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Após altos e baixos, seleção brasileira terá de mostrar força nas Eliminatórias

Equipe de Tite encerrou sequência de cinco jogos sem ganhar com triunfo sobre a Coreia do Sul

Foto do author Gonçalo Junior
Por Gonçalo Junior
Atualização:

A seleção brasileira começou o ano pressionada para conquistar a Copa América, ergueu a taça, mas não conseguiu tranquilidade que queria. As decepções nos amistosos ao longo do segundo semestre, minimizadas pelos 3 a 0 sobre a Coreia, nesta terça-feira, em Abu Dabi, jogam para o ano que vem o momento de afirmação da equipe. O grante teste virá das Eliminatórias para a Copa a partir do mês de março. A regra vale também para o treinador. Por causa dos altos e baixos ao longo do ano, Tite não conseguiu resgatar a confiança e o prestígio que tinha antes da Copa da Rússia. "Eu tinha a expectativa de resultados melhores", reconheceu Tite. 

Tite encerrou sequência sem vitórias da seleção Foto: Wallace Woon/EFE

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O ano da seleção brasileira teve como grande destaque a conquista da Copa América, encerrando um jejum de 12 anos. Depois do torneio continental, o time somou cinco jogos sem vencer, sequência que só foi interrompida pelos 3 a 0 sobre a fraca Coreia do Sul, nesta terça-feira, em Abu Dabi. No segundo semestre, a seleção sofreu com a falta de criatividade e inspiração em várias partidas. As lesões (novamente) tiraram Neymar dos momentos decisivos.

O início de 2019

Depois da eliminação na Copa do Mundo, quando a equipe caiu nas quartas de final diante da Bélgica, o próprio Tite admitiu o peso de a seleção ter bom desempenho na Copa América, o principal torneio do ano. “Há a necessidade de vencer a Copa América”, comentou. O jejum na Copa América era extenso: o Brasil não vencia o torneio continental há 12 anos e, desde aquela final de 2007, nunca mais conseguiu ir além das quartas.

Brasil não conseguiu converter chances criadas contra aBélgica. Foto: Wilton Junior/Estadão

Primeira convocação

Dois nomes importantes da primeira convocação de Tite acabaram cortados por lesão. O primeiro foi o atacante Vinicius Junior, que vivia grande momento no Real Madrid. Ele teve de rever a escolha depois que o atacante sofreu grave lesão no tornozelo direito. O substituto foi David Neres. O mesmo aconteceu com Daniel Alves, que ficou fora da Copa do Mundo por lesão. Gradativamente, o treinador começou a encher sua lista como novos nomes, como Lucas Paquetá, de 21 anos, assim como o atacante Richarlison e o volante Arthur. 

As lesões (e o carnaval) de Neymar

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A grande ausência da primeira lista de Tite em 2019 foi Neymar. O atacante do PSG sofreu uma lesão no pé direito em janeiro, em partida pela Copa da França. A contusão foi no quinto metatarso, mesmo local da cirurgia à qual ele foi submetido em 2018, às vésperas da Copa do Mundo da Rússia. O jogador adotou um método conservador de recuperação. O atacante causou polêmica ao participar do carnaval brasileiro, mesmo com a recomendação de repouso, nos 12 dias em que esteve no Brasil para tratamento. O comportamento do atacante durante as festividades foi bastante explorado pela imprensa nacional e europeia e rendeu algumas críticas. Ele voltou a treinar no dia 3 de abril, pouco mais de dois meses depois da lesão. 

Irregularidade nos primeiros amistosos

A seleção começou muito mal a temporada. No primeiro amistoso do ano, não conseguiu ir além do empate por 1 a 1 com o Panamá, em amistoso na cidade do Porto, em Portugal. Com seis mudanças, o time enfrentou o único da Europa nesta lista de jogos preparatórios desde o final da Copa do Mundo. No dia 26 de março, em Praga, a equipe ganhou de virada da República Checa por 3 a 1, num jogo em que teve um péssimo primeiro tempo, mas que fez uma boa exibição da etapa final. Em um resumo das duas partidas, a equipe só jogou no segundo tempo do amistoso com os checos.

Convocação para a Copa América

Poucas novidades na lista de Tite. O atacante David Neres, do Ajax, foi confirmado para a competição, assim como o volante Fernandinho, do Manchester City, de volta após ser muito criticado após a derrota para a Bélgica na Copa de 2018, e o lateral-direito Daniel Alves, do PSG. Vinicius Junior, do Real Madrid, e Lucas Moura, do Tottenham, ficaram de fora. Dos 23 jogadores chamados para a disputa do torneio, 14 (60% do total) estiveram sob o comando do técnico Tite na Copa do Mundo do ano passado, na Rússia. Tite adiou a renovação.

Acusação de estupro contra Neymar

A preparação da seleção foi abalada por denúncia grave contra Neymar. A modelo Najila Trindade acusou o atacante de estupro em um hotel em Paris. O atleta negou. A Polícia Civil de Teresópolis chegou a fazer uma diligência na Granja Comary; Neymar foi intimado para depor na Delegacia de Crimes Virtuais, e a CBF decidiu manter o jogador com o grupo. A pressão era grande para que fosse cortado. Depois de meses de investigação, Neymar não foi indiciado por estupro e agressão. 

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Lesão e o corte de Neymar

A vitória tranquila da seleção sobre o Catar, por 2 a 0, em Brasília, foi ofuscada pela contusão de Neymar. O camisa 10 deixou o campo com 20 minutos de partida após levar uma pancada e torcer o tornozelo direito. Na madrugada após o jogo, a CBF confirmou a desconvocação do jogador. Antes de a bola rolar, Neymar avisou que a partida seria uma das mais difíceis da carreira, pois enfrentava a acusação de estupro. O corte encerrou a mais turbulenta passagem do jogador pela seleção. Além da acusação de estupro, Neymar foi criticado por agredir um torcedor em 27 de abril, na sequência da derrota nos pênaltis para o Rennes na decisão da Copa da França. Willian é convocado para o lugar de Neymar.

Goleada sobre Honduras no último amistoso

Faltando uma semana para a estreia na Copa América, a seleção brasileira teve de aprender a se comportar em campo sem a presença de Neymar. O time não teve dificuldades e conquistou a maior goleada na era Tite. Diante de Honduras, rival frágil e que teve um jogador expulso no primeiro tempo, o time marcou forte, jogou coletivamente e mostrou variação de jogadas ofensivas para construir a goleada de 7 a 0 com grande facilidade. Era a hora da Copa América.

Vaias na estreia na Copa América

Sem Neymar, Tite apostou em um novo trio de atacantes: David Neres, Firmino e Richarlison; Phillipe Coutinho se tornou a principal referência. Depois de um primeiro tempo fraco tecnicamente, a seleção se recuperou e venceu a Bolívia por 3 a 0 com facilidade. Coutinho fez o que se esperava dele: foi o líder técnico do time, armou as principais jogadas ofensivas e ainda fez dois gols. O Morumbi não perdoou a atuação irregular e vaiou a seleção.

Empate com a Venezuela e goleada no Peru

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O grupo de Tite deu sorte ao cair na chave com Bolívia, Venezuela e Peru, um grupo teoricamente fácil. Na prática, o time teve muitas dificuldades na segunda partida e não conseguiu superar a retranca venezuela em Salvador. O resultado final foi 0 a 0, com dois gols anulados pelo VAR. A grande atuação da seleção veio na Arena Corinthians. Diante de um Peru que se propôs a atacar, a seleção teve grande atuação individual de Everton e conseguiu um placar dilatado. Pela primeira vez, o time se impôs como anfitrião e teve grande atuação. A vitória de 5 a 0 foi do tamanho do futebol apresentado.

Vingança sobre os paraguaios

Após ser eliminado duas vezes pelo Paraguai nas quartas de final, nas edições de 2011 e 2015 da Copa América, o Brasil conseguiu sua revanche de maneira dramática. Na Arena do Grêmio, a equipe empatou sem gols no tempo normal após sofrer com a retranca adversária e precisou dos pênaltis para ganhar por 4 a 3. O time não jogou bem, sofreu retranca, mas conseguiu avançar. O time chegou à semifinal sem levar gols pela primeira vez na história.

Vitória sobre a Argentina de Messi

No jogo mais aguardado da Copa América, o Brasil superou a Argentina no Mineirão, palco do fatídico 7 a 1 para os alemães na Copa de 2014. A seleção brasileira foi eficiente, contou com a sorte quando precisou, e bateu a equipe de Lionel Messi por 2 a 0 nesta terça-feira para garantir vaga na final da Copa América. Pela segunda vez em menos de três anos os argentinos vieram para Belo Horizonte e vão embora com derrota. O Brasil não foi brilhante. O time de Tite levou duas bolas na trave (uma em cada tempo), deu espaço excessivo para Messi e foi dominado durante boa parte do jogo. No entanto, teve a favor o brilho de jogadas individuais e o equilíbrio defensivo para sacramentar a volta à final da Copa América depois de 12 anos.

Depois de 12 anos, o fim do jejum

Para colocar a mão na taça continental depois de 12 anos a equipe do técnico Tite sofreu contra o Peru para vencer por 3 a 1, no Maracanã. A galeria de jogadores campeões com a seleção brasileira aumentou com a presença de nomes jovens, badalados no futebol europeu, com sucesso nas categorias de base do Brasil, mas com menos de 28 anos. É o caso dos titulares Alisson, Gabriel Jesus, Arthur, Casemiro e Philippe Coutinho. Tite se tornou o primeiro treinador a conquistar todos os títulos possíveis no continente. Daniel Alves se reinventou, jogou até como armador e foi o destaque da Copa América. Recordista, ele somou seu 40º título. O título comprovou menor dependência de Neymar.

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Caras novas após a Copa América

Nos amistosos, a esperada renovação foi tímida. Em setembro, parar enfrentar Colômbia e Peru, ele apostou em caras novas como o zagueiro Samir, o lateral Jorge, os atacantes Bruno Henrique e Vinicius Junior e o goleiro Ivan. Cortado às vésperas da Copa América após sofrer lesão de tornozelo, alvo de acusação de estupro no mesmo período e atualmente em litígio com o seu clube, o Paris Saint-Germain, Neymar voltou a ser convocado para a seleção.

Bruno Henrique é recebido pelo técnico Tite na seleção Foto: Lucas Figueirense/CBF

Volta de Neymar

Tite recebe Neymar na concentração da seleção, nos Estados Unidos. Os dois têm boa relação e o treinador até recebeu críticas por "mimar demais" o jogador em alguns momentos Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Os primeiros amistosos após a conquista da Copa América marcam o início do declínio técnico da seleção em 2019. No retorno à seleção após três meses, Neymar fez um dos gols da seleção no empate diante da Colômbia por 2 a 2, nos Estados Unidos. Neymar não participou da competição por causa da lesão no tornozelo direito sofrida contra o Catar. Desde então, o atacante se recuperou, mas não atuou pelo PSG. Ele queria se transferir para o Barcelona, mas os clubes não chegaram a um acordo.

Neymar estará em campo novamente pela seleção diante do Peru Foto: Rhona Wise/AFP

Fim da invencibilidade

No reencontro após a final da Copa América, o Peru venceu por 1 a 0 nos Estados Unidos. A derrota foi histórica para o Brasil, pois a seleção não era superada pelos peruanos em uma partida desde a Copa América Centenário de 2016, no revés que provocou a eliminação dos brasileiros e a demissão do técnico Dunga, substituído por Tite. Essa foi também a terceira derrota de Tite desde quando ele assumiu a seleção, em junho de 2016. Os dois resultados mostraram como as Eliminatórias Sul-Americanas serão equilibradas. O desempenho da equipe nos dois jogos fez surgir críticas nas redes sociais ao futebol irregular da seleção.

Mais críticas

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Os amistosos de outubro, diante de Nigéria e Senegal, fizeram subir o tom das críticas. Diante de Senegal, a seleção decepcionou e ficou no empate por 1 a 1. O time foi a base da Copa América, com o reforço de Neymar, que pouco fez na partida. Tite reconheceu e disse que a seleção “jogou menos do que poderia”. Contra a Nigéria, a história se repetiu. O time jogou mal, com pouca inspiração, e criou poucas chances de gol. O time completou quatro partidas sem vitória após a Copa América.

Firmino marcou diante de Senegal Foto: Alex Silva/Estadão

Últimos desafios

Os jogos contra Argentina e Coreia do Sul eram a esperança de Tite resgatar o bom futebol e encerrar o jejum de vitórias após a Copa América. A pressão por resultados aumentou depois da derrota para a Argentina por 1 a 0. A equipe não conseguiu se reinventar, como pediu o treinador. Pelo contrário. A equipe voltou a jogar mal. O amistoso marcou o retorno de Messi à Argentina depois de três meses – ele marcou o gol da vitória. Gabriel Jesus desperdiçou um pênalti.

Fim da sequência negativa

A vitória por 3 a 0 sobre a Coreia do Sul, adversário limitado, encerrou o jejum de cinco jogos sem vitória da seleção. Tite confirmou cinco mudanças. Alex Sandro, Thiago Silva, Casemiro, Willian e Roberto Firmino ficaram fora do time titular no último amistoso da temporada. A vitória era tida como fundamental para apagar a má impressão do segundo semestre. A fragilidade do rival, no entanto, coloca em dúvida a evolução da equipe.

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