, por exemplo, baniram torcedores que praticaram ações discriminatórias dos seus jogos. O diferencial tem sido nas redes sociais, em que os clubes também estão atentos a postagens discriminatórias e têm punido torcedores, impossibilitando-os de assistir a jogos dos times. No início da temporada, a liga inglesa endureceu mais a punição aos atos racistas nas partidas da liga inglesa e atualizou suas regras de combate à discriminação. 

"Os clubes da Premier League concordaram em aplicar novas punições em toda a Liga, incluindo banimentos, para qualquer indivíduo que tenha se comportado de forma discriminatória ou abusiva em relação a qualquer funcionário do clube, jogador, oficial de partida, comissário de jogo ou torcedor que participe de uma partida da Premier League. Isso abrangerá tanto os casos em jogo como também online. As sanções incluem proibições permanentes de assistir não apenas aos jogos da Liga no estádio do clube que eles torcem, mas a todos os jogos da Premier League. Após quaisquer alegações de comportamento discriminatório, os clubes trabalharão em conjunto com a polícia para identificar os perpetradores", diz a nota.

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