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GP de São Paulo de F-1 recupera popularidade e foca em público mais jovem

Aumento do apoio pôde ser constatado nas arquibancadas, que receberam mais de 180 mil pessoas nos três dias do evento

Foto do author Ricardo Magatti
Por e Ricardo Magatti
Atualização:

Cada vez mais alinhado à nova gestão da Fórmula 1, o GP de São Paulo recuperou popularidade um ano após ficar fora do calendário do campeonato por causa da pandemia de covid-19. A edição deste ano contou com recorde histórico de público e maior capacidade para receber os torcedores nas arquibancadas. Os motores deste crescimento foram a demanda reprimida, devido ao cancelamento da etapa de 2020, e a maior atenção dada aos torcedores mais jovens, na avaliação dos organizadores.

"A Fórmula 1 está diferente. Aquilo que a gente só via no futebol ou na NBA agora tem também na F-1", diz ao Estadão o CEO do GP de São Paulo, Alan Adler. O empresário assumiu o comando da etapa nacional no início do ano. E vem colocando sua expertise em marketing esportivo a serviço dos novos rumos do campeonato. "Tive a oportunidade de conhecer melhor o Stefano Domenicali (novo CEO da F-1) e pude ver que nossas visões estão 100% alinhadas. Ele está gostando muito do que está vendo no Brasil."

GP de São Paulo bateu recorde de público após ficar fora do calendário em 2020; foram mais de 180 mil pessoas nos três dias de evento. Foto: CARL DE SOUZA/AFP

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"A Fórmula 1 está cada vez mais jovem. Temos jovens pilotos conectados ao mundo através da rede social e também da mídia tradicional. A conectividade não é apenas a coisa mais importante do mundo atualmente, mas também dá a chance destes pilotos jovens de se conectarem com a nova geração. O GP brasileiro está com público mais jovem. Temos esses números. E isso está acontecendo nas outras etapas também. Isso é um sinal muito encorajador de seremos cada vez mais fortes", comenta Adler, sem revelar o levantamento.

O aumento da popularidade do GP brasileiro pôde ser constatado nas arquibancadas. Mesmo ampliadas, se mostraram cheias ao longo dos três dias do evento. Não à toa registrou nova marca histórica. Ao todo, 181.711 torcedores compareceram ao evento entre sexta-feira e domingo. A marca superou até as projeções mais otimistas da organização, que aumentou a capacidade das arquibancadas em 20% e esperava 170 mil pessoas.

A tendência de crescimento já vinha de 2019. Naquele ano, a etapa brasileira recebeu 158.213 torcedores, maior público desde 2001, temporada em que o autódromo de Interlagos tinha maior capacidade e superou os 174 mil fãs de automobilismo. Havia também pilotos brasileiros no grid.

F-1 no Google Trends

A ausência da prova em 2020 mobilizou a torcida ao longo das últimas semanas. Pesquisa feita pelo Google mostra que o interesse nas buscas pela F-1 bateu recorde neste mês. "É o maior nível de interesse de busca no País pelo torneio desde janeiro de 2004, início da série histórica do Google Trends", informou a empresa.

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A procura por "qual o valor do ingresso da Fórmula 1 no brasil" cresceu 250% nos últimos sete dias no Brasil. Já a busca por "gp brasil 2021 horários" teve alta de 180%. A pesquisa do Google mostrou ainda quais foram as perguntas mais recorrentes desde segunda-feira no país. "O que é pit stop?" foi a primeira, seguida de "Onde os pilotos de F-1 se hospedam no Brasil?", "Como funciona a Fórmula 1?" e "O que é sprint race F-1?".

De acordo com organização do GP, o público deste ano é, em média, cinco anos mais jovem do que o de 2019. Foto: Lars Baron/POOL/AFP

Estas buscas por informações sobre o formato e características do campeonato evidenciam o interesse de iniciantes pelo evento. E confirmam pesquisas da própria F-1 sobre a conquista de novos fãs nos últimos anos, mais jovens, em sua maioria. No Brasil, a tendência é a mesma. De acordo com organização do GP, o público deste ano é, em média, cinco anos mais jovem do que o de 2019.

Os mais novos vêm sendo atraídos pelas corridas virtuais promovidas pela própria F-1, que vem investindo no chamado e-sports, pelo maior investimento da categoria nas redes sociais e também pela série "Drive to Survive" (Dirigir para sobreviver), da Netflix.

Novo modelo de transmissão

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De olho na fidelização deste público, a F-1 foi além no GP brasileiro. Pela primeira vez em sua história, contratou um streamer para narrar os treinos e a corrida numa transmissão online. A honra coube ao brasileiro Gaules, lenda do streaming entre os mais jovens. O narrador tem 3 milhões de seguidores e picos de 343 mil dispositivos simultâneos em seu canal da Twitch, o mais assistido no mundo em outubro. Gaules foi testado, e aprovado, em transmissões de jogos da NBA, a partir de junho.

"A partir do momento que o automobilismo começou a se comunicar de uma forma mais moderna, o pessoal mais novo veio. É o que já acontece com outros esportes. Os que se modernizaram atingem a molecada. A nova geração está chegando e se você se comunica da forma certa esse público vem", explica Gaules ao Estadão. "Acho que a molecada começou a ver no automobilismo uma paixão que está no sangue brasileiro. Às vezes eles não tinham encontrado essa conexão que os mais velhos já tinham, com pilotos, como o (Ayrton) Senna e o Rubinho (Barrichello)."

Para o piloto Pietro Fittipaldi, a aposta em Gaules tem tudo para dar certo. "O pessoal mais jovem gosta deste tipo de transmissão. É diferente, não compete com a transmissão tradicional, pela TV. É um público diferente, de game. Isso é muito bom porque traz pessoas novas para a F-1", opina o neto de Emerson. "Ele está trazendo muita gente de game, que não conhecia a F-1 antes."

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O próprio Pietro e seu irmão Enzo seguem o mesmo caminho. Eles transmitem as próprias corridas na Twitch e no YouTube. "Tem muito mais jovem nos seguindo do que antes. Desde que começamos a produzir conteúdo, isso tem ajudado muito. As corridas virtuais trouxeram um público novo.”

Não por acaso, pesquisa recente feita por encomenda da F-1 mostrou que o segundo piloto preferido do público é o britânico Lando Norris, atrás apenas de Max Verstappen, líder do campeonto. Norris, da McLaren, tem 22 anos e nunca venceu uma corrida. Mas brilha com suas transmissões na internet e tornou-se o piloto com mais seguidores na Twitch. Ele foi recebido por um grupo grande de fãs no Brasil e assistiu a um jogo do Palmeiras no Allianz Parque.

"A Fórmula 1 está cada vez mais jovem. Temos jovens pilotos conectados ao mundo através da rede social e também da mídia tradicional. A conectividade dá a chance destes pilotos jovens se conectarem com a nova geração", afirma Stefano Domenicali, CEO da F-1. "Temos dados que mostram que todas as etapas do campeonato estão atraindo fãs mais jovens. Isso é um sinal muito encorajador de seremos cada vez mais fortes."

Atento a este movimento, o GP de São Paulo apostou em shows, DJs e maior entretenimento neste fim de semana. "Esse público mais jovem está tendo um primeiro contato com a F-1 pessoalmente. Uma coisa é você ser impactado pela Netflix ou pelas redes sociais. Outra coisa é você estar no evento. Isso (o impacto) não tem volta", diz Alan Adler. O rejuvenescimento do público brasileiro pôde ser constatado na recepção aos pilotos no aeroporto e nos hotéis. "A tietagem foi surpreendente. E olha que não estamos falando de um Senna. Não é piloto nacional ou um ídolo", ressalta o CEO do GP brasileiro.