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Conheça o campeonato de automobilismo apenas para as mulheres

Disputada apenas por pilotas, a W Series terá seis provas em circuitos tradicionais e pretende ampliar o espaço na F-1; brasileira faz testes para correr

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O mundo do automobilismo terá maior presença feminina na próxima temporada. Com a chance de contar com uma brasileira no grid, a W Series quer transformar o esporte a motor ao lançar um torneio somente com mulheres na pista. A meta é ambiciosa: colocar uma piloto na F-1 nos próximos anos. Atualmente, só homens correm na categoria. Há mulheres em modalidades mistas, como a Indy

“Acordo no meio da noite com sonhos de ver uma mulher num carro de F-1”, disse ao Estado Catherine Bond Muir, CEO da W Series. É ela que tenta colocar a categoria na pista. O objetivo, contudo, ainda está distante e a própria dirigente prefere manter os pés no chão. “Decidimos, no momento, não estabelecer prazos para isso acontecer, ganhar a Fórmula 1.” 

W Series será uma categoria exclusivamente feminina de automobilismo Foto: Indianapolis Motor Speedway/LLC Photography

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Enfrentando preconceitos e as dificuldades naturais de se lançar uma categoria de automobilismo, Catherine anunciou a criação do torneio em outubro após constatar a rara presença das mulheres nas principais competições da modalidade. “Percebi que precisávamos ter uma categoria só para elas. Para dar chance para as mulheres mostrarem seus talentos.” 

Para tanto, se cercou de notáveis da área, como o ex-piloto da F-1 David Coulthard e Adrian Newey, um dos principais projetistas da categoria, atualmente na Red Bull. “A presença deles no projeto é muito importante para a nossa credibilidade e também pelos conselhos que nos dão. São pessoas com muita experiência na área. Já nos apresentaram a diversos profissionais que trabalham diariamente com automobilismo”, comentou Catherine.

Com ajuda da dupla e da DTM, categoria de carros de turismo da Alemanha, a CEO da W Series criou o campeonato que já tem calendário definido para 2019. Serão seis etapas entre maio e agosto, em circuitos famosos, como Hockenheim, na Alemanha, e Brands Hatch, na Inglaterra. A nova categoria vai acompanhar parte da temporada da DTM, contando com a ajuda de seu suporte técnico.

Para o futuro, Catherine não descarta chegar às Américas. O Brasil é uma possibilidade. “Seria ótimo fazer uma prova aí. O País tem grande história no automobilismo”, disse ao Estado. 

Ainda em busca de patrocinadores, a W Series terá sua primeira temporada bancada por investidores da área financeira de Londres. Catherine aproveitou seus contatos em sua trajetória como advogada da área de esportes e de investimentos para levantar fundos com conhecidos. “Procurei diversos investidores, principalmente de bancos de investimento”, conta. 

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Patrocínios mais sólidos, contudo, não existem. “Estamos conversando com muitas empresas. Mas tudo depende ainda do espaço que vamos obter na mídia e na televisão. Estamos trabalhando duro para tentar vender os direitos de transmissão da competição”, diz.

Mesmo com fundos ainda limitados, a categoria apresenta uma novidade na questão dos recursos. Ao contrário da grande maioria dos torneios pelo mundo, a W Series não vai cobrar pela participação das futuras pilotos. Bancará todos os custos e vai oferecer premiação total de US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 5,8 milhões), sendo US$ 500 mil (R$ 1,9 milhão) para a vencedora. Todas as demais competidoras também vão receber parte do valor estipulado.

As 18 futuras pilotos da nova competição ainda estão sendo escolhidas para guiar os carros modelo Tatuus T-318, que costuma ser usado na Fórmula 3. A brasileira Bruna Tomaselli foi uma das 55 pré-selecionadas na primeira fase do processo. Foram mais de 100 inscrições, de 30 países diferentes, de acordo com Catherine. A piloto catarinense, de 21 anos, foi chamada com base em seu currículo e com a ajuda de Bia Figueiredo – a corredora que já disputou as 500 Milhas de Indianápolis (Indy) era a primeira opção da W Series, mas, por já ter compromissos em categorias para 2019, ela indicou a compatriota. 

Agora, Bruna se prepara para a segunda fase do processo seletivo, que será realizada no fim de janeiro, na Áustria. Serão testes físicos e de simulador para análise da capacidade das pilotas. Coulthard e o também ex-piloto da F-1 Alexander Wurz vão participar das avaliações.

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